Após quase quatro anos de mandato, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), foi reeleito ao cargo neste domingo (2), com 51,80%. Aos 73 anos de idade, o goiano anapolino, médico, produtor rural e político, que já exerceu no Congresso Nacional os mandatos de deputado federal e senador da República, terá a missão de administrar o Estado por mais uma gestão.
Em atuação na vida pública desde 1980, desenvolveu em Goiás um trabalho respeitável, de acordo a avaliação de grande parte do público goiano, que o reelegeu ainda no primeiro turno nestas eleições de 2022. Os caminhos que o levaram à conquista são vários, de acordo com especialistas, cientistas políticos, também moradores do estado, que acompanharam, de perto, cada passo dado durante a atual gestão.
Um grande destaque é voltado para a pandemia da Covid-19, onde, entre trancos, barrancos, embates com o governo federal e desespero de toda a população, em todo o mundo, o gestor manteve duras regras para manter, durante o período de alta na transmissão do vírus, o controle referente ao isolamento social, além do posicionamento a favor da vacina contra o vírus e a luta para trazê-la à sociedade goiana. Outros fatores colocados em evidência são voltados para o controle fiscal, à segurança pública e ao agronegócio goiano.
Equilíbrio Fiscal
A questão econômica foi, para o cientista político Guilherme Carvalho, um dos pontos primordiais para a conquista do resultado. “O principal feito do governo Caiado, eu diria que foi o equilíbrio fiscal. Isso deu a ele uma margem para que ele fizesse uma nova campanha relativamente segura do ponto de vista de poder ofertar a população a segurança de investimentos e programas sociais em um segundo mandato”, pontuou o especialista.
“Ele tem essa segurança, pois sabe que as contas estão agora no lugar, existe dinheiro no caixa e o Estado tem a capacidade de fazer investimentos, o que, segundo o discurso do próprio governador, não tinha quatro anos atrás. Então acho que o equilíbrio fiscal e equilíbrio de contas são a grande marca da gestão Caiado, em grande parte ao trabalho da Cristiane Schmidt e de outros secretários que foram importantes para construir essa essa perspectiva de maior solidez do trabalho econômico e fiscal em Goiás”, salientou Carvalho.
Agronegócio
Em outro ponto de vista, o cientista político Cristian de Paula Júnior destaca o vínculo histórico e a representatividade de Caiado com a base do agronegócio goiano, como um dos fatores essenciais. “Caiado está muito ligado ao agronegócio em Goiás, tradicionalmente. Não só ele, como a família dele. Ele sempre foi o senador de interesses do agronegócio e isso criou uma moral política dentro desse setor”, enfatizou o especialista.
Segurança Pública
Cristian destaca, também, a visão do público em relação à segurança pública no estado antes e depois do governo Caiado. “Do ponto de vista geral, a opinião pública é que a segurança melhorou muito durante a atual gestão. Por exemplo, a queda no número de assassinatos de de assaltos, roubos”, frisou, com a ressalva de que o chefe do Executivo conseguiu, também, diminuir as estatísticas da violência no estado de Goiás. “Eu acho que isso é o principal, pois tem um apelo muito forte”, salientou.
Articulação Política
Os especialistas evidenciam, ainda, as articulações políticas feitas por Ronaldo Caiado durante sua gestão, visando a reeleição, e recentemente, durante a campanha. “O trabalho de articulação política que o Caiado desenvolveu durante a pandemia, de aproximação dos prefeitos no interior foi fundamental para que a reeleição acontecesse. Em primeiro lugar, ele fez um trabalho de articulação para construir bases e palanques no interior”, lembrou Guilherme Carvalho.
“O reflexo disso foi em março e abril deste ano, onde houve o advento da janela partidária em que boa parte dos deputados estaduais e federais migraram para o partido do governador ou próximos a ele e se tornaram base do governo ao longo do tempo. Isso forneceu a Caiado um arco de alianças amplo o suficiente para que ele tivesse uma campanha relativamente tranquila”, enfatizou o especialista, com a afirmativa de que o gestor adiantou o trabalho, fazendo com que ele tivesse uma relativa folga e segurança para a eleição.
Outro destaque foi voltado, de acordo com Cristian Junior, à aliança com o MDB de Daniel Vilela. “Isso trouxe uma certa fragilidade para o Gustavo Mendanha, que era apontado durante os últimos anos como seu principal oponente, o que deixou o concorrente, de certa forma, isolado. O Ronaldo Caiado tem habilidade e uma experiência política de fazer articulações. E ele fez uma boa estratégia, articulando essas alianças, para enfraquecer aquele que era tido como seu principal oponente”, ponderou o especialista.
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Biografia
Nascido em 25 de setembro de 1949, na cidade de Anápolis (GO), o produtor rural, médico e político filiado ao União Brasil, Ronaldo Ramos Caiado ingressou na vida pública em 1980, quando fundou a União Democrática Ruralista (UDR), com o objetivo de defender os interesses dos proprietários rurais.
À frente da UDR, juntamente com a Organização das Cooperativas Brasileiras e a Sociedade Rural Brasileira (SRB) organizou, em 1987, protesto que levou milhares de agricultores a Brasília. Em 1989, com o restabelecimento das eleições diretas para Presidente da República, candidatou-se ao cargo pelo Partido Social Democrático (PSD) e obteve 488.872 votos.
Antes de chegar ao Executivo, Caiado foi eleito para seis mandatos no Congresso Nacional. Em 1990 foi o deputado federal mais votado de Goiás pelo PSD. Em 1998, 2002 e 2006 venceu eleições para a Câmara como representante do PFL. Em 2010, foi mais uma vez eleito como deputado federal pelo Democratas. Em 2014, candidatou-se ao Senado Federal, sendo eleito por Goiás com o percentual de 47,57% dos votos válidos.
Casado com Gracinha Caiado, o atual governador de Goiás é pai de quatro filhos: Anna Vitória Caiado, Ronaldo Caiado Filho (falecido em julho deste ano), Marcela Caiado e Maria Caiado. Descendente de família tradicional da política goiana, o avô de Ronaldo, Antônio Ramos Caiado, conhecido como Totó Caiado, também foi deputado federal e senador. O tio, Brasil Ramos Caiado, governou o Estado de 1925 a 1929 e depois ocupou o cargo de senador. Já seu primo, Leonino Di Ramos Caiado, foi governador de Goiás entre 1971 e 1975.
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