Fora da lista do ministro Edson Fachin, de investigados na Lava Jato com base em doações eleitorais da Odebrecht, o deputado federal Daniel Vilela disse que o próximo passo é finalizar o inquérito, que continuará no STF. Seus companheiros, porém, gostariam que passo seguinte fosse outro: a retomada urgente dos encontros do PMDB no interior do Estado.
Os encontros são estratégicos para a construção de sua candidatura ao governo no ano que vem. Sem eles, e em quase silêncio, Daniel tem perdido espaço dentro do próprio partido, com aumento das resistências conhecidas, surgimento de outras e crescimento da tese de apoio ao nome do senador Ronaldo Caiado (DEM).
Há poucas semanas, uma data chegou a ser anunciada para o reinício dos encontros, e um local: Inhumas. Mas nada aconteceu. A visão de que buscar a inocência para depois recolocar o pé na estrada é vista como temerária por aliados de Daniel justamente por dar espaço ao avança dos adversários internos e externos.
“Desde que meu nome foi citado, tenho buscado a finalização deste inquérito o mais rápido possível para atestar definitivamente minha inocência e desfazer esse equívoco”, argumentou ele na divulgação da notícia de que está fora da lista de Fachin.
Nesse meio tempo, por exemplo, o pré-candidato governista, José Eliton, intensificou diálogo com prefeitos e lideranças municipais. E o governador Marconi Perillo (PSDB), alvo recorrente dos discursos do peemedebista, também ganhou a estrada e atenção com uma agenda positiva, levando recursos para as prefeituras.
Daniel pode estar querendo primeiro garantir o discurso, para depois subir no palanque. Seus adversários, entretanto, estão discursando, e fazendo da desconstrução de sua candidatura, palanque garantido.
Desde que seu nome e o de seu pai, Maguito Vilela, foram citados, outra cobrança tem recaído sobre ele: retomar a agenda de encontros do PMDB, que dão palanque para a articulação de sua candidatura ao governo no ano que vem.
Daniel freou a campanha desde então (e passou por uma cirurgia), o que deu espaço para a descontrução de sua candidatura dentro do próprio PMDB. E quanto mais adia a retomada da agenda, mais preocupa companheiros.
A estratégia de primeiro buscar a inocência para depois recolocar o pé na estrada é vista como temerária. O peemedebista, no entanto, segue em Brasília e em quase silêncio. Agora, quebrado, para comemorar a decisão de Fachin.
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Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).