22 de dezembro de 2024
Brasil

PF quer que Aécio explique elo com Cabral

PF quer saber relação entre ex-governadores de MG e RJ (Foto: Omar Freira/imprensa MG)
PF quer saber relação entre ex-governadores de MG e RJ (Foto: Omar Freira/imprensa MG)

A Polícia Federal quer que o senador Aécio Neves (MG) explique que tipo de relação mantém com integrantes de escritório investigado na Lava Jato por integrar o esquema do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).

Na casa do tucano, a PF apreendeu em maio, durante a operação Patmos, documento sobre a compra e venda de um imóvel pelo advogado José Antônio Velasco Fichtner, irmão do ex-secretário da Casa Civil do Rio Régis Fichtner, preso no mês passado, suspeito de receber propinas para Cabral. Os dois são sócios no escritório Andrade & Fichtner.

Os policiais encontraram na residência do congressista, em Brasília, uma procuração dada por José Antônio a uma de suas colegas na banca para adquirir, em 2010, um apartamento em Florianópolis (SC) e fazer pagamentos aos então proprietários, dois espanhóis, no exterior. O senador e o advogado são amigos.

Conforme certidão obtida pela reportagem, o imóvel foi transferido quatro anos depois por José Antônio para a mãe do senador, Inês Maria, ao custo de R$ 500 mil.

No laudo sobre a apreensão, a PF diz que “chama atenção e desperta a suspeita de eventual ilícito” o fato de a procuração para o negócio de 2010 ter sido encontrada na casa do senador. Por isso, sustenta ser “oportuno” questioná-lo sobre o documento.

O apartamento, com 117 metros quadrados, fica na Lagoa da Conceição, região nobre da capital catarinense. Consultado pela reportagem, o advogado do senador, Alberto Toron, disse que o bem comprado por Inês Maria é usado por familiares.

A reportagem apurou com a PF que as investigações sobre a relação de Aécio com integrantes do escritório estão em fase inicial. O senador ainda não depôs a respeito.

Conforme o MPF (Ministério Público Federal), a banca, alvo de buscas em 22 de novembro, recebeu “vultosas quantias” de empresas que foram beneficiadas por atos da Casa Civil na gestão de Régis Fichtner.

Logo após deixar o cargo, em 2014, Fichtner atuou no escritório e recebeu R$ 16 milhões em lucros.

O ex-secretário foi solto no início deste mês. Seu irmão e sócio, José Antônio, é amigo de Aécio há décadas. O senador foi padrinho de casamento do empresário Georges Sadala, preso na mesma ocasião que Régis Fichtner e que é considerado outro elo do tucano com Cabral.

Aécio e o ex-governador fluminense são amigos desde os anos de 1980, quando Cabral passou a fazer parte da juventude peemedebista, então liderada pelo neto de Tancredo Neves.

Naquela época, Cabral se casou com uma prima do senador, Susana Neves, da qual se divorciaria mais tarde.

OUTRO LADO

O advogado de Aécio Neves, Alberto Toron, afirmou que o senador não mantém relação com Régis Fichtner, “a quem conhece pelos cargos públicos que ocupou”. “Em relação ao senhor José Antônio Fichtner, antigo proprietário do apartamento, trata-se de um reconhecido advogado no Rio, com quem a família do senador mantém relações sociais”.

O criminalista disse que nenhum dos documentos apreendidos apontam “cometimento de qualquer irregularidade por parte do senador”. Ele afirma que os papéis sobre a negociação imobiliária foram encontrados em apartamento no Rio que “pertence há mais de 50 anos à mãe do senador” e é usado por Aécio quando está no Rio.

Conforme a PF, a procuração que despertou suspeitas estava na casa do senador em Brasília.

“A referida procuração não tem relação direta com a compra do imóvel pela senhora Inês Maria, mas estava juntada à documentação apresentada pelo senhor [José Antônio] Fichtner, quando das negociações de compra, e refere-se a tratativas anteriores feitas por ele quando adquiriu o apartamento de um casal de estrangeiros”, afirmou Toron.

Segundo o advogado, a compra foi declarada e os impostos, recolhidos.

O escritório Andrade & Fichtner disse que José Antonio adquiriu o imóvel em questão por R$ 410 mil, em 2010, e que o vendeu em 2014 a Inês Maria por R$ 500 mil.

(FOLHA PRESS)


Leia mais sobre: Brasil