23 de dezembro de 2024
Política

PF encontra ao menos R$ 30 milhões em ‘bunker’ que seria ligado a Geddel

Foto: Divulgação
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A Polícia Federal encontrou nesta terça-feira (5) um “bunker” com milhares de notas de reais que, segundo a investigação, é usado por Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Michel Temer.

Até as 21h desta terça, a polícia já havia contabilizado cerca de R$ 30 milhões, no que é considerada a maior apreensão de dinheiro em espécie da história da instituição.

A operação, batizada de Tesouro Perdido, foi autorizada pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, e deflagrada na manhã desta terça.

Os valores serão depositados em conta judicial.

Segundo a PF, após as últimas fases da Operação Cui Bono, foi possível chegar a um endereço, em Salvador, que seria utilizado para armazenagem de dinheiro.

Geddel foi preso no dia 3 de julho após depoimentos do operador financeiro Lucio Funaro, mas conseguiu, oito dias depois, um habeas corpus para cumprir prisão domiciliar em sua casa na capital baiana, situação em que se encontra ainda hoje.

À época, Funaro entregou aos policiais registros de chamadas telefônicas que o ex-ministro fez para sua mulher, Raquel.

O depoimento e a entrega do material aconteceram em meio ao inquérito que investiga condutas ilícitas do presidente Michel Temer, aberto após a delação da JBS.

CUI BONO

A operação apura a atuação de Geddel e de outras pessoas na manipulação de créditos e recursos em duas áreas da Caixa Econômica Federal. Geddel foi vice-presidente da instituição.

O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o doleiro Lucio Funaro são também alvos da investigação, que começou no ano passado.

Geddel é acusado de ter recebido R$ 20 milhões de propina em troca de aprovação de empréstimos no banco ou de liberação de créditos do FI-FGTS para beneficiar empresas privadas.

Na decisão judicial que autorizou a busca e apreensão no apartamento em Salvador, o juiz cita que o “bunker” pertence a uma pessoa de nome Silvio Silveira, que teria cedido o imóvel para que o ex-ministro de Michel Temer pudesse guardar caixas com documentos.

“Ademais, conforme consignado nas informações policiais, foram realizadas pesquisas de campo com moradores do prédio, confirmando a notícia de que uma pessoa teria feito uso do aludido imóvel para guardar ‘pertences do pai’, tratando-se provavelmente de Geddel, cujo pai faleceu em 10 de janeiro de 2016”, afirma o juiz no mandado.

A reportagem apurou que o imóvel seria de Sílvio Antônio Cabral Silveira, cuja família é proprietária da empreiteira Silveira Empreendimentos, com atuação em Salvador.

A empreiteira foi uma das responsáveis pela construção do Residencial José da Silva Azi, prédio onde foi encontrado o dinheiro.

A mulher de Sílvio Silveira, Ana Vitória Silveira, conta como uma das sócias do empreendimento.

Além de ter atuado na construção, a Silveira Empreendimentos também é dona de alguns apartamentos no prédio que não tinham sido comercializados, afirmou uma pessoa próxima da família.

Sílvio Silveira e a sua empresa ganharam notoriedade na Bahia após terem sido investigados por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apurou um esquema de corrupção na Ebal, estatal baiana responsável pela rede de supermercados públicos Cesta do Povo.

O empresário responde a uma ação penal e a uma ação civil pública por supostamente ter participado do esquema de corrupção. As ações ainda não foram julgadas.

A Silveira Empreendimentos também firmou um contrato em 2009 com o Ministério da Integração Nacional, na época comandado por Geddel.

Com custo de R$ 726 mil, o contrato teve como objeto a realização de uma obra numa barragem em Araci, no interior da Bahia.

A reportagem entrou em contato com Silveira Empreendimentos e deixou recados com funcionários de empresa. Contudo, não houve retorno aos telefonemas.


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