Uma quadrilha especializada em promoção de entrada ilegal de imigrantes nos Estados Unidos foi desarticulada pela Polícia Federal. Foram cumpridos 54 mandados em 4 estados e nos EUA. Foram 43 mandados de condução coercitiva, 5 de buscas e apreensão e seis prisões preventivas. Três pessoas foram presas em Goiás, duas em Piracanjuba e uma em Goiânia.
A quadrilha era organizada em três células. Uma em Piracanjuba, outra em Governador Valadares (MG) e a última no Rio de Janeiro. As duas primeiras ficavam mais a cargo de captar os interessados em entrar nos Estados Unidos. Já no RJ funcionava um escritório em que documentos irregulares eram despachados.
A Polícia Federal estima que nos últimos 2 anos a quadrilha teria movimentado pelo menos R$ 3 milhões. No período pelo menos 150 brasileiros foram para os EUA de forma ilegal. Destes pelo menos 65 são goianos.
Documentação falsa
De acordo com o delegado Regional Executivo da Polícia Federal e responsável pela Operação Coitote, Umberto Ramos Rodrigues, os integrantes da quadrilha atuavam como intermediadores para aquisições de vistos como turistas para os EUA, utilizando documentos falsos junto às autoridades consulares deste país.
O delegado explicou que as investigações se iniciaram a partir de aumento de pedido de vistos para os EUA por pessoas que apresentavam como funcionários do exército brasileiro. Durante dois anos, aumentou em 50% a procura. O que chamou atenção das autoridades.
O exército informou que a documentação apresentada era falsa, por isso a necessidade de se iniciar as apurações.
Dentre os documentos falsificados, também constavam extratos bancários, contracheque falsos ou adulterados com valor superior ao efetivamente recebido pelo requerente, vínculos empregatícios inexistentes, declarações falsas de imposto de renda e declaração de bens, falsos vínculos com universidades.
Foi destacado que as informações ajudavam a convencer as autoridades que os requerentes tinham condições financeiras para ingressar nos EUA como turista.
Alguns membros da quadrilha moram nos Estados Unidos. A Interpol investiga. Estariam vivendo em regiões da Flórida, Ney Jersey e Nova York.
Alternativa na clandestinidade
Caso não desse certo a entrada nos EUA utilizando um visto de turista, a outra saída era a tentativa de ingresso pela fronteira do México.
Os chamados “coyotes” conduziam os imigrantes ilegais pela fronteira mexicana mediante pagamento com duas opções de ingresso: na versão mais cara, o imigrante viajava todo trajeto em veículos, ônibus e aviões até ingressar em território americano ao custo entre R$ 27 mil e R$ 30 mil.
Já na mais barata, porém mais difícil, o imigrante passava até quatro noites caminhando até ingressar nos Estados Unidos, e teria um custo aproximado de R$15 mil por pessoa.
A Polícia apura se realmente em alguns casos ocorreu cárcere privado, durante a tentativa de ingresso nos EUA.
Um casal de goianos que mora em Piracanjuba, mas tinha uma agência de viagem em Governador Valadares, utilizava o estabelecimento para tentar dar legalidade no negócio.
Segunda fase
Umberto Ramos Rodrigues explicou que a partir de agora serão levantadas informações para tentar identificar o patrimônio dos envolvidos na quadrilha. Todos os que foram presos serão indiciados por falsidade ideológica, uso de documento falso, falsificação de documento público e formação de quadrilha. As penas podem chegar até 24 anos.
Foi informado também que aqueles que contrataram os serviços do grupo criminoso serão investigados.
Em breve mais informações
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