23 de dezembro de 2024
Cidades

Pecurária de Niquelândia é cancelada pela prefeitura

Luiz Teixeira anuncia cancelamento de festa da pecuária (Foto: Ricardo Renovato)
Luiz Teixeira anuncia cancelamento de festa da pecuária (Foto: Ricardo Renovato)

O prefeito de Niquelânia, Luiz Teixeira, confirmou ao reporter Euclides Oliveira, do Jornal Diário do Norte, que a tradicional Festa Pecuária de Niquelânia não será realizada esse ano. Ele informou que a situação econômica da prefeitura foi levada em consideração para a decisão. Veja a entrevista do prefeito de Niquelandia ao Jornal Diário do Norte.

O que era quase certeza nas ‘rodinhas de bastidores’ tornou-se verdade absoluta na manhã da quinta-feira (9) quando o prefeito Luiz Teixeira (PMDB) recebeu a reportagem do Diário do Norte em seu gabinete, para confirmar que a Prefeitura de Niquelândia não realizará a tradicional Exposição Agropecuária, que estava prevista para a última semana deste mês. No exercício de seu terceiro mandato, o delegado de polícia aposentado invocou, mais uma vez, um extenso rol de problemas financeiros herdados em janeiro de 2013 da administração do ex-prefeito Ronan Rosa Batista (PTB) para justificar o cancelamento da pecuária, que consumiria recursos na ordem de R$ 500.000,00 com a contratação de shows musicais e demais componentes necessários à estruturação do evento.

Na conversa, de 30 minutos, Luiz Teixeira lembrou que, semana passada, um montante estimado em R$ 492.000,00 teve que se depositado às pressas numa conta do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) para pagar ações judiciais movidas junto ao Poder Judiciário de Niquelândia contra a prefeitura para pagamento de serviços prestados ao município na época que Ronan era o chefe do Executivo. 

Além de dívidas, as tentativas de conseguir apoio da iniciativa privada à festa também não foram bem-sucedidas. Segundo o prefeito, o empresário Rodrigo Moura (da Fortaleza Multi-Eventos) alegou prejuízo de mais de R$ 200.000,00 em 2014, quando sua empresa organizou a festa da pecuária. Este ano, em nova reunião entre os dois, não houve acordo à realização do evento. Na manhã da quarta-feira (8), a Votorantim Metais – tradicional parceira das festas de Niquelândia – ofertou contrapartida de R$ 18 mil à festa, valor que foi considerado como ‘pequeno’ pelo Poder Público.

Na entrevista, Luiz Teixeira disse ao DN que, mantidas as devidas proporções, a situação da Prefeitura de Niquelândia é equivalente a da Grécia, país europeu que vive situação de crise financeira aguda noticiada diariamente nos jornais e televisões do Brasil e de todo o mundo; e disse estar ciente que enfrentará mais um inevitável desgaste político junto a setores cuja festa movimentaria a economia local como comércio; restaurantes; e a rede hoteleira.

PREFEITURA FALIDA

“Os prejuízos de ordem política são muitos, evidentemente. Mas eu tenho que ser verdadeiro. Não posso ficar causando prejuízos maiores à administração municipal, em termos de endividamento; em termos de não poder investir mais na Saúde; e estamos correndo risco, hoje, de atrasar ainda mais os salários dos servidores públicos.

E, se fizermos essa festa, a situação se tornaria ainda mais complicada. Inclusive, isso não ocorre apenas em Niquelândia mas estamos acompanhando, pela televisão, as reuniões do bloco europeu para salvar a Grécia, que está falida. Agora, Niquelândia – entre todos os municípios goianos, já disse isso e repito – é o município mais prejudicado.

Nós perdemos, nos anos de 2014 e de 2014, mais de 30% de recursos no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de acordo com o Coíndice (Conselho Deliberativo dos Índices de Participação dos Municípios/IPM) da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), o que representa queda superior a R$ 1 milhão/mês em nossa arrecadação.

Se a economia do Brasil estivesse bem, nesse momento, poderíamos recuperar essa queda no FPM ‘empatando’ despesas com receitas, caso nossa parte no ‘bolo’  do PPM crescesse. Mas, se o IPM cai – impactando as receitas em nível de Estado de Brasil – não há como ser diferente em nosso município onde o prejuízo é, evidentemente, maior do em qualquer outra cidade do Brasil. Há três anos (ainda como prefeito eleito, no final de 2012) dei entrevista para vocês (do DN) dizendo que Niquelândia corria sério risco de entrar no caos.

E hoje, reafirmo: a Prefeitura de Niquelândia está falida, mas estamos administrando com muita austeridade e prejuízos políticos porque, hoje, não estamos atendendo companheiros políticos com oportunidades de emprego; prestação de serviços e outras situações semelhantes.

Hoje, se a prefeitura fosse uma empresa privada, já teria requerido falência há muito tempo ou uma concordata, na pior das hipóteses. As consequências da administração passada chegam mais fortes, a cada momento; e ainda vão se arrastar por muitos anos ainda.

Eu não posso ser político populista e criar uma situação de aparente tranquilidade e de alegria para, depois, ver nossa cidade e a prefeitura no fundo do poço. Niquelândia ainda tem jeito, se contar com administrações honestas, nos próximos três ou quatro anos.

Porém, se tivermos administrações irresponsáveis, pode ser que esse período de recuperação econômica do município se estenda por mais de 10 anos”, explicou o prefeito Luiz Teixeira.


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