A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (12) Marcelo Sereno, ex-secretário nacional do PT e ex-assessor do ex-ministro José Dirceu, na Operação Rizoma, que investiga fraudes nos fundos de pensão dos Correios e do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
Também são alvos da operação o lobista Milton Lyra, ligado ao MDB, o sindicalista Carlos Alberto Valadares, e o ex-chefe de gabinete da presidência dos Correios Adeilson Telles.
Os quatro são suspeitos de receber propina para orientar investimentos em favor de negócios do empresário Arthur Machado, CEO do ATG Group, empresa que lançou uma nova bolsa de valores para concorrer com a BMF/Bovespa.
A investigação aponta distribuição de R$ 20 milhões de propina no total. Os fundos de pensão, por sua vez, investiram no total R$ 539 milhões nas empresas do Machado, sendo R$ 190 milhões em no fundo de participação da “nova bolsa”.
“A captação para essa nova bolsa veio por meio de pagamento de propinas”, disse o procurador Eduardo El Hage, coordenador da Operação Lava Jato no Rio.
Machado e sua funcionária, Patrícia Iriarte, negaram os crimes atribuídos a eles.
A Justiça Federal expediu ao todo dez mandados de prisão preventiva e 21 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Distrito Federal. Seis suspeitos já haviam sido presos, e os demais já foram localizados e devem se apresentar, segundo a PF.
A operação tem como base principal a delação premiada de Alessandro Laber, operador do mercado financeiro de Machado.
As investigações apontaram que Machado utilizou o esquema de geração de dinheiro em espécie dos doleiros Vinicius Claret e Cláudio Barbosa. Ambos são acusados de ter operado também para a Odebrecht e para os irmãos Renato e Marcelo Chebar, doleiros exclusivos do ex-governador Sérgio Cabral (MDB).
Barbosa realizou, segundo o Ministério Público Federal, operações de dólar-cabo no valor total de, ao menos, US$ 1 milhão em favor de Lyra. O lobista já foi apontado como operador do senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Há dois anos, a Folha de S.Paulo revelou que Lyra e Machado operaram em empresas que captaram ao menos R$ 570 milhões do Postalis (fundo de pensão dos funcionários dos Correios).
A propina distribuída por Machado também teve como destinatário Adeilson Telles, chefe de gabinete do ex-presidente dos Correios Wagner Ribeiro. Ele recebeu cerca de R$ 1 milhão, segundo as investigações.
Alvo da operação, Sereno recebeu R$ 900 mil por ordem de Machado em 2013, quando era secretário municipal de Maricá (RJ), apontaram os investigadores.
Já Carlos Alberto Valadares teria recebido R$ 1,2 milhão. Conhecido como Gandola, ele é presidente da Fenadados (Federação. Nacional dos Empregados em Empresas e Órgãos Públicos e Privados de. Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares).
O procurador Rodrigo Timóteo afirmou que todos receberam propina para orientar investimentos a fim de beneficiar Machado.
“É o que chamam no mercado de colocador”, disse Timóteo.
“As investigações apontam que valores oriundos dos fundos de pensão eram enviados para empresas no exterior gerenciadas por um operador financeiro brasileiro. As remessas, apesar de aparentemente regulares, referiam-se a operações comerciais e de prestação de serviços inexistentes. Em seguida, os recursos eram pulverizados em contas de doleiros também no exterior, que disponibilizavam os valores em espécie no Brasil para suposto pagamento de propina”, diz a polícia.
Outro lado
A defesa de Machado e Iriarte negou, em nota, as suspeitas que motivaram as suas prisões.
“Ambos sempre agiram no mais absoluto respeito à legislação e que não compactuam com práticas ilegais”, diz a nota.
A reportagem não localizou até a publicação desta nota a defesa dos demais suspeitos. (Folhapress)
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