Os peritos da Polícia Federal que atuam na investigação sobre o incêndio no Museu Nacional usam técnicas de escaneamento para “congelar”, em uma maquete virtual, o local destruído pelo fogo. Com a imagem tridimensional, os peritos vão testar hipóteses sobre a dinâmica do incêndio, incluindo o possível foco original e a propagação das chamas.
A PF deslocou peritos de Brasília e de Minas Gerais, que devem começar a atuar no Rio de Janeiro nesta terça-feira (4). São dois especialistas em perícias externas, conhecidos no jargão policial como peritos “de local de crime”, dois especialistas em reconstituição em 3D, três peritos em incêndios de grandes proporções e um especialista em incêndios originados em instalações elétricas, além dos peritos da PF do Rio de Janeiro.
A equipe vai utilizar dados coletados por drones, máquinas digitais e um aparelho próprio para escaneamento virtual. O local deverá continuar isolado até que a perícia conclua o trabalho e libere a área à direção do museu. O aparelho de escâner a laser permite reconstruir o cenário em 3D, por meio da junção de imagens produzidos por vários escaneamentos. É como se fosse uma grande fotografia em três dimensões. Os peritos chamam de “perpetuação” o resultado final do trabalho.
O presidente da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais), Marcos Camargo, disse que um trabalho desse porte deverá levar, no mínimo, uma semana somente com o levantamento de campo.
“As imagens tridimensionais fornecem inúmeras informações. Por exemplo, o perito pode ver como a fuligem está distribuída no chão e nas paredes e a partir daí traçar o caminho contrário, de onde elas vieram e como se dispersaram”, disse Camargo.
A cobertura do prédio será refeita antes de iniciado o rescaldo.
Outra linha de apuração dos peritos será tentar localizar e resgatar arquivos de imagens eventualmente coletadas em equipamentos de vídeo nas imediações do museu ou mesmo dentro da edificação, caso o museu estivesse usando algum tipo de monitoramento interno de TV.
Outro ponto de trabalho da perícia será analisar as condições das instalações elétricas, se o estado de conservação delas poderia ter gerado algum princípio de incêndio. Um terceiro ponto de atenção dos peritos será localizar eventuais resquícios de algum tipo de combustível no interior do museu, o que poderia confirmar a versão, trazida por um morador da região, de que um balão teria caído sobre o prédio.
Acervo Os itens do acervo do museu bicentenário que já puderam ser retirados do prédio que pegou fogo foram colocados no prédio anexo e catalogados.
Os trabalhos de análise e restauro só poderão ser iniciados depois da perícia da PF. Depois, para averiguar os destroços, vão chamar arqueólogos.
A vice-diretora Cristiana Serejo explicou, por exemplo, que escavadeiras não poderão ser utilizadas, por exemplo. Os trabalhos ocorrerão como se o local fosse um sítio arqueológico. (Folhapress)
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