18 de dezembro de 2024
Brasil

Polícia do RN entra em presídio de Alcaçuz em busca de armas e celulares

Desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira (24) equipes com agentes penitenciários e policiais militares estão em Alcaçuz, penitenciária do Rio Grande do Norte que enfrenta uma rebelião presos há 11 dias.

Homens do Bope, Tropa de Choque e Grupo de Operações Especiais da Secretaria de Justiça e Cidadania prometem uma revista minuciosa nos pavilhões.Desde o início da rebelião, facas e celulares são vistas com os detentos.

Os policiais ainda serão importantes para garantir segurança na conclusão de um muro de contêineres que separa os pavilhões das facções PCC e Sindicato do RN.Apesar de permanecerem dentro do presídio desde o início da manhã, até às 10h desta terça (24) a intervenção ainda não havia sido iniciada.

A separação das facções rivais dentro de Alcaçuz é apenas uma das dificuldades enfrentadas pela polícia no presídio. Vencida essa etapa, contabilizar os mortes e encontrar todos os corpos também será um problema.

É provável que partes de alguns corpos de presos mortos na rebelião que se iniciou no sábado (14) jamais sejam encontrados. Isso porque muitos foram jogados pelos demais detentos nas 40 fossas da unidade, o que tem atrapalhado o trabalho do Itep (Instituto Técnico e Científico de Perícia).

Desde a semana passada se tenta esgotar as fossas de Alcaçuz, mas até agora foi pequeno o avanço. Além da dificuldade causada pelo tamanho da área a ser trabalhada – a primeira fossa tinha 18 m³, por exemplo, – as ações só podem ocorrer onde a Polícia Militar consegue garantir segurança para os servidores da instituição.

O próprio diretor do Itep, Marcos Brandão, admite que pedaços de alguns corpos podem ficar para sempre no subsolo de Alcaçuz.

“São muitas fossas e de tamanhos muito grandes. Passamos um dia inteiro para esgotar somente uma delas, ainda restam 39. Então, vamos continuar o trabalho, mas sabendo que com o tempo passando fica cada vez mais difícil recuperar essas partes dos corpos”, disse.

Ainda de acordo com Brandão, a expectativa é que não tenham mais corpos nas fossas, mas sim cabeças dos presos mortos degolados. O Itep liberou 11 corpos sem os crânios para as famílias que aceitaram enterrar seus parentes dessa forma.

Segundo o Itep, as buscas também serão feitas em fogueiras que foram feitas na penitenciária durante a rebelião. A suspeita é que pedaços de corpos humanos possam ter sido queimados pelos presos.

CONTROLE DOS PRESOS

A penitenciária de Alcaçuz, a maior do Rio Grande do Norte, chega nesta terça-feira (24) ao 11º dia sob domínio dos detentos. Esta é a maior rebelião da história do sistema prisional potiguar. Até agora, 26 mortos já foram confirmados pelo Estado.Nesta segunda-feira (23), o governo potiguar anunciou medidas imediatas para tentar retomar o controle da unidade prisional.

Entre as ações estão reparos nos pavilhões 2 e 3, instalação de uma cerca externa com sistema de alarme, reparo de três guaritas, implantação de um sistema de videomonitoramento e a limpeza da vegetação do entorno. Já foi iniciada a construção de uma barreira física separando as facções rivais dentro do presídio.

Nesta terça-feira (24), os contêineres terminarão de ser colocados, concluindo assim a barreira física temporária, até que muro de concreto seja erguido, o que deve acontecer dentro de 20 dias.

O governo confirmou ainda a chegada da Força de Intervenção Penitenciária, com 71 agentes com expertise em crise, que somarão reforços aos agentes da segurança pública estaduais e federais nas ações dentro do presídio.

Segundo o secretário estadual de segurança, Caio Bezerra, as primeiras intervenções já serão feitas a partir desta terça e prosseguirão diariamente, até que a unidade volte ao controle do Estado, o que ainda não tem prazo para ocorrer.Após quatro dias sem ônibus, Natal voltou a ter transporte público na segunda-feira (23), embora ainda não em sua totalidade.

Segundo o Seturn (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Natal), apenas 80% da frota foi colocada na rua. A alegação é que ainda falta segurança para o trabalho. Caso não voltem a ocorrer ataques, o serviço será normalizado no decorrer dos dias.

Durante a rebelião em Alcaçuz, ônibus foram incendiados em Natal em represália a transferência de presos da penitenciária. Assim, os coletivos suspenderam o serviço durante quatro dias consecutivos, só retornando em parte, nesta segunda-feira.


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