20 de dezembro de 2024
Política • atualizado em 13/02/2020 às 00:04

Paulo Garcia reafirma que recebeu de Iris prefeitura com dívidas

Aliados outrora, Clécio Alves e Paulo Garcia fizeram jogo de ataque e defesa na Câmara (Foto: Prefeitura de Goiânia)
Aliados outrora, Clécio Alves e Paulo Garcia fizeram jogo de ataque e defesa na Câmara (Foto: Prefeitura de Goiânia)

Primeiro o vereador Clécio Alves fez desafio. Depois o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia rebateu apresentando documento. O peemedebista fez defesa da gestão de Iris Rezende dizendo que não foram deixadas dívidas para a atual gestão e dinheiro em caixa. O petista apresentou um documento em que o estado cobra da prefeitura na área da Saúde que hoje gira em torno de R$ 300 milhões. Foi o momento mais quente da prestação de contas do chefe do Executivo na Câmara Municipal.

Ataque

Clécio Alves começou dizendo que desde que o prefeito o escolheu para ser oposição, pelo fato de ele não ter votado favorável ao projeto de atualização do IPTU 2016, os dois nunca mais se falaram por telefone e nem pessoalmente. Em seguida, o peemedebista fez críticas a cobrança do adicional do imposto e da gestão do petista.

O vereador que continuamente critica o prefeito na Câmara, ficou de pé, em frente a Paulo Garcia e continuou a apresentar algumas situações, entre elas a mais contundente de que Iris Rezende não deixou dívidas para Paulo Garcia e R$ 200 milhões em caixa.

Na última prestação de contas, o prefeito havia dito que recebeu prefeitura com débitos a serem quitados. Clécio Alves disse que se as palavras de Paulo Garcia fossem verdadeiras, se deslocaria de joelhos no meio do plenário, de uma ponta a outra.

“Na outra prestação de contas o senhor prefeito disse que o ex-prefeito Iris Rezende que é meu padrinho, meu espelho político, meu amigo, porque pra mim política tem gratidão, lealdade política tem consideração. Embora o prefeito pense diferente de mim, mas eu respeito. Iris me confidenciou no dia que deixou a prefeitura com R$ 200 milhões em caixa. Se eu estiver mentindo, me desminta. Mostre que vou andar de joelho”, argumentou.

No momento mais contundente da crítica foi quando Clécio Alves disse que é amigo de Iris e que não se deve se desfazer do ex-prefeito. Para fazer isso, precisaria lavar a boca.

“Tem pensar muito. Tem que lavar muito a boca para desfazer do prefeito Iris Rezende Machado, Tem que lavar com soda para querer falar mal daquele homem. Sou a voz dele nesta Casa. Sou o líder do PMDB nesta casa, sou amigo do Iris. Eu não cuspo, eu não escarro na cara de quem deu tudo. Jamais faria isso. É um desabafo. Se não tiver dito alguma coisa que não seja verdade, então mostre. Se o ex-prefeito Iris tiver deixado dívida eu arrasto o meu joelho aqui pedindo perdão ao senhor prefeito”, afirmou.

Clécio Alves disse ainda que respeitava bastante Paulo Garcia e o defendia, foi bastante criticado por isso, mas não se arrepende.

Resposta

O prefeito começou respondendo que não é fácil mudar de opinião. Que o afastamento dos partidos não foi por uma opção dele e que não ocorreu somente em Goiânia. Paulo Garcia disse que não denegriu a imagem de Iris e que não há a necessidade de apresentar de o parlamentar ir de joelhos de uma ponta a outra do plenário.

“Não é fácil mudar de posição. O afastamento entre os nossos partidos não foram provocados por mim e não se deu só na cidade de Goiânia. Acho que o senhor não merece andar de joelhos e se machucar por nada. Os senhores jamais me viram eu tecer qualquer comentário que denigra a imagem do ex-prefeito que me antecedeu. Apesar da separação partidária neste momento, tenho por ele a mesma admiração que tive, apesar de em alguns momentos não concordar com a visão dele, mas sempre o respeitando pela sua vida pública. Eu nunca denegri a imagem. Quando eu afirmei que recebi a prefeitura com dívidas nunca reclamei disso. Só uma prova contundente”, destacou.

Paulo Garcia apresentou um processo em que a prefeitura de Goiânia é cobrada pelo Governo de Goiás, uma dívida que hoje ultrapassa R$ 300 milhões. Na prestação anterior, o prefeito já havia destacado o débito, mas não informou que processo tramitava no Judiciário, relativo a débito na área da Saúde no período da transição da gestão de Iris para a dele.

“Só uma prova contundente vou tornar pública agora, pois o vereador me pediu que tornasse. Esse é um processo que tramita no poder judiciário, o processo tem o seu protocolo de número 448503-51.2013.8.9.00.51 uma cobrança do estado de Goiás que a época era estimada em R$ 172 milhões. Hoje segundo os dados atualizados pelo meu secretário de Saúde, que é uma pessoa não filiada ao meu partido, já ultrapassa a R$ 300 milhões. Não faço críticas a motivação da paralisação do pagamento. Mas só esta dívida que a prefeitura tem para com o estado, ultrapassa R$ 300 milhões”, argumentou.

O prefeito terminou a resposta dele dizendo que teve profunda tristeza com o afastamento de PT e PMDB. Afirmou que sofreu bastante, mas que superou a situação. Ressalto que coloca à disposição o sigilo telefônico dele.

Espiritual

Questionado sobre quem estaria certo, se Paulo Garcia ou Clécio Alves, o presidente da Câmara, Anselmo Pereira (PSDB) não tomou partido e disse em bom humor que a questão acabou se tornando espiritual.

“Eu acho que ficou esta questão mais no campo espiritual. Eu, por exemplo, quando pago as minhas promessas vou a Trindade a pé. Agora esta questão de joelho não me compete dirimir as questões espirituais”, declarou o chefe do Legislativo.


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