Faleceu na última sexta-feira (11), aos 71 anos, o padre César Luis Garcia, figura marcante da Igreja Católica em Goiânia e conhecido nacionalmente por sua postura progressista, acolhedora e corajosa. A despedida ocorreu neste sábado (12), com velório às 7h na Paróquia Mãe de Misericórdia. Segundo informações do pessoal da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Misericórdia, ele estava tratando-se de um câncer ósseo, no ílio, osso que fica localizado na bacia.
Ordenado sacerdote em 12 de dezembro de 1984, pelas mãos de Dom Fernando Gomes dos Santos, primeiro arcebispo de Goiânia, padre César assumiu com firmeza o compromisso de anunciar o Evangelho, ensinar a doutrina católica e viver o ministério em comunhão com o magistério da Igreja. Atuou como padre diocesano, sempre próximo das pessoas e das causas sociais.
Padre que rompeu padrões
Sua trajetória foi marcada pelo espírito de inclusão e por atitudes que romperam com os padrões tradicionais. Em 2014 ficou conhecido em todo o país ao abençoar um casal gay em Goiânia, o que gerou forte repercussão nas redes sociais e resultou em sua suspensão temporária das funções sacerdotais.
Na época, ele explicou que participou do momento como amigo do casal e que havia apenas feito uma oração, e não um sacramento religioso. A decisão da Cúria Metropolitana de Goiânia foi posteriormente revista após recurso acolhido pelo Tribunal Eclesiástico em Brasília, permitindo seu retorno ao ministério.
Mesmo diante das críticas e pressões, padre César nunca se afastou do que acreditava: um cristianismo baseado no amor, na escuta e na dignidade humana. Seu nome se tornou símbolo de uma Igreja que dialoga com as diferenças e caminha ao lado dos que mais precisam de acolhimento e respeito.
Vida política
Além de sua atuação religiosa, padre César Luis Garcia também teve uma trajetória marcante na vida pública. Foi secretário municipal de Cultura durante a última gestão do prefeito Nion Albernaz, pelo PSDB, período em que promoveu ações voltadas à valorização das expressões artísticas e ao diálogo inter-religioso.
Posteriormente, foi nomeado assessor internacional pelo então prefeito Iris Rezende, conhecido por evitar viagens durante o exercício de seus mandatos. Curiosamente, o padre César, em posição oposta, tornou-se presença constante em voos entre São Paulo e Israel, onde coordenava grupos de turismo religioso na Terra Santa, fortalecendo vínculos espirituais e culturais com comunidades cristãs do Oriente Médio.
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