21 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:56

PF prende ex-subsecretário de Cabral e diretor da RioTrilhos

Foto: Kevin David
Foto: Kevin David

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal do Rio prendeu, na manhã desta terça (14), um ex-subsecretário de Sérgio Cabral e o diretor da estatal RioTrilhos em mais um desdobramento da operação Lava Jato no Rio.

Nesta etapa, a operação apura desvios na construção da linha 4 do metrô do Rio, que é o trecho que liga a zona sul à Barra da Tijuca.

Os dois mandados de prisão foram expedidos para Heitor Lopes de Sousa Junior, diretor da Rio Trilhos, empresa estatal ligada à secretaria estadual de Transportes, e para Luiz Carlos Velloso, subsecretário de transportes na gestão de Sérgio Cabral, atualmente subsecretário de Turismo do Estado.

A PF confirmou que os dois mandados foram cumpridos.

Segundo as investigações, iniciadas há quatro meses, os presos participavam de esquema que cobrava propina às empreiteiras interessadas em assumir as obras e prestar serviços na construção da Linha 4.

“A propina era paga, principalmente, de forma dissimulada a partir de aditivos que aumentavam os valores devidos, bem como alteravam o escopo técnico das obras”, afirma a PF, em nota.

Segundo o acordo de leniência de executivos da Carioca Engenharia, o esquema de corrupção era semelhante ao existente na Secretaria Estadual de Obras, com a cobrança de propina das empreiteiras envolvidas em contratos.

Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que concentra as decisões ligadas a Lava Jato no Estado.

O grupo que supostamente cobrava propina nas obras do metrô teria agido durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral, preso no final do ano passado no escopo da Operação Calicute, primeiro desdobramento da Lava Jato no Estado. Em janeiro deste ano, a Operação Eficiência decretou a prisão preventiva do empresário Eike Batista.

Segundo o Ministério Público Federal, ainda não foram oferecidas denúncias contra Heitor Lopes Júnior e Luis Carlos Velloso. A reportagem ainda não conseguiu contato com os advogados do presos.

De acordo com a PF, Júnior já se encontra na sede da PF no Rio e Velloso estaria a caminho.

Eles serão ouvidos em depoimento ao longo da tarde, serão encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) e mais tarde nesta terça darão entrada no sistema prisional no Estado do Rio. A prisão preventiva tem prazo de cinco dias.

A fase que investiga desvios nas obras do metrô foi batizada de Tolypeutes, que é o nome científico de uma espécie de tatu-bola. O nome é em referência ao equipamento chamado “tatuzão”, que é a máquina que escava o túnel dasobras do metrô.

A Linha 4 do metrô do Rio é uma antiga promessa de campanha de Sérgio Cabral e também de seu sucessor, o atual governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

A linha tinha como objetivo ligar Ipanema, na zona sul, à Barra da Tijuca, zona oeste. A linha ficou pronta para os Jogos Olímpicos, realizados em agosto de 2016 no Rio.

A operação teve a participação de quarenta policiais federais, além de integrantes do Ministério Público Federal e Receita Federal.

BRAÇO DIREITO

Luiz Carlos Velloso era o principal executivo da gestão do deputado federal Júlio Lopes (PP) quando ele era titular da Secretaria de Estado de Transporte do RJ.

Em 2014, Velloso foi um dos articuladores da campanha e acompanhou o então candidato a deputado federal pelo Estado em várias agendas.

Com a saída de Lopes da secretaria, o subsecretário Velloso continuou na pasta até o final de 2014. No ano seguinte, foi abrigado pelo vice-governado, Francisco Dornelles, em sua estrutura de poder. Em seguida, ele seguiu para ocupar o segundo posto na Secretaria de Estado de Turismo, onde permanece até hoje.

Na investigação, os procuradores pediram o bloqueio de R$ 12 milhões das contas de Velloso.

O subsecretário de turismo é de família conhecida no Rio. Eles eram donos da Casas da Banha, uma das maiores redes de supermercado do Estado nos anos 1980.

A mulher de Velloso e o irmão dele também foram levados por policiais federais nesta terça para prestar depoimento no centro do Rio.

FUNCIONÁRIO DE CARREIRA

Diretor de Engenharia da RioTrilhos, Heitor Lopes de Sousa é funcionário de carreira da empresa pública, que tem a missão de planejar e conduzir a expansão do metrô carioca.

De acordo com a investigação do Ministério Público, Sousa recebia a propina no canteiro de obras e em dinheiro vivo. Ele era sócio também de duas empresas que prestavam serviço para a construção da Linha 4 do Metrô.

Na investigação, os procuradores pediram o bloqueio de bens de Sousa no valor de R$ 36 milhões.

(FOLHAPRESS)

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