Que os brasileiros em Portugal representam a maior parte de imigrantes, muitos sabem, mas os pedidos de cidadania italiana feitos por brasileiros descendentes de emigrados tem feito da Itália uma segunda “vítima”. Grande parte disso, tem sido por conta da “facilidade” em fazer os pedidos, seguido da grande quantidade de profissionais oferecendo o serviço de ajuda com a burocracia a preços cada vez mais baixos.
Com isso, os tribunais e o setor de registros de cidades italianas, principalmente no norte da Itália, tem ficado sobrecarregados. A confirmação veio por meio da reclamação feita por prefeitos e de membros do Judiciário, segundo uma reportagem da Folha de S.Paulo.
As queixas são quanto a residentes no Brasil que entram com a solicitação nas cortes da Itália, em um desvio do procedimento padrão que, pela via judicial, o processo costuma durar até dois anos. Por meio dos consulados, onde o processo deve ocorrer normalmente, a espera pode levar até dez anos.
Sobre a quantidade de brasileiros ligados a Itália, estima-se que de descendentes haja cerca de 32 milhões, segundo a Embaixada da Itália no Brasil. Dentro disso, apenas Vêneto, uma cidade do norte da Itália, recebeu 12 mil pedidos por via judicial no ano passado, a maioria de brasileiros, seguidos por argentinos e venezuelanos.
Ainda sefundo a reportagem da Folha, depois do pedido ao Judiciário, o tribunal emite uma ordem à cidade de origem do antepassado para que seja reconhecida a cidadania do requerente e sejam produzidos registros retroativos, como os de nascimento e casamento, e isso tem causado um grande tráfego de documentos.
Um único pedido, inclusive, também pode envolver outros membros de uma mesma família, multiplicando o número de certificados e, a partir daí, esses atestados se tornam o ponto de partida para a solicitação do passaporte italiano, que é o que a maioria das pessoas realmente querem.
Vale lembrar, porém, que de 1870 e 1920 1,4 milhão de italianos foram viver no Brasil, dos quais 366 mil do Vêneto, a cidade citada anteriormente. “Somos constantemente invadidos por pedidos de documentos, reconhecimentos de cidadanias e ordens do tribunal”, disse Camillo De Pellegrin à reportagem da Folha. Ele é prefeito de Val di Zoldo, nos Alpes, com cerca de 3.000 habitantes e completou que, “Do ponto de vista administrativo, é algo inconcebível e inaceitável que todo esse movimento de cidadanias venha a recair sobre os municípios.”
O político deixou claro, porém, que “Não se trata de xenofobia ou racismo”. “Se alguém que pede a cidadania no Brasil quiser vir morar em Val di Zoldo e ajudar a cidade a crescer, ajudo até a procurar apartamento”, diz, concluindo que considera a cidade uma vítima de “negócios milionários” por trás dos pedidos, em referência a agências brasileiras e advogados italianos que oferecem o serviço de cidadania via judicial.
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