17 de dezembro de 2024
Esportes

Peres supera Modesto em eleição polêmica e vai presidir o Santos

José Carlos Peres. (Foto: Instagram Santos)
José Carlos Peres. (Foto: Instagram Santos)

KLAUS RICHMOND
SANTOS, SP (FOLHAPRESS) – José Carlos Peres, 69, foi eleito neste sábado (9) como novo presidente do Santos. Com 1.851 votos, Peres frustrou a tentativa de reeleição de Modesto Roma Júnior, segundo com 1.661 votos empatado com Andres Rueda. Nabil Khaznadar ficou em último, com 495, em pleito com quase 15 horas de duração marcado, principalmente, por episódios polêmicos.

“No domingo vamos descansar. Foi uma campanha muito dura, com um estresse muito grande. Foram inúmeros ataques na internet e muita agressão entre as chapas, mas agora chamamos à todos pelo Santos. Não vamos anunciar ninguém por enquanto”, disse o novo mandatário.

A votação aconteceu simultaneamente na Vila Belmiro e na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), em São Paulo, e só foi finalizada três horas depois do horário final estabelecido por estatuto devido a possíveis tentativas de fraudes nas urnas nove e dez, em Santos, e cinco, em São Paulo.

Mesmo antes da eleição, Roma Júnior foi denunciado por aumentar artificialmente o número associados nos últimos meses do último ano.
Os opositores acionaram o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e o Ministério Público pedindo investigação de uma suposta fraude no processo de inscrição de novos sócios do clube.

Por isso, o Conselho Deliberativo aceitou o pedido de que a votação ocorresse pela primeira vez por ordem numérica dos associados. Sendo assim, as últimas urnas em Santos e São Paulo concentraram os votos dos sócios mais recentes e, consequentemente, provocaram uma série de discussões.

“Nunca vi tanta gente de Piracicaba. Vieram muitas pessoas de lá, quero ver se seguirão no quadro associativo nos próximos três anos”, disse o delegado Fábio Pierry, candidato a vice na chapa de Khaznadar.

Peres foi derrotado na última eleição, quando ficou com a segunda colocação entre cinco candidatos. O aposentado do mercado financeiro já se envolveu em diversas correntes políticas do clube, inclusive na gestão de Modesto com o cargo de gerente de marketing internacional.

Ele deixou a função em abril deste ano e atribuiu o desligamento a uma “decisão política”, vislumbrando o pleito de dezembro.

Para ocupar a vaga de vice, fechou acordo com Orlando Rollo, que também foi candidato em 2014 e ficou em quarto. A estratégia era apelar ao público que está em São Paulo. Rollo, ex-líder da Torcida Jovem, tem penetração em Santos e com o eleitorado mais jovem. Ambos cederam para costurar a aliança.

A aposta, por sinal, deu resultado. Dos 1.449 votos na Capital, Peres ficou com quase metade do montante: 715. Rueda, principal nome na disputa em São Paulo, conseguiu somente 319.

Curiosamente, Modesto sequer venceu em uma das urnas contestadas. Totalizando 87 votos na urna 9, o segundo mais votado. Na dez, entretanto, ganhou por larga margem: 240 votos contra 25 de Peres, o segundo mais votado.

CONFUSÕES

A primeira das confusões foi protagonizada logo pela manhã, envolvendo o próprio Modesto e Orlando Rollo, candidato a vice de José Carlos Peres.

De frente para as urnas, Rollo apontou as supostas irregularidades entre os votantes em transmissão ao vivo por meio de uma rede social. Ele disse ainda ter sido agredido por correligionários do atual presidente. Modesto foi até o local e rebateu em discussão acalorada.

“Querem fazer pressão, justificar as coisas. Eles estão tentando desde o começo se vitimizar, criar factóides”, afirmou.

Os problemas nas urnas citadas se estenderam durante toda a votação, provocando longas esperas aos santistas. Até mesmo as principais jogadoras do futebol feminino, como Maurine e argentina Sole Jaimes, encontraram dificuldades.
Maurine, declarada partidária de Modesto, foi impedida de votar por uma abreviação em sua carteira de identificação. Posteriormente, o problema foi resolvido.

Em São Paulo, outro episódio curioso. Opositores flagraram um grupo de chineses na fila e questionaram a legitimidade do voto por meio de outro vídeo nas redes sociais.

“Tinha um grupo com oito a dez chineses na fila pra votar. Eles foram apertados por todas as chapas de oposição e responderam: vou votar no amarelo, meu patrão mandou votar”, relatou José Carlos Peres.

No pleito houve até mesmo a denúncia de que um dos mesários estaria armado e ameaçado torcedores em uma das discussões, mas a hipótese não foi comprovada.

Ao final do período de votação, novas polêmicas. Os mesários responsáveis pararam a votação e cruzaram os braços acompanhados pelos grupos políticos, enquanto os associados que já se encontravam dentro do clube lutavam por seu direito a voto. O movimento atrasou por pouco mais de três horas o término do pleito e o início das apurações.

“A assembleia deve durar até o horário. O presidente deixou muitos continuarem entrando depois das 18h. Por um bom senso, nós da oposição falamos para continuar”, disse Rollo.

A apuração foi finalizada próximo a meia-noite, sem confusão. José Carlos Peres terá direito a 42% do Conselho Deliberativo, enquanto Rueda e Modesto, 29%.

ROBINHO E NOVO TÉCNICO

O novo presidente santista ainda foi cauteloso quanto ao anúncio de reforços e de prováveis mudanças. Ele antecipou que precisará estudar a possibilidade em torno do principal nome ventilado pelo clube, o do atacante Robinho, que não deve renovar com o Atlético-MG.

“Temos que entender o leque de opções que a diretoria atual tem, então vamos juntar ideias e ver a melhor opção. Sempre tenho interesse em contar com grandes ídolos, mas precisamos entender a situação do Robinho e de outros, também”, disse Peres, que também antecipou ainda não haver negociações para a contratação de um novo técnico.

Durante a entrevista, o dirigente citou algumas vezes a expressão “descobrir esqueletos” indicando temor pela atual situação financeira santista.
Peres explicou na entrevista que também não dará permitirá mais privilégios a empresários dentro do clube, fato contestado na gestão de Modesto Roma Júnior, que tinha estreita relação com o agente Luiz Taveira.

A transição entre as diretorias será iniciada na próxima segunda-feira (11). O novo presidente inicia o mandato somente em 2 de janeiro.


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