23 de agosto de 2024
Saúde

Ozempic reduz risco de complicações de doença renal crônica e problemas cardíacos, afirma pesquisa

O estudo publicado no The New England Journal of Medicine apontou a redução significativa de complicações em pacientes com problemas renais e diabetes tipo 2
Os resultados da pesquisa com Ozempic podem revolucionar o tratamento de pacientes ao redor do mundo. Foto: Reprodução
Os resultados da pesquisa com Ozempic podem revolucionar o tratamento de pacientes ao redor do mundo. Foto: Reprodução

Uma pesquisa divulgada no The New England Journal of Medicine demonstrou que a semaglutida, o princípio ativo dos medicamentos Ozempic e Wegovy, provocou a redução significativa do risco de complicações renais, problemas cardíacos e morte em pessoas com diabetes tipo 2 e doença renal crônica. Especialistas afirmam que os resultados podem revolucionar o tratamento de pacientes com doença renal crônica, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

O médico intensivista e nutrólogo José Israel Sanchez Robles explica como as doenças impactam no organismo dos pacientes e o que isso gera no quadro clínico. “O diabetes é a principal causa de doença renal crônica, uma condição em que os rins perdem a capacidade de funcionar adequadamente. Nos estágios avançados da doença, os rins não conseguem filtrar o sangue de maneira eficaz, resultando no acúmulo de líquidos e resíduos no organismo. Essa acumulação pode levar ao aumento da pressão arterial, bem como elevar significativamente o risco de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais”, elabora José Israel.

O estudo incluiu 3.533 participantes com doença renal e diabetes tipo 2, divididos entre aqueles que receberam semaglutida e aqueles que receberam placebo. Os pesquisadores acompanharam os participantes cerca de três anos e meio, e descobriram que os que tomaram semaglutida apresentaram uma redução de 24% nos eventos de doença renal, como a perda significativa da função renal, necessidade de diálise ou transplante renal. Foram observados 331 eventos no grupo da semaglutida, comparados a 410 no grupo placebo.

Dr. Katherine Tuttle, professora de medicina da Universidade de Washington e autora do estudo, afirmou que esta descoberta é extremamente promissora. Os resultados foram apresentados na Associação Renal Europeia e publicados no The New England Journal of Medicine.

Ainda sobre o estudo, José Israel pontuou, segundo o que foi divulgado, que os participantes que tomaram semaglutida apresentaram menor probabilidade de morte por problemas cardiovasculares e menor taxa de declínio da função renal.

“Apesar dos resultados positivos, há ressalvas: a maioria dos participantes era homens e brancos,uma limitação do estudo observada pelos os autores, uma vez que a doença renal crônica afeta desproporcionalmente pacientes negros e indígenas. Além disso, os efeitos colaterais gastrointestinais levaram alguns a interromper o uso da semaglutida. Os médicos também querem saber se o medicamento poderia beneficiar pacientes com doença renal sem diabetes e quais são os riscos a longo prazo”, alertou o médico.

Esses resultados indicam que a semaglutida pode oferecer benefícios além do tratamento do diabetes e promoção da perda de peso, incluindo a redução de problemas cardiovasculares. Se a FDA aprovar o novo uso, a demanda pelo Ozempic poderá aumentar, ainda mais que, recentemente, chegou a enfrentar escassez.


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