Os números do PIB (Produto Interno Bruto) de 2016, que confirmaram a pior recessão da história recente do Brasil, reforçam a percepção de que os próximos cortes da taxa básica de juros (Selic) serão de 1 ponto percentual, na avaliação de analistas.
Segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a expectativa de redução maior da Selic vem desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, quando a Selic foi reduzida em 0,75 ponto percentual, para 12,25% ao ano. No comunicado divulgado logo após o encontro, o BC citou a possibilidade de um corte de um ponto percentual nas próximas reuniões
Essa projeção foi ampliada com a divulgação da ata da reunião, na última quinta-feira (2). Conforme o documento, os membros do Comitê citaram a “preferência por manter maior grau de liberdade quanto às decisões futuras, a serem tomadas em função da evolução do cenário básico do Copom”.
“Agora, com o PIB evidenciando a dificuldade de recuperação da economia, o Copom vai ter que reduzir os juros mais rapidamente. Não é que dá para fazer isso, e que é preciso fazer”, diz Gonçalves.
O economista que prevê crescimento zero do PIB em 2017, e acredita em corte de 1 ponto da Selic nos dois próximos encontros do Copom.
Conforme divulgou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB recuou 3,6% no acumulado de 2016, em linha com as expectativas de analistas consultados pela Bloomberg.
No quarto trimestre, ante o trimestre anterior, a economia encolheu 0,9%. Os analistas esperavam que essa queda fosse menor, de 0,5%. Na comparação com o quarto trimestre de 2015, houve recuo de 2,5%, sendo que as projeções do mercado eram de 2,4%.
“Acreditamos que estes números, um pouco mais fracos do que o esperado, podem manter as apostas em torno de cortes maiores de Selic à frente. Ou seja: de que no Copom de abril (dias 11 e 12), a Selic possa cair 1 p.p., e não 0,75”, escreve a equipe de análise da Guide Investimentos.
Um dos motivos para que o Copom acelere a queda dos juros, destaca a Guide, é que o consumo das famílias segue bem fraco. “E deve demorar a se recuperar, por conta da deterioração do mercado de trabalho, da contração do crédito e da baixa propensão a consumir”.
Para os analistas, os investimentos podem ter alguma reação, impulsionados por ações do governo, como o pacote de concessões.
Reformas
O BC, no entanto, condiciona as reduções mais acentuadas dos juros à aprovação das reformas e ao andamento do ajuste fiscal.
“A divulgação de um PIB fraco em 2016 já está na conta; o que importa agora é aprovar as reformas para que 2017 seja o ponto de reversão e que a economia volte a crescer, principalmente no segundo semestre”, diz Pedro Galdi, analista da Upside Investor, em relatório.
O mercado de juros futuros negociados na BM&FBovespa já precifica o corte de 1 ponto percentual da Selic na próxima reunião do Copom, em abril.
Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.
Nesta terça-feira (7), porém, os contratos de juros futuros subiram, em um movimento de correção frente às recentes quedas. (Folhapress)
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