16 de agosto de 2024
Goiânia

Peças de ambulâncias do SAMU eram compradas no mercado paralelo, diz empresário

Empresário Carlos Roberto Valadão. (Foto: Samuel Straioto)
Empresário Carlos Roberto Valadão. (Foto: Samuel Straioto)

O dono da empresa Útil Pneus, Carlos Roberto Valadão, prestou depoimento nesta quinta-feira (22) à Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal de Goiânia, que analisa irregularidades na área da saúde pública.

Os vereadores apuram denúncias no serviço de manutenção de ambulâncias na capital. A suspeita é de superfaturamento e não realização de serviços contratados. O empresário alega que cumpriu o contrato, porém, informou que algumas peças, apesar de originais, eram compradas no mercado paralelo.

O depoimento do empresário foi bastante confuso. Inicialmente, Carlos afirmou que não iria trazer à Comissão qualquer tipo de informação, sob orientação do advogado dele que não compareceu ao local. O depoente alegou ser uma pessoa idosa, com vários anos de prestação de serviços e que não precisava cometer nenhum ato ilícito.

Troca de peças

O grande questionamento feito pelos vereadores Jorge Kajuru (PRP), Clécio Alves (MDB), Elias Vaz (PSB), Dra Cristina (PSDB) e Carlin Café (PPS) foi em relação à substituição de equipamentos como baterias, caixas de direção e outras peças teriam sido trocadas várias vezes em um espaço de seis meses.

Documentos obtidos pela CEI indicam que em cinco anos, a oficina teria recebido R$ 13,7 milhões para a manutenção de 369 veículos da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). Carlos informou que a Útil venceu uma licitação no ano de 2010 e que tem R$ 3 milhões relativos a 2016 e 2017 para receber da Prefeitura de Goiânia.

Segundo o empresário, inicialmente o desconto dado foi de 32% e que depois subiu para 65% de desconto. Carlos contou que cobrava por R$ 5 a hora trabalhada. O contrato terminou em julho do ano passado.

“Minha obrigação é cumprir o contrato, simplesmente fiz a minha parte e tenho o dever cumprido. Se for algum erro, é da parte administrativa”, destacou o empresário.

Os vereadores informaram que para adquirir uma ambulância nova seriam gastos R$ 31 mil, mas, na verdade, foram utilizados com manutenção numa única ambulância R$ 89 mil. Carlos disse que não tem ninguém com “costas quentes” na prefeitura para que ele recebesse valores. “Se eu tivesse costas quentes, eu não estaria em dificuldades.  Um homem da minha idade, você acha que eu iria envolver uma bateria”, afirmou Carlos.

Mercado Paralelo

Questionado se usa peças originais em sua empresa, Carlos disse que sim, mas que compra peças no mercado paralelo. “Você compra peça original no paralelo. Eu prefiro não falar nada mais, não”, concluiu o empresário.

Ameaças

Durante o depoimento, Carlos ressaltou que foi ameaçado dentro da Útil Pneus. “Fui ameaçado de morte dentro da minha própria empresa. É realmente uma situação muito difícil”, declarou. Ele insinuou que teria sido ameaçado por policiais, que teve o celular tomado. No entanto, o empresário não teria alterado a rotina, nem reforçou a segurança.

Participaram da reunião os vereadores Jorge Kajuru (PRP), Dra Cristina (PSDB), Clécio Alves (MDB), Elias Vaz (PSB), Carlin Café (PPS) e Felizberto Tavares (PR). 

Representantes da prefeitura foram chamados pelos vereadores para prestar esclarecimentos. O superintendente de transporte da Secretaria Municipal de Saúde, Wilson Rodrigues de Oliveira, explicou aos vereadores que não tinha acesso a informações de valores que foram pagos a empresa Útil Pneus.

Ele destacou que foi implantado um sistema de prevenção nas ambulâncias para melhorar o serviço de manutenção dos veículos. Ele argumentou que no SAMU de um total de 23 ambulâncias e apenas 11 estão funcionando. Wilson argumentou que o ideal seria trabalhar com 17 viaturas.

A ex gerente da área de transportes da Secretaria Municipal de Saúde, Maxilania Clemente Costa, também foi ouvida pela CEI da Saúde. Ela argumentou que em muitos casos chegou a pedir para tirar viaturas do SAMU de circulação para serem utilizadas eram de outras áreas. A servidora diz que atestou notas, garantindo que o serviço fosse realizado.

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Acompanhe os depoimentos ao vivo:

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