23 de novembro de 2024
Cidades

Pesquisa da UFG pode dar origem a novo medicamento para tuberculose

Foto: Pixabay
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Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com a Universidade de Brasília (UNB), estão estudando novas alternativas ao tratamento de tuberculose e encontraram no veneno do escorpião e das vespas uma alternativa que promete maior eficácia do que o usado há quase 60 anos. Nesse caso, a molécula não age como os antibióticos atuais que entram na bactéria para matá-la, mas age na barreira externa da bactéria, o que evitaria problemas de resistência ao medicamento.

Desde a década de 1960 o tratamento para tuberculose é o mesmo: envolve um protocolo de seis meses, com uso de quadro drogas com grande potencial de toxicidade. O longo período e os possíveis efeitos colaterais possíveis dos remédios acaba fazendo com que vários pacientes abandonem o tratamento. E essa prática é um risco não só para o paciente, mas também para a eficácia da droga, pois as bactérias criam resistência aos medicamentos.

Segundo a coordenadora do projeto e professora do Instituto de Patologia e Medicina Tropical (IPTSP-UFG), Ana Paula Junqueira Kipnis, a pesquisa começou a partir de um edital do CNPq, para montar uma rede de biotecnologia e biodiversidade no Centro-Oeste. A princípio, foi investigado o potencial de plantas do Cerrado, mas em seguida, com base nos conhecimentos já existentes passou-se a investigar o potencial do veneno dos artrópodes. Os pesquisadores já sabiam que no veneno deles existem peptídeos (pedaços de proteína) com ação antimicrobiana. Esses peptídeos servem para proteger esses animais, porque se ligam na superfície das bactérias e não deixam passar nutrientes em suas paredes, o que provoca a morte das bactérias.

A partir daí a Universidade de Brasília com autorização do CNPq para acesso ao patrimônio genético da natureza, prospectou essa substância em colmeia de vespas e em escorpiões. Com base nessas substâncias foi feita uma modificação da proteína, que foi aplicada em testes para tratamento de diversas doenças.

Nos testes, os resultados foram promissores, pois os peptídeos antimicrobianos foram mais eficazes que os antibióticos convencionais para tratar tuberculose e micobacterioses. A grande vantagem é que essa substância não é tóxica e não há mecanismo de resistência, pois a substância não age no microrganismo, mas apenas se liga à parede atrapalhando a troca de nutrientes.

Outro estudo também mostrou que a substância pode ser utilizada para combater uma bactéria muito comum em infecções de UTIs, a Acinetobacter e a superbactéria resistente a antibióticos (Estafilococos resistente a meticilina) e pode ser promissor em outras doenças como hanseníase. A pesquisa está agora em fase de reconhecimento de patente. Para chegar ao mercado, empresas precisam se interessar pela patente e ainda é preciso fazer testes em humanos.


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