22 de dezembro de 2024
Política

Para Vanderlan, Código Tributário tem que ser o mesmo em todos os Estados

Candidato ao Senado, Vanderlan Cardoso (PP).
Candidato ao Senado, Vanderlan Cardoso (PP).

O senador eleito com maior votação em Goiás, Vanderlan Cardoso (PP), afirmou em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta terça-feira (9) que defenderá a unificação do Código Tributário no Brasil. Para o ex-prefeito de Senador Canedo e empresário, um país que quer crescer e ser desenvolvido não deve continuar com formas “arcaicas” em relação aos tributos.

“A [reforma] tributária, por exemplo, não é só uma questão do Estado de Goiás, mas do Brasil inteiro. É a reforma tributária que precisa ter regras claras, essa questão de cada estado ter seu código tributário e com as armadilhas que tem dentro do código para fechar e punir as empresas, porque é humanamente impossível a empresa que atua em mais de um Estado ficar atenta a essas armadilhas. […] Ter hoje em Goiás uma legislação e vai para Brasília, que é do lado, tem outra, você chega ao Mato Grosso e é outra. Isso é humanamente impossível, falar em país que queira crescer, que queira ser primeiro mundo dessa forma. Isso é uma maneira arcaica tributária que nós temos”, afirmou.

Leia entrevista na íntegra:

O senhor quebrou uma sequência de várias derrotas nas urnas. Qual sua avaliação?

– Acho que tudo tem um momento certo. Acho que esse foi o momento que Deus escolheu para que a gente fosse vencedor. Mas nas outras eleições que participei, duas eleições mais pesadas, foram seis eleições com esta: ganhei três e perdi três. Mas nas outras eu não me considero um perdedor. Eu sai de Senador Canedo, mais conhecido só ali, e fui para uma eleição a nível estadual, tivemos mais meio milhão de votos, fiquei bem conhecido já. Em 2014, da mesma forma e depois a eleição em Goiânia. Tudo isso contribuiu para que a gente tivesse essa vitória agora nas urnas. Então, Deus sabe de todas as coisas, não sou de ficar reclamando nem colocando culpa em ninguém quando vem alguma derrota. Aliás, eu procurei aprender com os erros para que na próxima a gente possa aperfeiçoar e errar menos.

Se tivesse sido saído candidato a governador agora, rivalizaria agora com Ronaldo Caiado. Porque não?

– Eu acho que não era o momento. O momento agora era mais propício ao Ronaldo, embora que meu candidato ao governo, Daniel Vilela, um pouco desconhecido, não teve um tempo adequado para o pessoal conhecê-lo melhor, suas ideias, seus projetos. E o eleitor também não olha muito isso, plano de governo, essas coisas.

A decisão é emocional?

– É emocional, no calor da emoção. Mas o interessante é que nestas eleições houve um prestar atenção nisso. Quando você pega as propostas que nós apresentamos, eu vi muitas pessoas chegando em mim e dizendo: Olha, Vanderlan, suas propostas das reformas, a quebra desses monopólios, embora sejam disfarçados, mas são monopólios, para a geração de emprego e renda, o que ficou muito marcado, você vai trabalhar muito para a geração de emprego e renda, vai defender muito o trabalhador. Então, olhou muito as nossas propostas. Pelo que aconteceu também você vê que houve uma mudança radical. Dizer que o eleitor não estava observando, muita gente se enganou com isso.

Essa foi a eleição mais marcante vitória?

– A primeira eleição que disputei a prefeito de Senador Canedo foi muito marcante para mim. Foi a primeira, não tinha experiência política e naquela eleição a população me recebeu tão bem, ela marcou muito, foi emocionante. Esta também foi porque a gente já vinha dessas derrotas, embora que eu tiro lições de todas as derrotas. Mas não é bom… Quem falar que é bom perder está mentindo, é um sentimento que você fica… Então, essa eleição acho que a gente lavou a alma, essa votação, o primeiro lugar.

