22 de dezembro de 2024
Efeitos Colaterais

Pesquisa constata efeitos da vacina sobre a menstruação

Estudo apontou que a vacina contra covid-19 aumentou o fluxo menstrual das mulheres duas semanas após vacinação
Estudo demonstrou aumento de fluxo menstrual em 42% das mulheres participantes. Foto: Ênio Medeiros
Estudo demonstrou aumento de fluxo menstrual em 42% das mulheres participantes. Foto: Ênio Medeiros

Um estudo com mais de 35 mil participantes – mulheres e pessoas transgênero – indicou que 42% das mulheres apresentou um aumento do fluxo menstrual nas duas semanas seguintes à vacinação contra a covid-19.

A pesquisa, além disso, descreve pela primeira vez a aparição de sangramento espontâneo em um alto número de pessoas que não tinham menstruação – por estarem na menopausa ou por fazerem algum tratamento hormonal contraceptivo para mudança de gênero – após a aplicação de imunizante.

As conclusões do estudo, publicadas no fim da semana passada na revista Science Advances, confirmam um efeito secundário que vinha sendo alertado por mulheres e ignorado até então. Os dados da pesquisa mostram, contudo, que as alterações são temporárias e estão associadas a determinados fatores desencadeantes, como a idade, efeitos secundários sistêmicos associados à vacina (febre ou fadiga), ou o histórico de gravidez e partos, entre outros.

“As pessoas que menstruam, e as que antes menstruavam, começaram a comentar que tinham um sangramento inesperado, depois que era administrada a vacina, no início de 2021”, indicaram as responsáveis pelo estudo, Katharine Lee, da Universidade de Tulane; e Kathryn Clancy, da Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

As participantes haviam sido vacinadas com produtos da Pfizer, Janssen, AstraZeneca, entre outras marcadas usadas no exterior.

Uma das pesquisadoras chegou até a compartilhar a própria experiência no Twitter em fevereiro do ano passado. Kathryn relatou, após tomar a 1ª dose, que sua menstruação havia chegado aproximadamente um dia mais cedo e estava “jorrando como quando ela estava em seus 20 anos de novo”. Várias outras mulheres responderam.

Testes

Nos testes clínicos das vacinas, não se perguntava sobre os ciclos menstruais ou hemorragias, por isso, o efeito secundário acabou sendo ignorado ou descartado, apesar de alguns imunizantes, como os contra a febre tifoide, a hepatite B, entre outros, possam alterar o fluxo menstrual.

As pesquisadoras só incluíram dados de pessoas que não tinham sofrido a covid-19, pois a doença pode provocar mudanças no fluxo menstrual.

Além disso, foram excluídas as pessoas de 45 a 55 anos, para evitar que os resultados fossem confundidos com a menopausa ou mudanças prévias.

Das entrevistadas, 42,1% disseram que tiveram fluxo menstrual mais abundante nas semanas após a vacinação; 43,6% indicaram que não houve alteração; e 14,3% apontaram que não tiveram mudança ou menos sangramento do que o habitual.

O estudo detectou possíveis associações com antecedentes reprodutivos, estado hormonal, demografia e mudanças na menstruação de uma pessoa após a vacinação. Por exemplo: mulheres que tinham passado por uma gravidez eram mais propensas a informar sobre sangramento mais abundante após a inoculação da vacina, com leve aumento entre as que não tinham dado a luz.

Efeitos

Algum nível de variação na menstruação – o número de dias que você sangra, a intensidade do seu fluxo e a duração do seu ciclo – é normal.

“Nossos ciclos menstruais não são relógios perfeitos”, disse ao jornal americano The New York Times Alison Edelman, professora de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (EUA). Ela também estudou o efeito das vacinas covid-19 na menstruação.

É possível que, quando as vacinas ativam o sistema imunológico, também de alguma forma desencadeiem efeitos secundários no endométrio, segundo Alison. O endométrio reveste o útero e é expelido pelo corpo da mulher durante a menstruação.

As autoras do estudo publicado na Science Advances reafirmam ainda que a vacinação é uma das melhores formas de prevenir a covid-19, a internação e a morte pela doença. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Por Estadão Conteúdo)


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