O deputado Omar Terra (MDB-RS), apontado como integrante do chamado “gabinete paralelo” que assessora o presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19, voltou a defender a imunidade de rebanho, com a infecção de pessoas, como medida para o controle da doença no País, apesar das evidências científicas apontando no sentido contrário.
A tese da imunidade de rebanho, defendida por Bolsonaro e contestada por cientistas, é uma das linhas de investigação da CPI da Covid, colocando o chefe do Planalto no foco da apuração. Osmar Terra justificou a defesa e as previsões subestimadas feitas no ano passado apresentando dados da China e da Coreia do Sul, que, de acordo com os números citados por ele, controlaram a pandemia no fim de março. Ele afirmou que são opiniões pessoais e que nenhum grupo o assessorou.
Em 2020, Osmar Terra chegou a declarar que a pandemia de covid-19 seria menos grave do que a H1N1 e acabaria já nos primeiros meses. À CPI, nesta terça-feira, 22, ele argumentou que as novas cepas foram o motivo do descontrole e do aumento no número de mortes. “Mutações mais rápidas e surgiram novas cepas. Foi isso que aconteceu. Essas cepas prolongaram o prazo do fim da pandemia.”
Na CPI, Osmar Terra reforçou que a tendência da pandemia é diminuir no Brasil com a vacinação e com a “infecção da população que se contaminou, sem culpa, trancada em casa”. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou Terra de “líder do negacionismo”. “Eu defendo a vacina, eu não sou negacionista. Eu não nego a vacina. Acho que temos de enfrentar qualquer pandemia e a e melhor forma de salvar vidas é trabalhar como foi feito em todas as pandemias”, respondeu Terra.
Renan confrontou o parlamentar com declarações anteriores, quando Osmar Terra disse que a vacina só teria eficácia “depois da imunidade de rebanho”. Desta vez, no depoimento, Terra apontou a vacinação como eficaz para a imunização da população, sem deixar de lado a imunidade por infecção.
“A imunidade de rebanho não é uma técnica, e nem uma estratégia de enfrentamento, é o resultado de qualquer epidemia, inclusive a de uma gripe de inverno”, disse o deputado. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), também criticou as declarações. Para ele, quem incentivou remédio sem eficácia, foi contra isolamento e apostou na imunidade de rebanho é “cúmplice das mortes”.
‘Depoimento inútil’
“Depoimento de Osmar Terra está sendo tão inútil quanto suas opiniões. Precisa apertar sobre o gabinete paralelo, o uso das atrocidades proferidas pelo negacionista para orientar a atuação do genocida.” A frase é do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e foi publicada no Twitter.
Por Amanda Pupo, Daniel Weterman e Sofia Aguiar, Estadão Conteúdo
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