05 de dezembro de 2025
Investigação

Polícia aponta que casal da área da saúde conhecia riscos em aborto clandestino feito em Ceres

A vítima, segundo as investigações, consentiu com o procedimento, conforme apresentado na coletiva de imprensa realizada na manhã da segunda-feira (11)
Suspeito registrou momento em que a técnica de enfermagem administrou a substância via intravenosa dentro de um quarto de motel na cidade. Foto: Divulgação/PCGO.
Suspeito registrou momento em que a técnica de enfermagem administrou a substância via intravenosa dentro de um quarto de motel na cidade. Foto: Divulgação/PCGO.

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) concluiu o inquérito sobre a morte de uma jovem de 20 anos após um aborto clandestino ocorrido em Ceres, no dia 1º de agosto. O caso ganhou repercussão nacional pela gravidade e pelas circunstâncias que envolvem a atuação de um casal da área da saúde, que teria pleno conhecimento dos riscos associados à via de administração do medicamento abortivo. A vítima, segundo as investigações, consentiu com o procedimento, conforme apresentado na coletiva de imprensa realizada na manhã da segunda-feira (11).

O delegado responsável pelo caso, Matheus Costa Melo, informou que foram indiciados o cirurgião-dentista, ex-companheiro da vítima, e a atual namorada dele, técnica em enfermagem. Ambos permanecerão presos após audiência de custódia e responderão pelos crimes de aborto consentido e homicídio qualificado por dolo eventual, uma vez que, segundo a PCGO, assumiram o risco de provocar a morte da jovem.

Fatos apurados pela investigação

As investigações revelaram que o casal agiu com consciência plena dos riscos. Inicialmente, o dentista relatou ter sido procurado pela jovem para informar a gravidez, estimada em dois meses, e pedir ajuda. Ele afirmou ter aceitado qualquer decisão tomada por ela e passou a pesquisar métodos para interromper a gestação. Após uma tentativa frustrada de adquirir a medicação abortiva pela internet, o dentista comprou o medicamento em uma farmácia de manipulação, solicitando 30 comprimidos destinados ao uso oral.

No entanto, a técnica de enfermagem, utilizando seus conhecimentos profissionais, optou por administrar a substância via intravenosa dentro de um quarto de motel na cidade. Segundo o inquérito, a aplicação começou em um braço, mas, após entupimento da veia, foi concluída no outro. Poucos minutos depois, a vítima sofreu convulsões, parada respiratória e foi levada inconsciente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde foi confirmado o óbito.

Imagens de câmeras de segurança detalharam os momentos que antecederam o ocorrido, mostrando a vítima entrando no carro do casal, a chegada ao motel e, posteriormente, o deslocamento até a UPA. A perícia técnica, documentos médicos e a análise dos dados dos celulares dos envolvidos corroboraram a versão de que a morte foi consequência direta da conduta dos indiciados.

Em nota, o motel onde o procedimento aconteceu lamentou o falecimento da vítima e repudiou veementemente qualquer prática ilegal ou que possa colocar vidas em risco.


Leia mais sobre: / / / / Cidades / Notícias do Estado