26 de dezembro de 2024
Política

PDT pode caminhar com “terceira via” em 2014

Presidente do PDT revela ao Jornal Tribuna do Planalto que partido tende a caminhar com a candidatura de Vanderlan Cardoso (PSB) ao governo do estado em 2014. Para deputado Flávia Moraes. 


A deputada federal Flávia Morais é hoje a política de maior patente do PDT. Ela e o presidente regional do partido, o ex-prefeito de Trindade George Morais, defendem que a agremiação agregue a chamada ‘Terceira Via’ e dê suporte à pré-candidatura de Vanderlan Cardoso ao governo em 2014. O PDT, porém, está completamente divido quando o assunto é sucessão eleitoral. Há tendências dentro do partido que apoiam a aliança com o bloco PT-PMDB, outras que são mais simpáticas a apoiar a base do governador Marconi Perillo (PSDB) e tem lideranças até mesmo que trabalham para a candidatura do atual prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT). Flávia acredita que Vanderlan é a melhor opção para a população do Estado, devido a sua estrutura partidária pequena. Desta forma, caso seja eleito, não terá amarras no governo e poderá governar “livre e solto”. A deputada, no entanto, fala que a decisão do partido ocorrerá apenas no ano que vem e será discutida dentro do partido democraticamente. A deputada federal Flávia Morais visitou a Tribuna na quinta, 28, onde concedeu entrevista.

Tribuna do Planalto – Como está a estruturação do partido para 2014?
Flávia Morais – Temos trabalhado e nesse ano de 2013 fizemos vários encontros regionais, justamente para ouvir e discutir os grandes problemas do Estado e agora estamos trabalhando para fortalecer e estruturar as pré-candidaturas. No ano que vem devemos estar com uma chapa forte para deputados estaduais e compor com candidaturas com perspectiva de vitória. A ideia é manter ou aumentar as bancadas e fortalecer cada vez mais. Em 2012, o PDT foi o partido que mais cresceu em Goiás, proporcionalmente. Saímos de uma prefeita para 12, de 46 vereadores para 106 e de quatro vice-prefeitos para 16. O PDT é um partido que tem crescido com credibilidade e qualidade e vamos continuar fazendo esse trabalho.

A senhora também trabalha para a sua reeleição no ano que vem?
Também. Estamos incentivando outros candidatos para continuarmos com representantes na Câmara Federal. É a primeira vez que o PDT tem um deputado federal em Goiás, então já é um grande avanço para o partido e temos a responsabilidade de manter isso e até, quem sabe, futuramente ter mais deputados. Estamos muito abertos para isso e temos candidatos com perspectiva de se candidatarem conosco. O projeto é ampliar a bancada federal, talvez não seja um projeto próximo, mas a gente vai trabalhar para isso.

Com relação à chapa para deputado federal deve ser feito o chamado ‘chapão’ com os partidos que o PDT se coligar na chapa majoritária?
Geralmente é assim em Goiás, cada candidato ao governo tem o seu chapão para deputado federal. Já a chapa para deputado estadual ela se compõe de maneira diferente.

Para deputado estadual, o PDT pretende coligar ou o partido tem condições de sair sozinho?
O partido tem condições de sair sozinho, mas vamos dialogar, até porque hoje o que temos são pré-candidaturas. Às vezes, temos um pré-candidato que amanhã não quer ser mais candidato, então não podemos firmar um posicionamento definitivo para uma coisa que vai acontecer no ano que vem. Hoje, temos condições, mas no ano que vem vamos reavaliar, confirmar as candidaturas e avaliar se existe a necessidade de fazer uma coligação ou se o partido caminha sozinho.

