19 de novembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:21

Palocci é indiciado por corrupção passiva na Lava Jato

Antonio Palocci no momento da prisão no dia 26 de setembro. (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Folhapress)
Antonio Palocci no momento da prisão no dia 26 de setembro. (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Folhapress)

Preso na Operação Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci Filho foi indiciado pela Polícia Federal, nesta segunda-feira (24), sob suspeita de receber propina do grupo Odebrecht a fim de defender os interesses da empresa.

“Antonio Palocci Filho, a partir do que foi possível apurar em esfera policial, foi o verdadeiro gestor de pagamentos de propina realizados pela Odebrecht”, diz o despacho de indiciamento, assinado pelo delegado Filipe Hille Pace.

O ex-ministro teria solicitado e coordenado o pagamento de R$ 128 milhões em propina pela Odebrecht, segundo apontam planilhas apreendidas pela PF e intituladas “Posição Programa Especial Italiano”.

O “Italiano”, segundo concluiu a investigação, fazia referência a Palocci, conforme indicam dezenas de e-mails e mensagens eletrônicas de Marcelo Odebrecht e outros executivos da empresa.

Pace refuta a argumentação da defesa do ex-ministro, que afirmou que “Itália”, de acordo com uma mensagem de Marcelo Odebrecht, seria uma mulher. A mensagem a que os advogados faziam referência trata de uma reunião com a ex-presidente Dilma Rousseff, identificada por um pronome feminino -daí a confusão.

Segundo a PF, Palocci recebeu propina “em razão de sua interferência direta em diversos projetos e áreas controladas pelo governo federal e que visavam beneficiar indevidamente a Odebrecht” -como na aprovação de crédito e parcelamento de tributos para empreiteiras e na interferência numa licitação da Petrobras em prol da Odebrecht.

Além de Palocci, também foram indiciados, sob suspeita de corrupção, seus ex-assessores Branislav Kontic e Juscelino Dourado, o empresário Marcelo Odebrecht e, sob suspeita de lavagem de dinheiro, o casal de publicitários João Santana e Mônica Moura (que teriam recebido parte dos pagamentos solicitados por Palocci).

O indiciamento é um dos passos da investigação penal, e mostra que há indícios de que determinada pessoa cometeu um crime, segundo a investigação policial. O relatório será encaminhado ao Ministério Público Federal, que decide, então, se há elementos suficientes para denunciar os indiciados.

Outro lado

Palocci nega as acusações e afirmou que jamais agiu em favor dos interesses da Odebrecht na Petrobras, Congresso ou no governo federal.

Em entrevista à imprensa quando da prisão do ex-ministro, o advogado José Roberto Batochio não negou que Palocci tivesse um bom relacionamento com Marcelo Odebrecht -mas afirmou que isso fazia parte de seu trabalho na Fazenda.

“[Tinha bom relacionamento] com ele e com a torcida do Corinthians. Ele falava com todo o empresariado”, declarou o advogado.

Para o defensor de Palocci, é dever do titular do ministério manter uma boa interlocução com o setor empresarial. “Daqui a pouco, vai ser proibido a um ministro atender pessoas. Precisamos parar com esse clima de caça às bruxas.”

Para a defesa de Palocci, a investigação contra o ex-ministro se baseia em “suposições” e “ilações sem qualquer contato com a realidade”.

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