A pesquisa Serpes divulgada pelo jornal O Popular domingo, 14, revela que há um forte sentimento de mudança entre o eleitorado goiano. No cenário principal do levantamento, em que todos os possíveis nomes para a disputa eleitoral são colocados juntos, os pré-candidatos de oposição somados alcançam mais que o dobro das intenções de voto dadas ao governador Marconi Perillo (PSDB), provável candidato à reeleição. Nos demais cenários, com menos nomes, os oposicionistas também abrem vantagem.
Mesmo com a enorme exposição que tem como chefe do Executivo, com uma agenda pesada de viagens ao interior, inaugurações e participações nas edições do Governo Itinerante, o governador Marconi Perillo não consegue deslanchar na corrida pelo Palácio das Esmeraldas. Ao contrário, os desgastes do tucano estão explicitados na pesquisa. No melhor cenário, sem a concorrência do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), o tucano alcança 38%.
Há que se pontuar que nas condições enfrentadas por Marconi no último ano, de extremo desgaste, qualquer outro político estaria fora do jogo, completamente morto. Ele, mesmo com dificuldades, segue vivo, com poder de participar ou ao menos interferir na disputa.
Com Iris, os números de Marconi recuam e a liderança na pesquisa Serpes/O Popular passa a ser do peemedebista, seu principal oponente. Se forem somados o os porcentuais de Vanderlan Cardoso (PSB) ou Ronaldo Caiado (DEM), os nomes da terceira via, a vantagem oposicionista sobre o governador passa a ser ainda mais expressiva.
No cenário que testa todos os nomes juntos (irreal do ponto de vista eleitoral), o tucano tem 25,7% e seus adversários somados chegam a 53,2% – Iris Rezende (24,5%), Vanderlan Cardoso (9%), Ronaldo Caiado (6,5%), Antônio Gomide (6%), Júnior do Friboi (4,7%), Paulo Garcia (1,5%) e Samuel Belchior (1%). Nesse cenário geral, Marconi tem apenas 13,1% dos votos em Goiânia, demonstrando que o viés oposicionista da capital está ainda mais cristalizado.
Dificuldade
A grande dificuldade da oposição em Goiás hoje é chegar a um nome para enfrentar o governador Marconi Perillo. E a pesquisa tende a dificultar ainda mais essa definição. Por um lado, Iris Rezende é o nome mais bem colocado na oposição. O único a aparecer à frente do tucano. Mas o peemedebista, que disputou a eleição contra Marconi em 2010, teria de ter uma vantagem consolidada para evitar questionamentos e bancar nova postulação.
Iris é contestado até mesmo no PMDB. O empresário Júnior do Friboi é a alternativa ao ex-prefeito. Júnior do Friboi tem 4,7% em um cenário geral, enfrentando nomes já testados nas urnas e com recall muito maior. Ou seja, o porcentual também é animador para o novo peemedebista.
Ainda que os números não façam de Iris um candidato natural, ele tem índices que variam entre 24,5% e 35%, mesmo praticamente sem aparecer no últimos meses. Por isso, não há como a definição de candidatura ao governo da oposição não passar pelo líder peemedebista.
Fora do PMDB, outros nomes também se destacam. O empresário Vanderlan Cardoso tem 9% no cenário geral e chega a 20,6% em uma cartela testada sem Iris. Os números do ex-prefeito de Senador Canedo, que disputou o governo em 2010, também conferem a ele peso na definição da chapa das oposições. Mesmo se bancar uma terceira via, sem PMDB e PT, Vanderlan tem potencial para começar a disputa com índices interessantes.
O prefeito de Anápolis Antônio Gomide também se posicionou bem na pesquisa Serpes/O Popular. Com 6% das intenções de voto, o petista tem quatro vezes mais indicações do que seu colega de partido, o prefeito de Goiânia Paulo Garcia (1,5%), mesmo administrando uma cidade com um número bem menor de eleitores. Internamente, o PT trabalha com a possibilidade de bancar Gomide.
Com números animadores para tantos possíveis candidatos, a dificuldade será chegar ao consenso e definir uma candidatura única para enfrentar Marconi Perillo. Quem vai ceder? Quem vai abrir mão ou aceitar compor a chapa em outras posições (vice ou Senado)? Tempo para que essa composição seja construída existe. Resta saber se haverá vontade e desprendimento. Os números do Serpes mostram que com a oposição dividida, Marconi ganha sobrevida.
Base aliada
O que se viu ao longo do domingo foi governistas comemorando os números da pesquisa Serpes/O Popular. Não que os números de Marconi sejam animadores ou mesmo tenham alguma semelhança com índices que o tucano já conquistou em eleições passadas – em 2010, o tucano jamais deixou de ser líder.
A comemoração governista se dá basicamente por dois motivos: primeiro, a situação é menos pior do que se supunha. Nos bastidores havia relatos de pesquisas que mostravam o tucano em desvantagem maior. Na primeira divulgada, que balizará as articulações e chegará ao eleitor, o cenário é de competitividade.
O outro ponto é que a pesquisa, apesar de fomentar a possibilidade de um nome novo, mostra que na base do governo não há hoje alternativa viável a Marconi. Ou seja, ainda há expectativa de poder em torno do tucano, o que é fundamental para que ele consiga manter o controle de seu governo e sobre aliados até o ano que vem. Diante do cenário atual, não é pouco.