23 de novembro de 2024
Destaque • atualizado em 29/04/2021 às 17:10

Descoberta coloca Goiás no mapa mundial dos dinossauros

Foto: Reprodução Artigo Científico dos Dinossauros de Goiás
Foto: Reprodução Artigo Científico dos Dinossauros de Goiás

A Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade de Edimburgo publicaram um artigo científico sobre a biota do Período Cretáceo (época dos dinossauros) do estado de Goiás, após trabalhos de campo sistemáticos em busca de vestígios de dinossauros e outras formas de vida que habitavam o sul do estado de Goiás há aproximadamente 93 milhões a 66 milhões de anos, por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, em parceria com o Museu Antropológico da UFG.

Intutulado por “Late Cretaceous Bauru Group biota from Southern Goiás state, Brazil: history and fossil content”, o artigo foi publicado na revista Earth Sciences Research Journal (Impact Factor: 0.541 – Qualis nova B1), da Universidade Nacional da Colômbia e reúne, pela primeira vez, todo o conhecimento sobre os animais e vestígios de plantas da Era dos Dinossauros de Goiás. Deste modo, o Estado passa a ter visibilidade em nível mundial ao que conhecimento paleontológico de Goiás para o Cretáceo.

Segundo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), os materiais paleontológicos encontrados pelo grupo de pesquisadores são do grupo dos saurópodes, os herbívoros titanossauros, quadrúpedes, considerados um dos maiores animais da Terra, e também dos terópodes, bípedes e considerados um dos maiores carnívoros do planeta. No artigo é apresentada uma síntese atualizada dos registros de plantas, gastrópodes, tartarugas, crocodilos, titanossauros e dinossauros terópodes e marcas de raízes de plantas deste importante período, até pouco tempo desconhecidos em Goiás.

De acordo com o coordenador de pesquisa e professor da UFG, Carlos Roberto dos Anjos Candeiro, até o final da década de 1970 não havia comprovação da existência de dinossauros em Goiás. “Tínhamos especulações sem comprovações”, disse. No entanto, os trabalhos em campo foram incrementados entre os anos de 2013 e 2018, resultando em um grande aumento nas descobertas de fósseis. “Nossas novas descobertas aumentam os dados comparativos necessários para entender a composição faunística do Brasil Central e a distribuição dos vertebrados nesta área durante o Cretáceo”, ponderou.

Foto: Reprodução Artigo Científico dos Dinossauros de Goiás

Conforme informações da Fapeg, o artigo se preocupou em apresentar a história da paleontologia do Grupo Bauru (Cretáceo Superior), nome que se dá para um conjunto de rochas onde se encontram dinossauros e outros materiais paleontológicos localizadas no sul de Goiás, Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro e oeste de São Paulo, em um resumo estratigráfico e com registros fósseis da biota local. O professor e pesquisador destaca que a fauna fóssil do sul do estado de Goiás é semelhante à de depósitos com idades semelhantes na região do Triângulo Mineiro, oeste do estado de São Paulo e até mesmo na Argentina. Ele acredita, ainda, que o sul do estado de Goiás é uma área promissora para futuras descobertas de fósseis do Cretáceo, que podem ser cruciais para a avaliação da biodiversidade e dos padrões biogeográficos de tetrápodes como dinossauros e crocodilomorfos durante a parte final do Cretáceo, antes da extinção em massa.


A pesquisa em questão é resultado contínuo de um apoio da Fapeg em parceria com o Fundo Newton/British Council – (Confap/Academias Britânicas) que por meio de chamada pública de 2016, viabilizou a vinda do pesquisador do Reino Unido ao Brasil para desenvolver estudos com parceiros brasileiros. No caso, foi contemplado o projeto da área da Paleontologia – Dinosaurs and other fossil vertebrates from the Bauru Group of southern Goiás State, Central Brazil – e trouxe a Goiás o pesquisador Stephen Louis Brusatte, da School of GeoSciences, da University of Edinburgh, para empreender estudos em conjunto com o professor Carlos Roberto dos Anjos Candeiro.

De acordo com a Fapeg, o projeto foi aprovado em 2016, mas ainda é desenvolvido a partir dos materiais de dinossauros e outros animais, que são guardados e estudados no Laboratório de Paleontologia e Evolução/Curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia do Campus Aparecida de Goiânia da UFG.


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