A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Goiás divulgou neste sábado que tem tomado medidas para mitigar os impactos ambientais causados pelo vazamento de agrotóxicos durante o trágico acidente ocorrido na terça-feira (17) na GO-164, nas proximidades do Rio Vermelho, que já causa morte de peixes. O episódio deixou duas pessoas mortas e duas hospitalizadas. O agrotóxico não tinha licença porque era roubado, segundo a Semad.
Peixes flutuando em alguns pontos do Rio Vermelho foram vistos por moradores locais neste sábado. Os produtos são tão fortes que bombeiros passaram mal durante o resgate das vítimas no dia 17.
Acompanhe ao final o infográfico contendo o passo a passo do que a secretaria fez.
Agrotóxicos que vazaram perto do Rio Vermelho
“A partir de embalagens encontradas no local do acidente, sabe-se que vazaram volumes de Fipronil, Blavity, Fox xpro, Sphere Max e Orkestra SC. Na manhã deste sábado (21), constatou-se a morte de peixes no rio Vermelho. Choveu 35 mm na região, e é provável que a precipitação tenha carreado defensivos para o leito e causado esse fato”, informou a Semad.
A Secretaria esclareceu que assim que foi acionada após o acidente, cerca de 2 horas depois do ocorrido, enviou sua equipe de emergências ambientais para o local, em conjunto com o Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Saneago. “A prioridade inicial foi evitar o uso da água do rio pelos moradores e iniciar a remoção dos resíduos químicos”.
Paralelamente, o responsável pelo caminhão envolvido no acidente foi localizado e informado sobre sua obrigação legal de tomar medidas imediatas para conter os danos ambientais.
“Os primeiros trabalhos envolveram o recolhimento dos defensivos derramados e a construção de barreiras para impedir que as substâncias químicas se espalhassem pelo solo e chegassem ao leito do rio”, detalhou o órgão ambiental.
Mobilização de fabricantes e recursos
No dia seguinte ao acidente, a Semad acionou as empresas fabricantes dos agrotóxicos transportados, exigindo que disponibilizassem suporte técnico e financeiro para o controle da situação, em conformidade com a Lei 6.938, que estabelece a responsabilidade compartilhada em casos de acidentes ambientais. Em resposta, os fabricantes contrataram uma empresa especializada para atuar na contenção do problema.
Remoção e novos desafios
De acordo com a secretaria, equipes do Centro de Análises Ambientais e Laboratoriais (Ceamb) da Semad e a Saneago estão no local trabalhando no monitoramento de parâmetros de qualidade da água, e, por se tratar de um procedimento complexo, o resultado ainda não está pronto. “Os responsáveis pela remoção já retiraram 95% dos resíduos sólidos, construíram barreiras no corpo hídrico e vão remover parte do solo contaminado. Por precaução, a Semad reforça a recomendação para os moradores não banhem ou utilizem água do rio Vermelho.”
Por outro lado, o órgão alertou que as chuvas intensas na região complicam a operação, “levando resíduos remanescentes para o rio e culminando no aparecimento de peixes mortos”.
Conforme a Semad, este sinal alarmante reforçou a urgência de medidas mais contundentes. Dessa forma, a secretaria disse que intensificou o monitoramento da qualidade da água e das condições ambientais no Rio Vermelho, visando compreender a extensão do impacto e evitar uma crise ecológica ainda maior.
Pesquisadores da UEG apontaram riscos ao rio por causa dos agrotóxicos
Nos últimos dias o Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo da Universidade Estadual de Goiás (UEG) alertou para os graves riscos envolvidos com o carreamento dos produtos químicos para o Rio Vermelho.
De olho nisso, a Secretaria informou que continua os trabalhos de mitigação de danos, com foco na recuperação do solo e da água. Ao mesmo tempo, orienta a população local a evitar qualquer contato com o rio até que novas análises atestem a segurança.
A Prefeitura de Goiás também está divulgando esclarecimentos para que a população da cidade e os turistas evitem contato com a água do rio, além de atuar nas ações de controle ambiental do desastre.
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