A expectativa de avanço da reforma da Previdência, a divulgação de indicador de atividade acima do esperado e nova redução nas projeções de inflação, entre outros fatores, deram o tom positivo do mercado financeiro nesta segunda-feira (17).
O cenário externo favorável, com o alívio das preocupações em relação à Coreia do Norte e à Síria, contribuiu para o movimento. Outro motivo que manteve o bom humor dos investidores foi o crescimento da economia chinesa acima do esperado no primeiro trimestre.
O Ibovespa fechou em alta de 2,4%, impulsionado principalmente por ações de bancos. O dólar teve forte queda, ficando abaixo de R$ 3,10. O real, que teve a maior valorização mundial nesta sessão, foi beneficiado pela atuação do Banco Central no câmbio, além da queda generalizada da moeda americana no exterior. No mercado de juros futuros, as taxas também recuaram.
Segundo analistas, a expectativa de avanço das reformas da Previdência e trabalhista no Congresso, apesar do cenário político conturbado pelas delações da Odebrecht, animou os investidores.
As atenções estão voltadas para a apresentação, nesta terça-feira (18), do relatório da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara.
O mercado reagiu ainda ao IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que cresceu 1,31% em fevereiro sobre janeiro, em dado dessazonalizado. O indicador ficou bem acima do esperado pelo mercado, que era de alta de 0,65%, segundo levantamento da agência Bloomberg.
Além disso, na pesquisa semanal Focus, do BC, economistas voltaram a reduzir a projeção para a inflação deste ano, desta vez em 0,03 ponto percentual, para 4,06%. Para 2018, a expectativa para o IPCA caiu de 4,46% para 4,39%.
Os profissionais consultados previram ainda manutenção no ritmo de corte da taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), no fim de maio. Na semana passada, o Copom reduziu a Selic em 1 ponto, para 11,25% ao ano.
“Os sinais de que a agenda econômica está progredindo se sobrepõem ao cenário político e trazem confiança ao mercado”, avalia Maurício Gaioti, analista da corretora Ourominas.
Bolsa
O Ibovespa fechou em alta de 2,40%, aos 64.334,93 pontos. Foi a maior alta percentual desde 12 de janeiro, quando o índice avançou 2,41%. O giro financeiro foi de R$ 10 bilhões, inflado pelo exercício de opções sobre ações, que movimentou cerca de R$ 2,8 bilhões.
O índice foi impulsionado pelos papéis de bancos: Itaú Unibanco PN avançou 4,47%; Bradesco PN, +4,47%; Bradesco ON, +3,91%; Banco do Brasil ON, +4,64%; e Santander unit, +2,48%. Ainda no setor financeiro, BM&FBovespa ON subiu 5,61%.
As ações PNA da Usiminas lideraram as maiores altas do índice, com +7,83%. A siderúrgica divulgou que teve lucro líquido de R$ 121 milhões e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 366 milhões nos dois primeiros meses de 2017.
Os papéis da Petrobras subiram 1,42% (PN) e 0,96%. As ações da Vale fecharam em alta de 0,49% (PNA) e 0,03% (ON), pressionadas pela queda de mais de 3,5% do minério de ferro na China.
Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 avançou 0,84% e o Dow Jones ganhou 0,90%. O índice de tecnologia Nasdaq subiu 0,89%. As Bolsas europeias ficaram fechadas ainda por causa do feriado de Páscoa.
Câmbio
O dólar comercial fechou em baixa de 1,33%, a R$ 3,1050. Além de acompanhar o enfraquecimento da moeda americana no exterior, o câmbio reagiu à atuação do Banco Central. A autoridade monetária iniciou a rolagem dos contratos de swap cambial que vencem em maio. A operação equivale à venda futura de dólares.
Foram rolados neste pregão todos os 16 mil contratos ofertados, no montante de US$ 800 milhões. Ao todo, vencem em 2 de maio US$ 6,4 bilhões em contratos de swap cambial.
De acordo com analistas, a rolagem dos US$ 6,4 bilhões deverá integral, o que contribui para a queda da moeda americana, uma vez que esse montante permanecerá no mercado. A última vez em que houve rolagem total de contratos de swap cambial foi em janeiro.
“Isso significa que está confortável com esse nível de câmbio e prefere deixar o mercado se acomodar nestes patamares, esperando alguma sinalização mais contundente dos mercados externos para atuação”, diz a Lerosa Investimentos, em relatório.
Para a equipe de análise da corretora H.Commcor, a postura do BC sinaliza precaução com o cenário geopolítico, em meio às tensões entre Estados Unidos e Coreia do Norte. “Também indica cautela com o cenário político nacional em tempos de delações da Odebrecht ‘abertas'”, escrevem os analistas.
José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, diz que o dólar segue mais fraco também por causa dos dados americanos de inflação e vendas no varejo de março abaixo do esperado, o que reduz as apostas de aumento mais agressivos dos juros nos Estados Unidos. Ele destaca ainda declarações do presidente Donald Trump, na semana passada, defendendo dólar e juros baixos.
“Por enquanto, a despeito da piora do clima externo e interno, a tendência do dólar segue intacta por aqui: de baixa para o médio e para o longo prazo”, escreve Faria Júnior.
Juros
O mercado de juros futuros também terminou em baixa, seguindo a queda do dólar e a expectativa de novo corte de 1 ponto percentual da taxa básica de juros.
O contrato de DI para janeiro de 2018 recuou de 9,650% para 9,640%; o contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 9,950% para 9,920%; e o contrato para janeiro de 2026 cedeu de 10,360% para 10,300%.
Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos. (Folhapress)
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