Na chapa majoritária a tendência é o PDT apoiar a ‘Terceira Via’?
Aí são várias respostas (risos). Tem a tendência do partido e tem a tendência pessoal da deputada. Tenho simpatia pelo Vanderlan, até por coerência, já que o apoiamos na eleição passada e também pela deferência que ele tem tido com o PDT. Apoiou para prefeito de Senador Canedo o deputado estadual Misael Oliveira (PDT), que hoje administra a cidade. Já comprovou ter competência administrativa e tem perfil de sério, honesto e com certeza tem condições de ser um grande governador. Ao mesmo tempo a gente sabe que o partido tem várias tendências. O PDT não é um partido pequeno. Temos 12 prefeitos, várias lideranças, deputados estaduais e nós precisamos discutir. Não é uma prática comum de todos os partidos, porque geralmente a decisão é tomada por uma ou duas lideranças, mas a gente quer deixar o PDT aberto. Tivemos a coragem de fazer até uma enquete nos encontros para avaliar as tendências e a gente sabe que existem várias e o que temos discutido e debatido é que não é o momento do partido ter um posicionamento oficial, até porque as candidaturas não estão colocadas. Não sabemos quem é o candidato do PMDB, do PT, quem é o da base do governo. Não há nada oficial. Estamos avaliando, acompanhando e no momento oportuno o partido vai se reunir e tomar uma decisão oficial. Existe essa posição pessoal e existem as tendências dentro do partido, que reconhecemos e respeitamos, porque nesse momento são legítimas. Cada grupo com uma tendência vai querer lutar para manter seu posicionamento, mas o importante é que depois da decisão oficial, possamos caminhar juntos, isso é que temos falado e conversado muito.

As correntes que tentam levar o PDT para a oposição, tanto para o PMDB/PT, como para a ‘Terceira Via’, são majoritárias em relação à base do governo?
Com certeza a maioria do partido está compondo com os partidos de oposição e existe ainda a possibilidade da oposição compor e até criar uma candidatura única. Isso não é impossível que aconteça.

Isso facilitaria uma decisão do PDT?
Com certeza e até a vitória da oposição. Esse seria o caminho mais racional, mais prudente, mas a gente sabe que não é assim, matemático. Isso envolve muitas coisas, é preciso muito desprendimento. Quem coloca sua candidatura ao governo tem mesmo é que defender e colocar ela como irrevogável, porque quando não é assim não se caminha. Acredito que é legitima a postulação de todos os pré-candidatos. Mas vai chegar o momento de afunilar, que vai haver mais tempo de discussão e a definição vai acontecer. Aí torço para que prevaleça o bom senso. Temos não só a vaga do governo, mas a do senado e do vice-governador, que são todas posições importantes, que com uma composição inteligente com certeza vai ser vitoriosa.

Quando será essa hora de afunilar as forças?
Sabemos que esse é o momento de cada um trabalhar e se fortalecer. Mas vai chegar uma hora que o tempo vai acabar e que vai ser preciso juntar. Dependendo dessa junção, a oposição pode sair muito fortalecida, mesmo hoje havendo um movimento intenso do governo pela sua reeleição, inaugurando obras e fazendo muita propaganda. No momento oportuno, quando houver uma definição e haver uma composição inteligente, a oposição sairá bem fortalecida. Hoje, a oposição como um todo tem candidato que está pau a pau com o governo, que tem toda uma estrutura e a propaganda que tem feito. Esse sentimento de mudança da população é muito forte e a gente pensa que pode ser preponderante. Temos de um lado a máquina de governo, de outro lado estrutura partidária e outro lado essa vontade de mudança. De repente isso pode acontecer. Vamos ver o que fala mais alto.

A sra. acredita que o período do atual governo tende a se esgotar em 2014?
É natural a alternância de poder. É importante sangue novo, ideias novas, projetos novos. O atual governo e nos outros que esteve junto com eles, contribuíram para Goiás, só que chega um momento que o povo enseja por mudanças. Goiás chegou nesse ponto e isso vai ser bom para o Estado. O povo está certo em querer experimentar uma coisa diferente e acredito muito nessa possibilidade. Precisamos começar a priorizar áreas importantes. Temos alguns problemas em nível de governo e Estado que precisamos avançar, como a questão da saúde e segurança. Dizem que isso é problema nacional, mas segurança é responsabilidade do Estado e temos que enfrentar e não dizer que fulano ou ciclano é que tem que fazer. É preciso ideias criativas, unir forças e trabalhar para ver a coisa acontecer. Muitas vezes o que é mostrado na propaganda não condiz com a realidade. E hoje vemos o eleitor percebendo isso claramente. Ele já comenta: “como falam que isto está tão bom assim, mas não está acontecendo”. Percebemos que é preciso ter um foco diferente, mas ação, responsabilidade e compromisso para encarar os problemas e trazer soluções que aconteçam e que não sejam eleitoreiras. Precisamos de governo que pensa nas próximas gerações e não nas próximas eleições.

