05 de dezembro de 2025
INQUIETAÇÃO EM BELÉM

PF investiga ameaça do Comando Vermelho a subestação de energia antes da COP 30, em Belém

Ameaça contra unidade que abastece redes da conferência mobiliza órgãos federais e estaduais de segurança
Subsestação que foi ameaçada abastece Belém - Foto: Ricardo André PM-PA / Agência Brasil
Subsestação que foi ameaçada abastece Belém - Foto: Ricardo André PM-PA / Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para investigar uma ameaça de ataque atribuída ao Comando Vermelho que seria dirigida a uma subestação de energia o que afetaria atividades na 30ª Conferência do Clima, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Belém (PA), marcada para começar na segunda-feira (10). A ameaça é direcionada a uma unidade que abastece as redes de comunicação do evento e foi efetuada no dia 30 de outubro. O inquérito foi instaurado na terça-feira (4).

Diante da tentativa de intimidação, e do poder de mobilização da facção criminosa, a ameaça foi objeto de troca de documentos entre órgãos federais antes da Cúpula de Líderes que antecede a COP, iniciada na quinta-feira (6) na capital do Pará, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de dezenas de chefes de Estado.

A PF, segundo o jornal O Globo, explicou que o inquérito visa “esclarecer se o fato envolve um movimento isolado ou eventual vínculo com organização criminosa”. A corporação acrescentou ao jornal que atua de forma coordenada com as polícias Civil e Militar do Pará “e as medidas de segurança seguem mantidas no local”, dispensando a interrupção das atividades programadas.

A ameaça a subestação de Marituba

A empresa de energia Verene, que administra o contrato da subestação Belém-Marituba e controla a Belém Transmissora de Energia S.A, enviou um “comunicado urgente” ao governo federal no dia 30 relatando que funcionários da transmissora receberam ameaças do Comando Vermelho contra a subestação de Marituba, que atende a capital paraense.

No relatório, a concessionária informou que um grupo que seria ligado à facção criminosa abordou funcionários e impôs restrições às atividades no local. Segundo o documento, um homem que se apresentou como integrante do Comando Vermelho ordenou a suspensão imediata das obras de expansão da subestação e exigiu que as operações fossem encerradas diariamente a partir das 15h, sob ameaça de represálias.

Não foi feita correlação, mas a ameaça ocorreu dois dias depois da operação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que culminou com 121 mortes, tendo vários integrantes de estados como o Pará, e um dia após Lula defender um trabalho conjunto entre as forças de segurança de Estados e União para atingir o que chamou de “espinha dorsal do tráfico” no Brasil.

Consórcio para obras vizinhas também teria sido ameaçado

A empresa considerou no comunicado que o fato demonstra “um risco iminente e ativo não apenas à segurança dos colaboradores e ao patrimônio, mas à própria continuidade de um serviço público essencial, agravado pela proximidade da COP30″.

O texto afirma que um consórcio responsável por obras em uma rodovia adjacente à linha de transmissão também recebeu as mesmas ameaças. “O grupo teria, inclusive, optado por suspender as obras na saída de Marituba após o episódio”.

Concessionária pediu investigação

No documento, a Verena pede a investigação dos fatos. “Diante do exposto, e considerando a gravíssima escalada das ameaças — partindo agora de uma facção criminosa notória e com poder de paralisar outras obras na região —, solicitamos o renovado apoio deste ministério [Minas e Energia] no acionamento das forças de segurança competentes, a fim de investigar e fazer cessar os atos ilegais que atentam contra a segurança da subestação”.

A unidade alvo das ameaças, segundo a empresa, “é vital para o sucesso do evento internacional (COP30) e para a segurança energética da população”. A instalação é considerada infraestrutura crítica do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Ministérios estão acompanhando

O Ministério de Minas e Energia recebeu a denúncia e acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública. “O agente informou sobre o impedimento de acesso das equipes de operação à Subestação Marituba, a partir das 15 horas, o que poderá ocasionar, em caso de ocorrências, um prejuízo à célere recomposição das cargas da região metropolitana de Belém’, destaca o documento, assinado pelo ministro Alexandre Silveira e endereçado nominalmente ao também ministro Ricardo Lewandowski, revelou o jornal, que teve acesso à comunicação entre as duas autoridades.

Nele Silveira teria frisado que, “diante da recorrência de casos” e da “intensificação de ataques criminosos em ativos do Sistema Elétrico Brasileiro (SEB)”, bem como da proximidade da realização da COP30, cabia ao ministério da Justiça avaliar, “dentro de suas competências, a disponibilização de equipe técnica especializada para contribuir com meios de coibir as ações criminosas”.

Presidência e governo do Pará foram comunicados

O documento informa que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) e o governo estadual do Pará também foram comunicados “do assunto em pauta”.

O Ministério da Justiça confirmou as denúncias e informou ao Globo que a Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi) e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), elaboraram “um relatório de inteligência”, na última segunda-feira (3). O relatório foi remetido para PF, GSI, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e as forças de segurança do Pará.

Ações de GLO

No início da semana, o governo federal autorizou as Forças Armadas a atuarem na segurança da COP30. O Decreto 704, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (3), estabelece que Aeronáutica, Exército e Marinha vão participar das ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) previstas no Plano Estratégico Integrado de Segurança, que abrange também instalações de infraestrutura críticas nas cidades de Altamira e de Tucuruí.


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