O município de Senador Canedo vai pedir socorro à Secretaria Estadual de Saúde (SES) em virtude de uma súbita procura por atendimento nas unidades municipais por pacientes de Goiânia. A secretária de Saúde da cidade, Verônica Savatin, informou nesta segunda-feira (29) ao Diário de Goiás que comunicou o Ministério Público estadual na última semana. De acordo com ela, a cidade atendeu 22 mil pacientes moradores de Goiânia de novembro para cá (33% de toda a demanda no período).
A secretária disse que o MP foi procurado por moradores de Senador Canedo que apontavam demora no atendimento nas unidades de saúde municipais devido à superlotação. Ao responder à promotoria local, ela separou os atendimentos de moradores de outras cidades.
“Apresentamos os números. Não há o que fazer. Não podemos negar atendimento às pessoas que procuram unidades de urgência e emergência, que são unidades porta-aberta”, afirma. Ela espera que a SES ajude “coordenando a situação”
Prejuízo financeiro
Por outro lado, Verônica diz que o município está arcando financeiramente sozinho com a explosão na demanda.
A secretária afirmou acreditar que houve redução no atendimento oferecido nas unidades de Goiânia, citando que reportagens recentes em veículos de comunicação mostravam as queixas da população por falta de médicos em diferentes unidades. “Goiânia tem reserva técnica (R$) do Ministério da Saúde para isso e está reduzindo os serviços. Nós não temos, não recebemos por esses atendimentos”, enfatiza.
Prefeitura de Goiânia
Procurada, a Secretaria de Saúde de Goiânia respondeu via nota, justificando que também recebe e atende demanda de moradores de outras cidades da região Metropolitana. Perguntada sobre a demanda de residentes de Senador Canedo nas unidades da Capital, não houve resposta. (Leia a íntegra ao final)
Situação nos pronto-socorros
A secretária de Senador Canedo exemplifica a gravidade da situação citando os Prontos-Socorros do Parque Alvorada e Vila São João. Essenciais para o atendimento médico no município, eles estão enfrentando grande sobrecarga.
De acordo com dados da secretaria, no Pronto-Socorro Parque Alvorada mais de 40% dos pacientes atendidos são provenientes de outras cidades. Desde o início de abril até o dia 15, mais de 5 mil pessoas foram atendidas, sendo 2.119 somente da capital. “E manter o PS do Parque Alvorada custa R$ 1 milhão e 200 mil à prefeitura, por mês”, acrescenta.
O cenário se repete no Pronto-Socorro São João, onde, de acordo com a secretaria, aproximadamente um terço dos pacientes também é de outras regiões. Durante o mesmo período, mais de 4 mil pessoas buscaram assistência médica, sendo cerca de 1.400 pessoas provenientes de outras cidades.
Esses números representam um aumento significativo em relação ao mês de fevereiro, quando a unidade realizou 4.156 atendimentos. “O PS São João custa por mês R$ 800 mil à prefeitura”, pontua.
Segundo Verônica, exceto a UPA Boa Vista, que recebe R$ 380 mil do SUS e R$ 175 do estado, “necessitando de R$ 1,4 milhão dos cofres municipais”, os atendimentos prestados nas demais unidades são totalmente arcados pela prefeitura.
O aumento repentino na demanda é atribuído a diversos fatores, incluindo casos de covid-19, dengue e outros vírus respiratórios que circulam nessa época do ano. Essa situação tem gerado superlotação nos serviços de emergência. Ela acredita que outro fator, também externo, pode ser falta de atendimento nos Cais Amendoeiras e Novo Mundo, em Goiânia.
Íntegra da nota da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia
“A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) esclarece que a busca de moradores da Região Metropolitana por unidades de saúde de urgência de um município vizinho, sempre existiu. O fato não tem relação com ineficiência ou superlotação das unidades, mas ocorre pela comodidade do morador que procura a unidade de saúde mais próxima de sua casa, ou aquela que tem o serviço do qual ele necessita.
Em Goiânia, por exemplo, 30% das pacientes que dão à luz no Hospital de Maternidade Dona Iris, são de outros municípios. No Centro de Referência em Ortopedia e Fisioterapia (Crof), 25% dos atendimentos são de pessoas que moram na Região Metropolitana.”
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