A terceira via encabeça pelo Vanderlan Cardoso tem menor estrutura partidária do que os outros projetos. Isso pode enfraquecer a ‘Terceira Via’?
Acredito que esse seja um ponto positivo da candidatura do Vanderlan. Esses acordos, composições partidárias amplas, que foram feitas nas últimas eleições, comprometem a independência, a autonomia da gestão. Às vezes por conta de acordos políticos você tem que colocar em órgãos determinadas pessoas de partidos que não contribuem. Acredito que vai ser muito bom para Goiás ter uma candidatura que vem e emana de uma vontade popular, sem acordos ou conchavos políticos. Hoje, sinto o governo muito amarrado nessas composições. Se a população conseguir perceber isso, fica muito claro que o Vanderlan é a melhor opção, porque vai chegar livre, solto, independente, com compromisso direto com a população.

Depois de eleito fica mais fácil governar, mas não fica mais difícil se eleger

Isso já aconteceu em 1998 e acredito que é possível acontecer agora. A campanha para governo é muito midiática. Se o Vanderlan conseguir passar o projeto, a ideia, a credibilidade e a confiança que o povo quer ver nos governantes, ele pode ter sucesso. Pode não acontecer isso, mas é possível ele conseguir com a mensagem direta à população, sem ter um intermediador, uma liderança, para passar esse recado. Ele conseguindo com que a população compreenda sua mensagem, acredito que é possível vencer. Se formos analisar as pesquisas que já tem, que não são decisivas, o desempenho da ‘Terceira Via’ não é tão ruim. A rejeição é baixíssima e sabemos que potencial há. Temos que acompanhar e avaliar. A eleição não será fácil para ninguém. Ninguém pode falar que está eleito no primeiro turno, que já ganhou a eleição. Todos os grupos sabem do desafio que será essa eleição de 2014. Todo mundo tem que trabalhar pelo que acredita e o povo tem que ficar muito atento, porque é importante saber escolher certo para depois falar que escolheu bem e foi bom para Goiás. O segmento político está desacreditado, mas há muita gente boa que quer trabalhar.

A sra. pessoalmente e ex-prefeito George Morais teriam dificuldade de apoiar o PMDB/PT ou a base do governo, se o partido assim decidir?
Se temos a nossa intenção pessoal, é claro que vamos sentir se isso não for o desejo da maioria. Mas a gente precisa conversar e amadurecer esse processo. A gente sente que no partido existe uma tendência grande para nos acompanhar, não temos dificuldade de ter o apoio do partido. A gente reconhece e respeita as outras tendências. Vamos discutir, porque os argumentos vão nos convencer ou os convencer. As circunstâncias também pesarão. É muito precipitado querer colocar isso na mesa agora, porque as candidaturas não estão colocadas. De repente a gente está defendendo uma ideia que nem se concretiza. Tem um grupo do partido que defende a candidatura do Gomide, que considero um bom nome. Mas será que ele consegue ser o candidato? O PT tem um acordo com o PMDB. Tem um grupo que defende o Júnior (Friboi), tem um grupo que defende o Iris, então é muito cedo para fazer qualquer previsão. Acredito muito na possibilidade do PDT caminhar com as ideias do Vanderlan. Existe um sentimento no PDT de sair dessa polarização. O PDT hoje é um partido independente em Goiás, sem amarra nenhuma. Temos a liberdade de escolher e acompanhar o que for melhor para Goiás. E vamos trabalhar e pensar nisso.

Há uma tendência nacional de o PDT apoiar a reeleição da presidente Dilma. Caso o PDT fique com a ‘Terceira Via’ em Goiás e apoie a Dilma nacionalmente, não ficaria uma situação estranha?
Ficaria, não é o que eu desejo. Temos uma posição clara e até então, o PDT nacional tem a mesma posição. Não gostaria que fosse assim, mas a gente tem uma tendência também a apoiar a presidente Dilma. É impossível conjecturar algo agora, porque o cenário não está definido. A composição nacional ainda pode mudar e, às vezes, a candidatura de Eduardo Campos acaba virando. Acreditamos que com a vinda da Marina isso pode ficar mais difícil, mas nada é impossível. Temos que acompanhar. Independente da decisão do PDT nacional, reconhecemos o grande governo da presidente e sabemos de sua importância para o Estado. Hoje grande parte das obras de Goiás são feitas com recursos do Governo Federal. Dilma tem sido extremamente republicana, no sentido de ajudar e apoiar o governo com recursos, e os municípios também. Ela também tem tido uma sensibilidade muito grande com a área da saúde.

