30 de agosto de 2024
Brasil

Para não desagradar presidente, Dellagnol teria sugerido que Moro protegesse Flávio Bolsonaro

Nova reportagem publicada neste domingo (21/07) pelo site The Intercept expõe conversas que Deltan Dellagnol trocou com outros procuradores da força tarefa da Operação Lava-Jato. Nos diálogos vazados, Dallagnol teria sugerido que o então juiz Sérgio Moro, ja à caminho do Palácio do Planalto para assumir o ministério da Justiça, protegeria Flávio Bolsonaro no caso Fabrício Queiroz. Segundo os procuradores, o esquema, operado pelo assessor Fabrício Queiroz, seria similar a outros escândalos em que deputados estaduais foram acusados de empregar funcionários fantasmas e recolher parte do salário como contrapartida.

Dallagnol já previa que Flávio “certamente” seria implicado no esquema. Mas além disso, o procurador demonstrou que se preocupava com outra coisa: ele temia que Moro não perseguisse a investigação por pressões políticas do então recém eleito presidente Jair Bolsonaro e pelo desejo do juiz de ser indicado para o Supremo Tribunal Federal, o STF. A essa altura, Moro já havia sido anunciado como novo ministro da Justiça de Bolsonaro, mas não havia tomado posse.

As conversas vazadas foram trocadas entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano. No grupo de procuradores, eles comentavam uma notícia do Portal UOL, sobre o caso Queiroz. “É óbvio o q aconteceu… E agora, José”, disse Dallagnol que pediu a opinião dos colegas sobre os desdobramentos do caso e de como poderia ser a reação de Moro. Jerusa Viecilli, uma das procuradoras criticou a aproximação de Moro com o Governo Bolsonaro: “Falo nada… Só observo”.

Daltan ainda passou a questionar de diversas formas os colegas: “Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo? Agora, o quanto ele vai bancar a pauta Moro Anticorrupção se o filho dele vai sentir a pauta na pele?”, pontuou.

Em outro momento, Deltan conversava privadamente com seu colega de palestras, Roberson Pozzobon. Estava relutante em fazer uma condenação mais severa de Flávio por temer consequências políticas e desagradar o presidente eleito.

Segundo o site em janeiro de 2019, Dallagnol disse, por meio de um grupo, ter sido convidado pelo Fantástico, da Rede Globo, para uma entrevista sobre foro privilegiado. O procurador afirmou aos colegas que estava ansioso para falar do caso que a produção do programa indicou ser o foco da matéria – denúncias envolvendo o deputado federal petista Paulo Pimenta –, mas relutou em aceitar o convite por receio de que tivesse que falar também das tentativas de Flávio Bolsonaro de usar o foro privilegiado para barrar as investigações. “Eu não vejo que tenhamos nada a ganhar porque a questão do foro já tá definida.” Na ocasião, outros procuradores concordaram que a melhor opção era rejeitar o convite do Fantástico para evitar o que um dos procuradores considerou que poderia ser uma “bola dividida Flávio Bolsonaro”.


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