Brasília – A Petrobras entregou nesta segunda-feira, 04, à CPI que investiga corrupção na estatal apenas as gravações das 12 últimas reuniões do seu Conselho de Administração, realizadas a partir de setembro do ano passado. A companhia informou oficialmente à comissão que registros em áudio e vídeo de outros encontros do colegiado foram destruídos, como antecipou o portal do Estado na última quinta-feira, 30.
A CPI requisitou gravações do período entre 2005 e 2015. No material deletado pela Petrobras, estavam registradas as reuniões em que o conselho aprovou obras investigadas na Operação Lava Jato, além da compra da Refinaria de Pasadena, em 2006, sob o comando da presidente Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil do governo Lula e presidente do colegiado.
A destruição das gravações torna mais difícil saber, em detalhes, como se deram as discussões ao aprovar os investimentos da companhia. Também compromete a investigação de eventuais irregularidades cometidas por eles no exercício dessas funções.
A explicação da Petrobras vem após o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), contatar representantes da estatal e informar que, se o material não fosse entregue até o fim da manhã desta segunda-feira, requisitaria uma busca da Polícia Federal na sede da companhia, no Rio de Janeiro.
No documento entregue à CPI, a Petrobras explicou que a destruição está embasada no Regimento Interno do Conselho de Administração. Segundo a empresa, a norma autoriza a eliminação de áudios e vídeos após a “lavratura da ata da reunião“.
A Petrobras não informou à CPI desde quando a regra está em vigor. Diante disso, Motta disse hoje que vai questionar a empresa sobre eventuais alterações no regimento que possam ter “protegido” conselheiros de investigações. “Se o regimento tiver sido alterado para encobrir a atuação do conselho, vamos tomar providências para responsabilizar todos aqueles que deram prejuízo à Petrobras“, afirmou.
A oposição apresentará amanhã requerimento pedindo perícia em equipamentos da estatal para confirmar se, de fato, as gravações foram apagadas e se, eventualmente, é possível recuperá-las.
Conforme conselheiros da Petrobras ouvidos pelo estadão.com, a estatal decidiu preservar as gravações das reuniões após a Operação Lava Jato, para evitar eventuais problemas com órgãos de investigação. Por isso, só haveria áudios e vídeos dos últimos oito meses.
(Estadão Conteúdo)
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