Qual o caminho para a união das oposições em Goiás?
Os líderes devem ceder na hora certa e trabalhar em cima de projeto, não nomes. Esse grupo tem que pensar em o que vamos fazer para resolver os problemas instalados na sociedade, como transporte, segurança, saúde… Cada um tem que fazer a sua parte. É difícil ceder agora, porque não há como saber quem vai estar bem ou mal no ano que vem. Nesse momento é cada um trabalhando como está, mas, no momento oportuno, com avaliação séria, critérios definidos e fazendo uma avaliação dos nomes, aí sim acho que quem não está naquela situação que gostaria deve ceder e ajudar de outra forma para que exista uma chapa vitoriosa.

Você acha que até o final de março dá para formar uma boa chapa?
Acho que sim. Já está acontecendo uma cessão nesse sentido. Até então parecia que não ia ter, que ia levar a diante, mas parece que hoje já existe a compreensão de que hoje o PT é um partido importante, tem bons nomes que ocupam cargos em municípios, e é um bom senso dessa composição que vemos acontecer. Vemos uma quebra na intransigência e pensamento no coletivo. Assim já percebemos que vai ser possível. Quando tiver que acontecer mesmo, vai sentar todo mundo e vai ter que resolver. Cada um terá sua força para mostrar e verá quem ficará em cada lugar. Se tiver essa disponibilidade, essa compreensão e esse respeito, esse desprendimento e esse pensamento no coletivo, não tem erro.

A sra. acha que essa divisão entre o PMDB e o PDT foi o grande causador da derrota de vocês dois em Trindade no ano passado.
Não. Acredito que, em Trindade, o motivo da derrota de alguns foi o investimento. O poder econômico foi muito forte e houve uma estrutura de campanha muito desigual. Temos consciência disso e respeitamos a decisão do povo de Trindade; temos um carinho enorme por eles. E, agora, torcemos para que tudo caminhe bem. Continuarei contribuindo com o município como deputada. Hoje estamos mais focados nesse projeto estadual, mas sempre com um carinho grande pelo município.
A sra. tem acompanhado a administração do atual prefeito? Que avaliação faz?
É difícil avaliar. Acredito que administração é cheio de altos, baixos, dificuldades e realizações. E não queremos ficar criticando, queremos fazer a nossa parte. Eu, como deputada federal, já consegui levar muitos recursos para Trindade. Hoje está sendo construído na cidade um Instituto Federal Goiano (IFG), e estamos ajudando a estruturar uma bancada para ajudar em uma importante obra, quatro Cmeis, que vão atender à demanda da educação infantil no município, com recurso já na conta. Também conseguimos uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que vai ser muito benéfica para Trindade e conseguimos mil vagas para o Jovem Trabalhador, um projeto profissionalizante para jovens de 18 a 29 anos, são seis meses de qualificação. Estávamos programando levar mais R$ 1 milhão em recursos, porém a prefeitura está inadimplente e não consegue empenhar até o fim do ano. Organizando-se no ano que vem, levaremos a quantia.

A sra. teve mais de 150 mil votos nas últimas eleições. Qual a meta para o ano que vem?
(risos) Sempre aumentar, não é? Mas Deus vai colocar as coisas como elas devem ser e a gente vai fazer o nosso trabalho como sempre fizemos. Estamos trabalhando em todo o Estado. O PDT, como eu disse, é um partido que tem se consolidado a cada dia. Temos vários prefeitos trabalhando e tendo reconhecimento. Ficamos orgulhosos de ver nosso pessoal trabalhando e outros prefeitos, que não são do PDT, e têm sido parceiros.

Há projetos novos?
Queremos estender o BRT até a região do Entrono de Brasília. Inclusive, na última semana, foi votado o Estatuto da Metrópole. Conseguimos incluir o DF dentro dos critérios da estruturação da região metropolitana e seria impossível a gestão do sistema coletivo entre Goiás e DF sem essa previsão legal. Estamos participando também da Comissão de Organização dos Municípios, onde também trabalhamos e conseguimos aprovar na Câmara e no Senado, a possibilidade da emancipação dos municípios. Conseguiu ser aprovado, foi vetado pela presidente e agora vamos trabalhar para derrubar o veto. Se não conseguirmos, tentaremos outra alternativa, talvez uma PEC sobre o mesmo assunto, porque entendemos a importância de resgatar essa possibilidade de criar novos municípios. Sou também relatora da CPI de tráfico de pessoas. Já apresentamos um relatório parcial e vamos concluir no final deste ano ou início do ano que vem. Além disso, também temos trabalhado na área do idoso, para fazer valer seu estatuto. E sou coordenadora adjunta da bancada feminina, que é pequena, mas muito trabalhadora e atuante


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