18 de novembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:48

Polícia Civil do Espírito Santo dá prazo ao governo antes de entrar em greve

Em assembleia realizada na tarde desta quinta-feira (9), o Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo decidiu dar um prazo de 14 dias para que o governo atenda as reivindicações antes de deflagrar uma greve, assim como fizeram os agentes da Polícia Militar no Estado.

A PM capixaba paralisou as atividades na última sexta-feira (3), pedindo melhores condições de serviço, como adicional de periculosidade e por trabalho noturno. A greve dos policiais militares provocou uma onda de violência no Espírito Santo, com roubos, saques e mortes -já são mais de 100 assassinatos, segundo estimativas não oficiais.

Como solidariedade aos militares e alegando problemas semelhantes, os policiais civis do Estado também sinalizam parar as atividades, caso não haja diálogo com o governo dentro de duas semanas. “Em respeito à sociedade capixaba que está amargando essa situação de violência, vamos dar esse prazo”, disse Jorge Emílio, presidente do Sindicato, à reportagem.

As principais reivindicações são reposição do salário, que, segundo Emílio, não é ajustado pela inflação há três anos e exigência de nível superior nos concursos para agente da Polícia Civil. Outro pedido é pagamento pela escala especial da polícia, que foi instituída para suprir a falta de policiais.

Mais de cem mortos

Mesmo com reforço de militares das Forças Armadas e da Força Nacional no Estado, o número de mortos desde o início da greve dos PMs passou de cem nesta quinta (9). O número de homicídios tem sido informado pelo Sindicato dos Policiais Civis e pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), mas de maneira informal. Como o governo do Estado se nega a divulgar um balanço, não se sabe o número exato de mortes.

O motim dos PMs resultou no envio de 1.200 homens do Exército e da Força Nacional ao Estado desde segunda (6). O governo Michel Temer disse que haverá reforço de mais de 550 das Forças Armadas e de 100 da Força Nacional. Nesta quita (9), o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu o uso dos agentes federais nos protestos pelo Brasil.

Na noite desta quarta (8), três policiais foram baleados no Estado. Segundo Renato Martins, presidente da Associação de Cabos e Soldados, o sargento Marcos Antônio Garcia foi baleado em Santa Maria de Jetibá, no interior.

Martins não tem detalhes sobre o episódio, mas informou que Garcia foi atingido no rosto e está em condição estável, segundo a mulher dele. Em Cariacica, na Grande Vitória, dois policiais foram atingidos -uma no braço e outro na perna- e não correm risco de morte.

Movimento chantagista

Chamada de chantagista pelo governador licenciado do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), a greve que tirou policiais das ruas no Estado causa problemas para os moradores comprarem alimentos, abastecerem veículos e usarem serviços bancários.

Hartung, que passou por um procedimento endoscópico para a retirada de um tumor na bexiga na sexta (3), em São Paulo, fez nesta quarta (8) seu primeiro pronunciamento público sobre a onda de violência no Estado.

“É um caminho errado que rasga a Constituição, é uma chantagem”, disse o governador, que recebeu recomendação dos médicos para reassumir só na semana que vem o comando do Estado -a cargo do vice, Cesar Colnago, até lá.

Hartung classificou a ação dos policiais como “grotesca” e afirmou que o direito do povo foi sequestrado. “Estão cobrando resgate, mas não se paga resgate por aspecto ético nem pelo descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou, em referência ao pedido de reajuste salarial de 65% até 2020.

Folhapress

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