Depois de garantir a matrícula e os itens da lista de material escolar, providenciar o transporte até a escola é a principal preocupação dos pais. A opção mais tradicional para quem não pode conduzir os filhos por conta própria devido à incompatibilidade de horários ou trajetos, é o transporte público, mas com todas as despesas que entram no orçamento dos pais, esse é um gasto que realmente acaba pesando no bolso.
O administrador de imóveis carioca Jorge Santos, 42 anos é pai solteiro de Jorge Gustavo, 12 anos. Ele encontrou uma solução criativa para driblar a dificuldade de grana. O seu filho sempre estudou na Rocinha, no Rio de Janeiro, mas acabou conseguindo uma bolsa de estudo para estudar em uma escola em outro bairro, São Conrado. Junto com a oportunidade estudar em uma escola melhor, veio a crise e as dificuldades para conseguir arcar com o transporte da criança até a instituição.
Kadinho – apelido pelo qual Jorge é conhecido – precisava pedir carona todos os dias aos motoristas dos coletivos e com a intenção de estreitar os lanços com os motoristas que passavam todos os dias no mesmo horário em ele que estava no ponto com o filho, resolveu oferecer café para os trabalhadores como uma forma de agradecimento às caronas. “Os motorista que passavam às 7:30h no ponto, chegavam às 5h na garagem. Eu pensei: café é realmente uma coisa que será bem-vinda”, disse Kadinho.
O filho de Kadinho percorre um caminho de quase 3km de distância dentro do ônibus e a relação de Kadinho com os motoristas já virou amizade. “Uma vez meu filho esqueceu o livro e eu precisei que um motorista levasse o livro dele na escola, ele levou e ainda desceu do ônibus para entregar o livro na porta”, conta satisfeito.
Com sua iniciativa Kadinho já presenciou de tudo. Tem pessoas que querem pagar pelo cafezinho, outras que não aceitam, motoristas com cara feia e aqueles que amam o que ele fazem e adoçam a jornada com um menorzinho. Hoje em dia, seu custo é quase igual ao do transporte mas a sua ação já virou uma rede de gentileza e generosidade. O cafezinho também é oferecido no caminho de casa, na academia e até na praia. “Nós temos que fazer rir, não custa nada deixar o dia de uma pessoa mais feliz”.
Os motoristas sempre dizem a Kadinho que aceitam oferecer a carona porque sabem que aqueles estudantes serão as pessoas que, no futuro, irão tornar o Brasil um país melhor. “Eu sempre estudei em escola pública, mas estudei nas melhores escolas. O meu pai me incentivou e eu sempre vou incentivar o meu filho da mesma forma. Fico feliz com a oportunidade que ele tem, ele estuda em um bom colégio particular e com professores da PUC. Isso é uma oportunidade única”, conclui Kadinho.
Segundo a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), foi autorizado um acréscimo de 2,7% no valor das passagens da capital baiana em 2018. Com isso, as passagens passaram a custar R$3,70, R$ 010 a mais que no ano anterior. O aumento parece pequeno mas faz uma diferença enorme no bolso das famílias, principalmente se a criança ou jovem não estudar perto de casa ou precisar pegar mais de dois transportes por dia.
Essa é a realidade de Mariene de Souza Borges. Sua filha Camile Souza faz um curso longe de casa e precisa pegar quatro transportes. “Apesar do curso não ser todos os dias da semana, quando a gente faz os cálculos no final do mês, o gasto é enorme. É apenas eu e ela dentro de casa e, atualmente, sou a única que trabalha. Ela apenas estuda, então, já pensei várias vezes em escolher o curso ou outra coisa, mas eu sempre dei prioridade a sua educação”, conta Mariene.
Acreditar na educação realmente é o caminho para mudar o país e atitudes batalhadoras como a de Jorge e a de Mariene fazem toda a diferença. O Educa Mais Brasil também contribui com a educação do país. O programa oferece bolsas de estudo de até 70% para educação básica, cursos e cursos de graduação.
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