23 de dezembro de 2024
Economia • atualizado em 13/02/2020 às 09:32

PIB Agropecuário terá crescimento de 10,9% este ano, prevê Ipea

Resultados no campo ajudam a homem a voltar para o campo (Foto: Ilustração)
Resultados no campo ajudam a homem a voltar para o campo (Foto: Ilustração)

O PIB (Produto Interno Bruto) Agropecuário deverá ter um crescimento de 10,9% em 2017, de acordo com previsão do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O número faz parte da seção de Economia Agrícola, da Carta de

Conjuntura nº 36, lançada nesta terça-feira (22). A seção traz dados e análises de diversos segmentos da economia agrícola. As informações são da Agência Brasil.

Segundo o estudo, embora apresente uma participação relativamente modesta no PIB do país, que foi de 4,7% em 2016, o setor agropecuário se caracteriza por um alto nível de encadeamento com outros setores produtivos.

O Indicador Ipea de PIB Agropecuário apontou uma alta de 13,5% acumulada no ano até o mês de junho, com destaque para a lavoura, que cresceu 19,2% no período, enquanto a pecuária apresentou queda de 0,8%. Apesar desse elevado crescimento no ano, o indicador mostrou uma variação negativa de 2,9% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior. Mesmo assim, a expectativa para o ano é de crescimento.

“O setor agrícola tem muitas peculiaridades. Enquanto a economia está numa direção, o setor está indo para uma direção diferente. Então, a análise do setor agrícola tem que ser diferente. Não é a mesma coisa que analisar a indústria e serviços. O que se produziu no setor, vai vender, ou no Brasil, ou exterior. Então mesmo que a demanda esteja aqui deprimida, [o produtor] consegue vender para o exterior”, analisou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Jr., um dos editores da seção.

EMPREGOS

Em tendência contrária à do PIB, o total de pessoas ocupadas no agronegócio caiu 3,9% entre o primeiro trimestre de 2017 e o mesmo trimestre do ano passado -passando de cerca de 18,7 milhões para 18,05 milhões de pessoas.

Dentro do agronegócio, a maior redução no total de ocupados se deu no segmento primário, com cerca de 700 mil ocupações a menos, uma queda de 7,6% no primeiro trimestre de 2017.

Segundo o estudo, a geração de postos de trabalho difere da lógica da geração de valor na agricultura nacional. Por exemplo, culturas representando 70% do valor bruto da produção agrícola empregaram apenas 32% do pessoal ocupado nessas atividades em 2016. A soja, com 34% do valor bruto da produção agrícola, empregou apenas 4,7%. “Desse modo, diante da diversidade socioeconômica e tecnológica na agropecuária nacional, não se espera uma associação importante entre as oscilações do PIB e do pessoal ocupado no setor”, diz o texto.

De modo geral, há indicativos de que, provavelmente, a redução do pessoal ocupado se deu principalmente entre trabalhadores vinculados a atividades de menor importância econômica, localizados majoritariamente no Nordeste. A queda do emprego se deu principalmente entre os produtores rurais mais pobres e aqueles com menor grau de instrução.

Apesar da redução no número de pessoas ocupadas, na comparação entre os primeiros trimestres de 2016 e de 2017, verificou-se, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) contínua trimestral, ganho real nos rendimentos médios: de 3,5% para os empregados, chegando a R$ 1.664; de 5,4% para os empregadores, chegando a R$ 5.260; e, de 2,9% para os trabalhadores atuando por conta própria, chegando a R$ 1.192.

EXPECTATIVAS

A produção de grãos deverá passar de 232 milhões de toneladas, em 2016/2017, para 288,2 milhões de toneladas em 2026/2027. Isso indica um acréscimo de 56 milhões de toneladas à produção atual do Brasil, o que representa uma taxa de crescimento de 24,2%. Já a produção de carnes bovina, suína e aves entre 2016/2017 e 2026/2027 deverá aumentar em 7,5 milhões de toneladas, o que representa um acréscimo de 28% em relação à produção de carnes de 2016/2017.

As estimativas realizadas para os próximos dez anos são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 74 milhões de hectares em 2016/2017 para 84 milhões em 2026/2027, ou seja, um acréscimo de 10 milhões de hectares. Essa expansão está concentrada em soja, mais 9,3 milhões de hectares; cana-de-açúcar, mais 1,9 milhão; e milho, 1,3 milhão de hectares.

Segundo o Ipea, os produtos mais dinâmicos do agronegócio brasileiro deverão ser algodão em pluma, milho, carne suína, carne de frango e soja grão. Entre as frutas, os destaques são a manga, a uva e o melão. O mercado interno e a demanda internacional serão os principais fatores de crescimento para a maior parte desses produtos, pois indicam também o maior potencial de crescimento da produção nos próximos dez anos.

“O Brasil é um país que tem um potencial extraordinário. Toda informação, quando bem levantada, copilada e transmitida, é sempre muito benéfica, seja positiva ou negativa. Nesses números agora temos só coisas boas. O setor está sendo locomotiva da economia em todos os aspectos, geração de empregos, balança comercial, na própria indústria”, diz o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e ex-ministro da pasta, Nery Geller.

A seção de Economia Agrícola é feita pelo Ipea em parceria com a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento (SPA/Mapa) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

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