Em visita a Curitiba, onde deu uma palestra a empresários, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta quinta (3) que a decisão da Câmara de barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) “vai ajudar a serenar um pouco a política brasileira”.
“Um excesso de turbulência política não contribui para o Brasil”, afirmou Doria, para quem a votação ajuda também a economia.
O prefeito não quis comentar o mérito das acusações contra Temer -“A votação é soberana”, declarou. Mas afirmou que quem estiver insatisfeito com o resultado deve se fazer ouvir pelo voto.
“Quem está ali [no Congresso] foi eleito pelo povo. Querem mudar? 18 [2018]. Teremos eleições democráticas. Exerça ali seu direito de repudiar e trocar”, afirmou.
Esta é a quarta capital brasileira que Doria visita desde o início do seu mandato, em janeiro.
Sobre a possibilidade de uma candidatura à Presidência em 2018, porém, que vem sendo cogitada por parte do meio político, o prefeito desconversa e diz que é “candidato a ser um bom prefeito de São Paulo”. “Ao tempo, o tempo”, afirmou, depois de dizer que viajou atrás de “amigos, e não, eleitores”.
A respeito do racha tucano na Câmara (dos 47 deputados do PSDB, 21 votaram pelo prosseguimento da denúncia contra Temer), Doria afirmou que isso “não fragiliza nem diminui o partido”. “O PSDB tem essa característica: boas cabeças, com ideias que nem sempre são iguais”, declarou.
O prefeito voltou a defender a saída do senador Aécio Neves (PSDB-MG), investigado por suspeita de corrupção, da presidência do partido. E pediu que o PSDB realize eleições ainda neste mês, “no mais tarde em setembro”, para a nova Executiva do partido.
PETISMO
Durante a palestra, com o tema “Gestão pública e gestão privada, a experiência e os possíveis choques”, Doria fez várias críticas ao que chamou de “petismo”, que disse ser “muito nocivo”.
Acompanhado pelos prefeitos de Santo André, Paulo Serra (PSDB), e São Bernardo do Campo (PSDB), Orlando Morando, disse que formavam uma “holding”, e que juntos “colocaram o PT de joelhos” nas eleições do ano passado.
Doria afirmou ter entrado para a política por causa do PT. “Depois de tantas falcatruas, roubos, desfaçatez, eu me senti desafiado a sair da minha zona de conforto e ir para o enfrentamento.”
Para ele, os petistas “traíram os trabalhadores”. “Ou estão com tornozeleiras eletrônicas, ou estão presos, ou indiciados. Porque fizeram mal ao Brasil.”
O prefeito defendeu a privatização de serviços não essenciais ao poder público e a parceria com o setor privado, como nos mutirões para zerar a espera por exames e cirurgias.
Ele criticou políticas assistencialistas como “o Bolsa Família, Bolsa Lula, Bolsa Dilma”, e defendeu a troca de secretários (três já foram substituídos em sua gestão) quando necessário. “Não estavam no ritmo adequado. Isso é normal; não é assim nas empresas?”, disse.
Doria ainda chamou Curitiba de “a capital do Brasil”, “porque a Justiça do Brasil hoje se faz de Curitiba”, e fez menção ao aniversário do juiz Sergio Moro, celebrado na última terça (1º).
“Eu só lamento ter que dizer a vocês que, muito em breve, quem sabe, o Luiz Inácio Mentiroso da Silva vai ter que se mudar para Curitiba”, declarou.
O evento foi organizado pelo Lide Paraná e por entidades representativas do empresariado paranaense. O governador Beto Richa (PSDB) e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), prestigiaram a palestra do tucano, a quem chamaram de “um líder inovador”. (Folhapress)
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