21 de dezembro de 2024
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Parlamento britânico será reaberto na quarta; falta de acordo ameaça May

A primeira-ministra do Reino Unido Theresa May após as eleições da última quinta (08)
A primeira-ministra do Reino Unido Theresa May após as eleições da última quinta (08)

A líder do Parlamento britânico, Andrea Leadsom, anunciou nesta quinta-feira (15) que o discurso da rainha -evento que marca a inauguração de um novo Parlamento e o início de um novo ano parlamentar acontecerá na próxima quarta (21), dois dias depois da data em que estava originalmente marcado.

O discurso é redigido pelo governo, enumerando as políticas que a primeira-ministra pretende implementar durante o ano, e deverá ser lido pela rainha Elizabeth 2ª. O discurso precisa ser aprovado pelo Parlamento para que o governo possa dar sequência às suas iniciativas.

O anúncio da data do discurso da rainha sinaliza que a primeira-ministra Theresa May está perto de fechar um acordo com a pequena sigla norte-irlandesa DUP (Pardido Democrático Unionista, na sigla em inglês) para formar o governo.

O adiamento do discurso ocorreu após o revés do Partido Conservador nas eleições da última quinta-feira (8).

A líder britânica, que havia pedido a antecipação das eleições para tentar fortalecer sua base no Parlamento, acabou perdendo a maioria legislativa que tinha. Pelo calendário original, a eleição deveria acontecer só em 2020.

Os conservadores perderam 13 cadeiras, ficando com 318 de um total de 650, e esperam contar com os votos dos 10 parlamentares do DUP para conseguir aprovar legislações.

IMPASSE EM ACORDO

Veículos de comunicação britânicos apuraram nesta quinta-feira que ainda não há um acordo definitivo entre o Partido Conservador e o DUP e que May está apostando em um blefe dos líderes da sigla norte-irlandesa para conseguir governar.

A primeira-ministra conta que, mesmo que os parlamentares do DUP não aprovem seu discurso da rainha, eles optariam por se abster em vez de votar contra.

Hipoteticamente, uma negativa do DUP ao discuso tiraria de May os votos necessários para poder formar um governo, de modo que essa prerrogativa seria passada para o líder da segunda maior força no Parlamento, o Partido Trabalhista.

Mas o DUP considera muito radicais as propostas do líder trabalhista, Jeremy Corbyn, e não quer dar a ele a chance de se tornar primeiro-ministro.

Assim, mesmo que os conservadores não consigam fechar uma aliança formal com o DUP até a próxima quarta-feira, May poderá formar um governo de minoria. Nesse cenário, a primeira-ministra precisaria do apoio ocasional de outras siglas para aprovar cada legislação, sem que essas legendas tenham cargos no gabinete.

ACORDO PROGRAMÁTICO

Nos últimos anos, o DUP deu apoio a várias medidas apresentadas pelo governo do Partido Conservador, indicando que as duas legendas têm acordo programático em muitos pontos, o que facilita a formalização de uma coalizão.

Por exemplo, ambas concordam com as diretrizes que May vem adotando para o “brexit”, o processo de saída da União Europeia, aprovado pelos britânicos em plebiscito no ano passado. A primeira-ministra quer conduzir um “brexit duro”, nome dado à retirada completa do Reino Unido, inclusive do mercado comum, que congrega 500 milhões de consumidores.

Por outro lado, há alas dentro do próprio Partido Conservador que se opõem a um acordo de governo com o DUP.

Esses setores entendem que a coalizão pode agravar o processo político na Irlanda do Norte por fazer com que Londres tome um lado na disputa entre os unionistas do DUP e os separatistas do Sinn Féin, que encerraram décadas de violência armada no país após um acordo de paz nos anos 1990.

(FOLHA PRESS)


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