O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ameaçou os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) e do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), de também terem os seus vistos para entrar nos EUA suspensos. A ameaça e outras declarações foram durante entrevista pelo YouTube ao programa Oeste com Elas nesta sexta-feira (25), causando reboliço no mundo político por afetar inclusive apoiadores da família Bolsonaro.
Atualmente, Eduardo está afastado do cargo e vivendo nos Estados Unidos, onde pressiona por anistia ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado. A ameaça aos presidentes das casas legislativas é justamente para pressionar principalmente por perdão ao pai.
Entretanto, membros do próprio Congresso Nacional têm usado o local para manifestações a favor do tarifaço determinado pelo presidente Donald Trump, o que desgasta deputados e senadores de modo geral em virtude dos danos econômicos e à soberania nacional que a chantagem da Casa Branca representa. Nesse contexto, as falas de Eduardo só fazem escalar ainda mais as tensões, mesmo que não tenham lastro real.
Na entrevista, o deputado afastado afirma que ambos correm o risco de sofrer suspensão de vistos e punições políticas, caso deem continuidade ao que chamou de “respaldo ao regime”.
“O Davi Alcolumbre não está nesse estágio ainda, mas certamente está no foco do governo americano. […] E também o Hugo Motta, porque na Câmara tem a novidade da lei da anistia”, disse Eduardo Bolsonaro.
Além da anistia ao pai, o deputado sonha com o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, além de anistia aos já condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Ameaça: “…a coisa ficará ruim”
O deputado ameaçou: “se o Brasil não conseguir pautar a anistia e o impeachment de Alexandre de Moraes, a coisa ficará ruim”.
Durante a entrevista, ele também mencionou a expectativa de que o governo dos Estados Unidos aplique a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. A medida prevê sanções de bloqueio de bens e restrições de entrada em solo americano a agentes estrangeiros acusados de violar direitos humanos.
“O Trump tem um arsenal na mesa dele, e pode ter certeza, ele não utilizou esse arsenal todo”, insistiu o deputado afastado.
Apoiadores Nikolas, Tarcísio e Zema também foram alfinetados
Eduardo Bolsonaro ainda disparou a metralhadora contra aliados bolsonaristas, que na avaliação dele, têm se mantido omissos ou com posturas ambíguas diante da disputa com o STF e da pressão internacional promovida nos Estados Unidos.
Sobre o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) Eduardo disse reconhecer o alcance do colega nas redes sociais, e por isso acha que o parlamentar poderia fazer mais.
“É difícil que ele [Nikolas] não tenha a real dimensão do que está sendo tratado aqui nos EUA […]. Causa certa estranheza que ele tem sido pouco ativo”, criticou.
Sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a reclamação por não retaliar o deputado estadual Guto Zacarias (UB-SP). Zacarias fez críticas a Jair Bolsonaro e se mantém vice-líder do governo na Assembleia Legislativa. “Por que o Tarcísio mantém como vice-líder uma pessoa do MBL, um grupo que defende a minha prisão, a prisão de meu pai, a prisão de jornalistas exilados?”, reclamou nos EUA.
Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo-MG) foi alfinetado por afirmar que Eduardo “criou um problema para a direita” ao atuar pelo tarifaço. Zema é da “turminha da elite financeira”, disse o filho do ex-presidente.
Sobrou para comitiva de senadores
Além disso, o deputado Eduardo Bolsonaro atacou também a comitiva de senadores brasileiros que viajou aos EUA nesta sexta em busca de soluções diplomáticas para o impasse comercial gerado pelas tarifas americanas. Mas o grupo inclui ex-ministros do governo Bolsonaro, como Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Pontes (PL-SP), além do líder do governo Lula no Senado, Jacques Wagner (PT-BA).
Ele considerou a iniciativa um “desrespeito” a Donald Trump e está “fadada ao fracasso”.
Lula reage e cobra punição
Nesta sexta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à falas do deputado federal. Lula criticou tanto Eduardo quanto outros aliados de Bolsonaro que estão apoiando o tarifaço imposto por Trump.
“Veja que absurdo: esses mesmos cidadãos e cidadãs que utilizavam a camisa da seleção brasileira e a bandeira nacional se dizendo patriota, estão agora agarrados nas botas do presidente dos Estados Unidos pedindo pra ele fazer intervenção no Brasil, numa total falta de patriotismo, sem vergonhice, traição”, disparou durante uma solenidade em Osasco (SP).
Sobre a pressão contra os presidentes da Câmara e do Senado, ele pediu mobilização de deputados dos partidos aliados para cobrarem punições ao filho de Jair Bolsonaro.
Além de Lula, a ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, também atacou Eduardo pela ameaça a Motta e a Alcolumbre, classificando como um “crime intolerável contra a soberania e a democracia no Brasil”.
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