A Polícia Federal realiza manhã desta quinta-feira (14) buscas em endereços ligados ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP). O apartamento dele em Brasília foi um dos locais das apreensões.
As medidas fazem parte da 12ª fase da Operação Ararath. O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, responsável pelo caso, autorizou a ação com base na delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), homologada em agosto. Silval sucedeu Maggi no governo de Mato Grosso.
Blairo é suspeito de obstrução de Justiça. No acordo, o delator conta que Maggi teria feito pagamentos ao ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes para que ele mudasse um depoimento para inocentá-lo no âmbito da operação.
Em nota, a PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma que entre os crimes que apura está “a prática de obstrução de investigação criminal, que consistiu em pagar colaborador para mudar versão de depoimentos e pagar investigado para não celebrar acordo de colaboração”.
Siilval também disse que o ministro enviou o hoje senador Cidinho Santos (PR-MT) para visitá-lo na prisão e lhe oferecer vantagens indevidas em troca de não comprometer Maggi.
A suposta prática de Blairo está relacionada à acusação de que ele participou de esquema de pagamento de mensalinho para deputados estaduais para comprar apoio ao governo.
Maggi foi governador de Mato Grosso de 2003 a 2010.
Na delação, Barbosa relata que no governo de Maggi “começou a se operar o chamado ‘mensalinho’ no ano de 2003, quando o colaborador era da Mesa Diretora [da Assembleia Legislativa]. Esse mensalinho era uma vantagem indevida que era paga para cada deputado estadual do Estado de Mato Grosso, tendo começado no ano de 2003, em torno de R$ 30 mil reais por deputado”.
Segundo Barbosa, foi feito um acerto entre a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e Maggi para que o governo aumentasse a mesada dos deputados estaduais.
“No ano de 2003 houve um acréscimo de R$ 12 milhões a 15 milhões no orçamento da Assembleia Legislativa para que pudessem retirar desse valor as vantagens indevidas”.
Outros alvos
Além do apartamento em Brasília, a PF faz buscas na residência de Blairo em Rondonópolis (MT) e na empresa dele.
O gabinete do deputado Ezequiel Fonseca (PP-MT) na Câmara é outro local das medidas. Ele foi um dos que foram filmados recebendo dinheiro das mãos de Silvio Araújo, ex-chefe de gabinete de Barbosa.
Outro alvo de buscas é o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), que também foi filmado recebendo dinheiro em espécie quando era deputado estadual.
A PF também está em gabinetes de deputados estaduais da Assembleia Legislativa de Mato Grosso que foram citados da delação de Barbosa.
Ao todo, são 65 mandados em cidades de Mato Grosso, São Paulo e Brasília. Participam da ação 270 policiais federais e membros do MPF. delação de Barbosa.
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