Petistas e representantes de movimentos de esquerda elegeram a ministra Cármen Lúcia como alvo na tentativa de obter uma vitória para o ex-presidente Lula (PT) no STF (Supremo Tribunal Federal).
A estratégia, definida por lideranças reunidas no Instituto Lula ao longo desta quinta-feira (5), é pressionar a magistrada para que a corte discuta a legalidade das prisões após segunda instância.
Aliados do petista querem que Cármen inclua na pauta do tribunal as ADCs (ações declaratórias de constitucionalidade) que questionam se um réu pode ir para a prisão antes de esgotados todos os recursos legais disponíveis.
A intenção, antes de o juiz Sergio Moro decretar a prisão -o que ocorreu no fim da tarde desta quinta-, era usar uma eventual decisão favorável para impedir que Lula começasse a cumprir sua pena.
Com a ordem do magistrado de Curitiba, a situação ganhou novos contornos, mas a rediscussão da legalidade de prisões na segunda instância ainda poderá ser interessante para a defesa do petista.
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), foi porta-voz dessa estratégia. Ele disse que a ministra do STF promoveu, por opção pessoal, uma instabilidade institucional.
“Consideramos isso uma perseguição política. O uso de um cargo para obter um objetivo que não é republicano”, afirmou Pimenta.
As conversas no instituto reuniram petistas como a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-prefeito Fernando Haddad, o senador Lindbergh Farias e o pré-candidato da sigla ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, além dos sindicalistas Vagner Freitas, Rafael Marques e Roberto Ferreira.
‘HOMEM INOCENTE’
A presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, também passou o dia no local. Na saída, a senadora falou que uma parcela dos ministros do Supremo havia pedido, na sessão de quarta (4), que o Supremo cumprisse o papel de guardião da Constituição.
“Consideramos uma injustiça muito grande [com Lula], até porque logo esse princípio da presunção da inocência vai ser restabelecido, mas ontem [quarta] foi retirado de um homem inocente. Nós lamentamos muito isso”, disse Gleisi.
Além de mirar o Supremo, os integrantes do PT fixaram como tática a reafirmação da candidatura de Lula. Essa era a decisão expressa antes da ordem de prisão, que poderá ser revista com a ida do ex-presidente para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Em nota oficial divulgada após a decisão do STF, o PT tinha afirmado que “o povo brasileiro tem o direito de votar em Lula, o candidato da esperança” e que o partido “defenderá esta candidatura nas ruas e em todas as instâncias, até as últimas consequências”.
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