Apesar da suspeita de corrupção que ronda dois de seus ministros, o governo francês deve vencer com folga as eleições legislativas de 11 e 18 de junho, segundo um novo levantamento realizado pela empresa Kantar.
O estudo, publicado pelo jornal “Figaro”, sugere que o movimento centrista República Em Frente!, do presidente Emmanuel Macron, deve ter a maioria absoluta da Assembleia Nacional.
Com 31% dos votos, a sigla reuniria entre 320 e 250 dos assentos. Para ter a maioria absoluta nessa Casa, de 577 assentos, é necessário chegar a 289 deputados.
Os conservadores Republicanos, por sua vez, teriam 18% dos votos, traduzidos em entre 140 e 155 cadeiras. O voto na França é por distrito e, portanto, não há uma relação direta entre a porcentagem geral e cadeiras.
Se essa previsão for cumprida, será uma excelente notícia para o governo de Macron. As legislativas, um mês depois das eleições presidenciais de 7 de maio, são uma etapa tão importante na França que costumam ser apelidadas “terceiro turno”.
Sem a maioria da Assembleia Nacional, Macron teria afinal dificuldades para aprovar as reformas que prometeu em sua campanha, como mudar a lei trabalhista.
Ele precisaria também aceitar um premiê imposto por outro partido, o que reduziria seus poderes no cargo. Essa situação, que trava o governo, é conhecida na França como “coabitação” e não ocorre desde 2002.
Macron foi eleito presidente em 7 de maio com 66% dos votos, contra os 34% de sua rival, a ultranacionalista de direita Marine Le Pen.
Le Pen, que representa o partido Frente Nacional, deve ter 17% dos votos nas eleições legislativas, somando entre 10 e 15 cadeiras, diz o estudo Kantar.
O Partido Socialista -antes no governo com François Hollande chegaria a 8% dos votos, ou entre 40 e 50 deputados. Já a esquerda radical França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, teria 12%, entre 20 e 30 cadeiras.
A pesquisa foi realizada de 24 a 28 de maio com 2.022 pessoas. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
CORRUPÇÃO
Um dos trunfos de Macron, que pode explicar as boas perspectivas eleitorais, foi ter formado um governo bastante diverso após tomar posse. Ele nomeou o conservador Édouard Philippe como seu primeiro-ministro.
O gabinete inclui socialistas e conservadores, misturados a membros da sociedade civil sem experiência na política. Há também igualdade entre homens e mulheres.
Por outro lado, o presidente enfrenta a mesma maldição de seus antecessores: denúncias de corrupção contra membros de seu governo.
Já são dois os ministros acusados de irregularidades.
Marielle de Sarnez teria empregado um assessor parlamentar de maneira ilegal. Richard Ferrand, que coordenou a campanha de Macron à Presidência, teria se beneficiado de uma transação ilegal no mercado imobiliário.
O governo defende por ora ambos os ministros, que negam as irregularidades.
As acusações têm especial impacto porque Macron foi eleito com uma plataforma contrária à corrupção, apresentando-se como um modelo de honestidade. Uma situação semelhante contribuiu para que o então candidato conservador, François Fillon, perdesse as eleições.
Uma pesquisa de opinião publicada nesta quarta-feira (31) mostra que a maior parte dos eleitores querem que os dois ministros acusados renunciem -70% querem a saída de Ferrand e 62% pedem que Sarnez deixe o seu posto.
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