Durante a campanha você foi acusado de roubo. Você fará algo ou deixará como está?

– Eu já fiz. Eu acho que a melhor resposta, primeiro que não respondi da forma agressiva que o senador eleito fez. Eu respondi explicando passo a passo a minha vida. Não é qualquer candidato que pode fazer isso. O interessante é que quando ele diz que eu fui contador em Iporá, eu teria feito uma proeza muito grande porque sai de Iporá com nove para dez anos de idade. E ele confundiu muito Rondônia com Roraima. Eu morei foi em Roraima, são quase dois mil quilômetros de distância. E a história que ele inventou… Ele é um artista, a gente tem que reconhece isso. As histórias que ele inventa e coloca, eu não sou formado em Ciências Contábeis, eu nunca fiz Contabilidade. Na verdade, eu não tenho curso superior nenhum. Meu curso foi o que a vida me ensinou, só tenho o segundo grau completo. Não tenho porque dizer que tenho isso ou aquilo, que sou formado nisso ou naquilo, é a minha experiência da vida. Mas eu já formei muitas pessoas através da nossa empresa. Não é meu perfil de fazer campanha denegrindo a imagem dos outros. Eu sou um pai de família, tenho filhos, funcionários, tenho uma história, todos sabem como eu comecei, e expliquei bem naquele vídeo. Você não pode, em hipótese alguma, partir para esse lado para tentar ganhar votos com isso. Para ele pode até ter dado certo, porque quem elegeu esse cidadão, quem foi? O ex-governador Marconi Perillo. A única bandeira que ele tinha era atacar o ex-governador. E ele achou que dando certo, partiria para cima de todos. Estou vendo ele agredir tantas pessoas, companheiros de chapa, como o governador eleito, Wilder Morais, que são pessoas de bem.

O senhor acionará a Justiça?

– Já entrei. Mas eu acho que virou tão folclórico o caso desse cidadão que o eleitor diz: “Ah, ele é doido mesmo”. Ninguém está acreditando mais no que ele está falando, porque é tanta mentira. Do fundo do meu coração, o Brasil e Goiás passam por tantas dificuldades, são oito anos ali no Senado, o povo brasileiro precisa de cidadãos lúcidos para fazer as reformas que o país necessita. Então, eu espero que ele mude a postura dentro do Senado porque ele teve uma votação muito boa, 1,5 milhão de votos, se não me engano, então ele precisa honrar esses votos que teve. E para honrar os votos, ele precisa ajudar o nosso país, nosso Estado de Goiás. Pode ter gente que gosta das acusações, desse modo que ele fala, ele xinga pastores, padres, então ele tem que honrar de que forma? Olha, nós temos reformas para fazer, vamos defender, entendeu? O Estado de Goiás passa por dificuldades, o que faremos para ajudar o novo governador? O que eu posso fazer? Eu acho que é isso que o povo espera dele.

A vitória de Jorge Kajuru foi uma derrota para Goiás?

– Eu acho que ele foi eleito porque o povo acreditou nele. Então, se acreditou nele, ele tem que honrar isso. Porque do contrário, ele ficará oito anos lá e, talvez não fique isso porque a Casa é severa, mas o povo de Goiás, com tanta dificuldade que passamos e vamos passar, não vai pensar que foi eleito um governador agora para ele fazer as mudanças que precisam, o remédio será amargo, não será brincadeira, se ele quiser tirar o Estado da condição que está. Tem que deixar a paixão partidária agora de lado e todos juntos para ajudar o Estado de Goiás, ajudar o Brasil. Quando eu falo Brasil, não adianta a gente melhorar o Estado de Goiás e o Brasil estar afundado. O Brasil é segurado até hoje pelo agronegócio.

Como será a conversa entre os três senadores que vão representar Goiás?

