MARINA DIAS – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os números da pesquisa Datafolha divulgados nesta quarta-feira (31) desanimaram o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas não o fizeram mudar o discurso de que somente em março vai decidir se é ou não candidato à Presidência da República nas eleições de outubro.
Articulando-se há pelo menos três meses para a corrida ao Palácio do Planalto, Meirelles aparece com apenas 2% das intenções de voto no seu melhor desempenho, segundo o Datafolha.
Assessores do ministro avaliam que os dados poderiam ser melhores, porém, reafirmam, o chefe da equipe econômica do governo Michel Temer não tomará nenhuma decisão até o final de março.
Enquanto isso, tentará chegar aos 5% nas pequisas, patamar que, nos bastidores, estabeleceu como piso mínimo para se lançar candidato daqui a dois meses -no início de abril encerra-se o prazo para que os ministros que concorrerão às eleições deixem seus cargos.
A estratégia de Meirelles era conseguir o protagonismo no debate da reforma da Previdência, posto que perdeu para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Este se articula para uma possível candidatura à sucessão de Temer e pontua na casa de 1% no Datafolha.
Aliados do ministro admitem que o deputado conduziu melhor o processo e hoje aparece como referência nas discussões sobre as mudanças nas regras de aposentadoria. A medida é muito estimulada pelo mercado, importante pilar de sustentação para os anseios presidenciais tanto de Maia como de Meirelles.
A tese é a de que, caso a proposta seja aprovada, Maia consiga faturar em cima do sucesso da articulação na Câmara. Do contrário, o presidente da Casa pode transferir o ônus da derrota ao governo ou até diretamente a Meirelles.
Rápido demais
Auxiliares de Temer, por sua vez, acreditam que o ministro da Fazenda se colocou “rápido demais” na disputa, o que desgastou sua imagem antes mesmo de os dados econômicos começarem a apresentar alguma melhora.
Filiado ao PSD, Meirelles sabe que não deve ter o apoio de seu próprio partido para disputar Planalto -a sigla pode apoiar Geraldo Alckmin (PSDB)- e tem articulado alternativas caso queira concorrer à sucessão de Temer.
Ser o candidato que defende o legado do governo e tentar isolar o tucano era o principal objetivo do ministro, como demonstrou em entrevista à Folha de S.Paulo no fim do ano passado.
O Datafolha desta quarta mostrou que, em uma possível corrida presidencial sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quatro candidatos disputariam a vaga no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSC): Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Luciano Huck (sem partido).
Maia e Meirelles não aparecem com mais de 2% em nenhum cenário, nem como possíveis herdeiros dos votos de Lula caso o ex-presidente seja impedido de disputar as eleições em razão da Lei da Ficha Limpa. (Folhapress)
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