Com 302 votos recebidos em primeiro turno, de 513 deputados, Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. Lira foi eleito com a promessa de valorizar o plenário, e facilitar o acesso dos deputados do Centrão, o maior bloco da Câmara, a cargos e verbas do governo. Portanto, o deputado federal por Goiás Delegado Waldir (PSL), em entrevista ao jornalista Guilherme Mazieiro, do Intercept Brasi revelou, a promessa de R$ 10 milhões em emendas do orçamento secreto para cada deputado que votasse em Lira.
Em entrevista ao jornalista Guilherme, Delegado Waldir diz ter recebido a oferta de R$ 10 milhões em emendas em troca do voto em Lira. Pode ter sido até mais. Waldir, em dado momento da conversa, disse que outros R$ 10 milhões foram acordados no mesmo período, mas ele não soube precisar se também em troca do voto em Lira ou da aprovação de algum outro projeto à época.
Conforme reportagem do Intercept Brasil, os deputados costumam evitar o assunto, e nem se quer comentam sobre valores, ainda que a presidência do Senado tenha admitido o uso do orçamento secreto para comprar apoio político em ofício enviado ao STF.
Durante entrevista, Delegado Waldir disse que, com as emendas do relator, o controle dos investimentos do governo federal saiu dos ministérios e ficou concentrado nas mãos de Lira e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD de Minas Gerais.
Waldir ainda afirma: “Ele é quem carrega o governo. Quem manda no governo hoje é o Lira. Não é o Bolsonaro, é o Lira”, ressalta.
Em determinado momento, Waldir cita o nome do deputado federal Vitor Hugo (PSL), delegado Waldir afirma que o deputado recebeu R$ 300 milhões em emendas secretas. O delegado ainda reforçou que outros deputados da oposição também receberam verbas do orçamento secreto após negociações com Lira.
Delegado Waldir disse ainda que, ao votar a favor da reforma da Previdência, em 2019, cada parlamentar teria direito a R$ 20 milhões em recursos do governo federal. Como líder do PSL, Waldir levou o dobro do valor. Como na época ainda não existia a emenda de relator, o dinheiro seria liberado pelo governo federal a partir de verbas de uso discricionário, ou seja, em que o Executivo pode decidir a aplicação.
De acordo com delegado Waldir, ele não recebeu os valores negociados. Toda verba foi bloqueada após uma racha no PSL, em 2019. Conforme reportagem do Interceptor Brasil, em outubro do mesmo ano, a bancada do PSL estava em uma guerra interna. No entanto, delgado Waldir acusou Bolsonaro de ter destruído sua liderança para colocar o filho, Eduardo Bolsonaro. Tanto que, durante uma reunião interna, delegado Waldir chama o presidente Bolsonaro de ‘vagabundo’.
Segundo delegado Waldir, nessa época Eduardo Bolsonaro e Vitor Hugo, que era líder do governo, e em razão de seu desentendimento com o presidente, barraram o pagamento [os valores combinados]. Segundo Waldir, ele foi o único líder que não recebeu nenhum centavo.
As informações são do jornal O Intercept Brasil deste sábado (20)
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