22 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:28

Planalto vê instabilidade pós-TSE e mira emprego para superar crise

Prevendo a manutenção do ambiente de instabilidade, apesar da vitória no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente Michel Temer determinou a seus ministros que acelerem a implantação de medidas de estímulo ao emprego para tentar recuperar popularidade e respaldo político para superar a crise aberta pela delação da JBS.

Para o Palácio do Planalto, Temer superou um obstáculo com a absolvição da chapa eleitoral de 2014, mas a sucessão de acusações feitas contra o presidente pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e por delatores deve estender por meses o ambiente de insegurança em que mergulhou seu governo.

Temer e seus ministros preparam medidas de estímulo a setores específicos da economia, com o objetivo de tentar frear a alta do desemprego, incentivar a abertura de vagas e a recuperação da renda média do brasileiro.

Segundo auxiliares do presidente, esses fatores são âncoras do baixíssimo índice de popularidade de Temer, que dificilmente será revertido apenas com a superação política do escândalo da JBS.

A cúpula do governo deu uma orientação expressa ao BNDES para a adoção de políticas de crédito para alavancar pequenas e médias empresas. Encomendou também ao Ministério do Planejamento medidas de estímulo aos setores de habitação e serviços, por exemplo, que são potenciais geradores de emprego.

O governo acredita que a recuperação dos índices de emprego e do ambiente econômico de maneira geral seriam a principal saída para a crise política no médio prazo, uma vez que reduziriam a insatisfação popular e, consequentemente, a indisposição de partidos aliados em relação a sua impopular gestão.

Primeira etapa

O resultado do TSE é considerado apenas o primeiro de três passos da tentativa de restabelecer a força política de Temer, segundo seus auxiliares e líderes no Congresso.

Eles ainda consideram imprescindível derrubar no plenário da Câmara, com um placar robusto, a provável denúncia que a PGR deve apresentar contra Temer e aprovar -ao menos em primeiro turno- a reforma da Previdência. Com isso, “não se fala mais em crise”, nas palavras de um ministro.

Ainda céticos com os desdobramentos da crise, a equipe de Temer reconhece que a vitória no TSE não dará força imediata ao governo, mas supera um “fator de desconfiança” que afastava o mercado e agentes políticos -em especial o PSDB.

Os articuladores do Planalto vão explorar esse resultado na corte eleitoral para tentar reaglutinar a coalizão governista, com o argumento de que o TSE decidiu manter Temer no poder e que não há alternativa óbvia ao presidente, uma vez que não há um nome de consenso para substituí-lo.

Temer fez durante toda a semana uma contraofensiva à ameaça do PSDB de abandonar o governo. Sua equipe acredita que conseguiu segurar o partido, por ora, mas entende que pode perder o apoio da sigla -e, em consequência, as condições de governar- caso o ambiente político se deteriore.

Instabilidade permanente

Parte dos auxiliares do presidente não acredita sequer em uma recuperação permanente da estabilidade do governo Temer, apesar de crer que ele tem força para concluir seu mandato.

Não há dúvidas no Palácio do Planalto de que surgirão novos fatos que impliquem Temer em suspeitas de corrupção apontadas por Joesley Batista, da JBS, e que a instabilidade do país será permanente, sendo superada “só em 2019”, segundo um dos líderes da base aliada.

Por isso, o governo evita traçar estratégias de longo prazo. As palavras de articuladores políticos de primeiro escalão dão conta de que Temer deverá “administrar” ou “tocar a vida” dia a dia, a depender dos desdobramentos da crise. (Folhapress)

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