– Da minha parte, eu não tenho que ficar discutindo. Eu sempre levei [o debate] a um alto nível. Eu defendo ideias, projetos. Questão pessoal eu nunca entrei e não vou entrar. Então, eu acho que ele vai mudar tanto a postura dele quando chegar lá. Eu espero que daqui a pouco tempo os goianos não estejam arrependidos de terem votados nem nele nem em mim. Temos que dar exemplos ali.

Já há uma possibilidade de aliança política com Ronaldo Caiado?

– Desde o início você não me viu fazendo oposição. Eu defendi a candidatura do meu candidato, Daniel Vilela. O governador eleito do Estado de Goiás, agora é o governador de todos. Nem eu nem o partido temos pretensão de fazer oposição só por fazer oposição. Agora, vai depender de cada partido.

Isso também dependerá de Ronaldo Caiado?

– Creio que pela entrevista que Ronaldo Caiado e pelo que ele já falou durante a campanha, sua postura, muita gente estranhou Ronaldo, até acharam que estavam dando tranquilizante para ele. Mas ele soube levar até o final da eleição a postura que teve. Então, acredito que ele vai procurar a união de todos para ajudar o Estado de Goiás. Isso é o que eu espero, que a postura continue dessa forma. Porque se não houver uma união de todos, pode ter certeza que será muito difícil, a médio prazo, nem é a curto prazo, o Estado sair das condições fiscais que está.

O que o senhor poderá fazer de bom como senador da República?

– Eu apresentei, por exemplo, chegar lá firme em cima das reformas. A tributária, por exemplo, não é só uma questão do Estado de Goiás, mas do Brasil inteiro. É a reforma tributária que precisa ter regras claras, essa questão de cada estado ter seu código tributário e com as armadilhas que tem dentro do código para fechar e punir as empresas, porque é humanamente impossível a empresa que atua em mais de um Estado ficar atenta a essas armadilhas.

O senhor defende uma unificação do Código Tributário?

– Sim, isso tem que acontecer. A gente fica falando em país desenvolvido sem ter uma política clara e tributária… Ter hoje em Goiás uma legislação e vai para Brasília, que é do lado, tem outra, você chega ao Mato Grosso e é outra. Isso é humanamente impossível, falar em país que queira crescer, que queira ser primeiro mundo dessa forma. Isso é uma maneira arcaica tributária que nós temos.

A taxa de isenção do Imposto de Renda está com mais de 80% defasada. Qual sua avaliação?

– Quando eu falo sobre reforma tributária, quem é mais prejudicado pelos altos impostos não são os empresários, é a classe trabalhadora. Cada R$ 1 mil de salário do trabalhador, R$ 330 é de imposto, sendo que a gasolina tem 53% de imposto. Quando eu falo de uma reforma tributária é, por exemplo, limitar o ICMS para os Estados, que seja no máximo 20%, o que já é absurdo. Hoje é de 32% no Estado de Goiás. Se limitarmos em 20% nos Estados, 9,25% de impostos federais, que é o normal em quase toda mercadoria. Que seja dos combustíveis, isso é um assalto, hoje é 53% na gasolina. Aí abaixa para 30%, que seja limitado. “Ah, como os Estados e municípios vão fazer?”. Vão vender mais. O cidadão que hoje está quase chegando ao posto e diz: Coloca meio litro de gasolina para mim porque eu quero ir só até a próxima esquina, vai chegar lá e dizer: Coloca dez litros para mim. Entendeu? O Estado arrecada mais, o município arrecada mais e a roda gira. Terá mais emprego, a Petrobras terá concorrência, porque hoje é um monopólio disfarçado, tem que ter concorrência.

O senhor é a favor do fim do monopólio da Petrobras?

– Eu sou contra qualquer monopólio, do gás, do combustível, da energia, tudo que tenha a mão do governo, que está mandando e está desse jeito, é o mais caro do mundo o nosso. Vou citar um exemplo: a nossa empresa gasta um número enorme de gás por mês. Nós saímos de um custo de gás de R$ 1,90 o quilo para R$ 4,60 o quilo, no período de 14 meses.  

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