O avanço do empreendedorismo feminino no Brasil vem ganhando novo fôlego a partir de políticas públicas voltadas para o fortalecimento econômico das mulheres. Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), avaliou a efetividade do Programa Nacional do Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) e revelou que as mulheres representam mais de 67% dos tomadores de crédito um dado que reforça o papel central delas no cenário empreendedor brasileiro.
Os resultados da pesquisa serão apresentados nos dias 4 e 5 de novembro, no Seminário Nacional do Projeto de Avaliação do PNMPO, que acontece no Auditório da Caixa Econômica Federal, em Brasília. O evento é promovido pela Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (FACE/UFG), com apoio do MTE, e marca a conclusão de um amplo processo de análise do programa em todas as regiões do país.
Durante o seminário, será lançado um e-book com os resultados da pesquisa, elaborado por mais de 15 pesquisadores da UFG e da Universidade de Brasília (UnB), sob coordenação da professora doutora Andréa Freire de Lucena. Segundo ela, os dados apontam que o PNMPO tem potencial para reduzir desigualdades de renda entre homens e mulheres, ao favorecer o acesso feminino ao crédito produtivo.
“O programa consegue atingir uma porcentagem maior de mulheres, o que contribui para diminuir as disparidades de gênero e ampliar o impacto social das políticas públicas de microcrédito”, destacou Andréa.
A análise mostra que o Nordeste é a região com maior participação feminina, com 68% das tomadoras de empréstimos produtivos. Contudo, o estudo também identificou desafios: mesmo com maior adesão, as mulheres continuam com rendimentos médios menores e costumam solicitar empréstimos de valores inferiores aos dos homens, o que reflete desigualdades estruturais ainda presentes no mercado.
Empreendedorismo feminino: impacto social e desafios
De acordo com o Sebrae, o Brasil conta atualmente com 10 milhões de mulheres à frente do próprio negócio, representando cerca de um terço do total de empreendedores do país. O Monitor Global de Empreendedorismo de 2023 também indica que as mulheres já são maioria entre os brasileiros com intenção de empreender até 2026, somando 54,6% do grupo.
Além de impulsionar a economia, o empreendedorismo feminino tem forte relevância social, pois promove autonomia financeira, inclusão e equidade de gênero. Negócios liderados por mulheres tendem a priorizar práticas mais sustentáveis e solidárias, fortalecendo redes de apoio e gerando impacto positivo nas comunidades.
Apesar dos avanços, o acesso ao crédito e a sobrecarga do trabalho doméstico ainda figuram entre os principais obstáculos. Segundo o Instituto Rede Mulher Empreendedora, 42% das empreendedoras tiveram pedidos de crédito negados em 2023. Já dados do IBGE mostram que as brasileiras dedicam, em média, 9,6 horas semanais a mais que os homens às tarefas domésticas, o que reduz o tempo disponível para investir em seus negócios.
Um marco de reconhecimento global
O protagonismo feminino no empreendedorismo ganhou destaque internacional em 2014, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, celebrado em 19 de novembro. A data busca incentivar a liderança das mulheres no mercado de trabalho e combater o preconceito de gênero nas esferas empresariais.
Com o crescimento contínuo do número de mulheres empreendedoras e iniciativas como o PNMPO, o Brasil dá passos significativos rumo à maior equidade econômica. A pesquisa da UFG reforça que o fortalecimento de políticas públicas e o incentivo ao crédito direcionado são ferramentas essenciais para transformar realidades e impulsionar o desenvolvimento social.
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