Por Cileide Alves, originalmente publicado no Blog
Há uma semana, perguntei “Quem vai para o segundo turno em Goiânia?” A resposta está na pesquisa Serpes/O POPULAR divulgada neste domingo.
O candidato a prefeito de Goiânia, Vanderlan Cardoso (PSB), subiu quatro pontos porcentuais na pesquisa Serpes/O POPULAR divulgada neste domingo (11). Entretanto, a distância entre Iris Rezende (PMDB) da soma das intenções de votos de todos os seus adversários ficou praticamente a mesma. Era de 5,9 pontos porcentuais na pesquisa divulgada domingo (4) e agora está em 5,2 pontos porque, coincidentemente, o deputado Waldir Soares (PR) perdeu os mesmos quatro pontos que Vanderlan ganhou.
Apesar de estável, essa diferença entre Iris e os demais indica que haverá segundo turno em Goiânia, dúvida que havia há uma semana. Isso porque as intenções de voto do peemedebista permanecem estáveis há três rodadas da pesquisa, enquanto a curva de Vanderlan é ascendente. Portanto, é possível afirmar que se a eleição fosse hoje haveria segundo turno.
A segunda informação relevante desta pesquisa é a indicação de quem vai disputar o segundo turno. Na rodada da semana passada a queda do delegado Waldir e o crescimento de Vanderlan estavam dentro da margem de erro. Era estatisticamente impossível afirmar, com certeza, quem estava em segundo lugar.
As curvas dos dois candidatos já indicavam queda do delegado Waldir e crescimento de Vanderlan. Mas ainda era necessária mais uma pesquisa para confirmar o viés de queda de um e de crescimento de outro, pois a diferença entre os dois era de apenas 1 ponto porcentual. Na pesquisa deste domingo, essa diferença subiu para 9 pontos porcentuais. Não resta dúvida de que Vanderlan passou Waldir e se essa tendência se mantiver o candidato do PSB está no segundo turno.
A queda acentuada do delegado Waldir é surpresa apenas para ele, que diz duvidar das pesquisas eleitorais, porque confia em sua relação com o eleitorado nas ruas, onde é “muito bem tratado”. O delegado acredita fortemente que a eleição majoritária é igual à proporcional. Assim, como ele ganhou a eleição para deputado federal com uma votação expressiva (foi o deputado federal mais votado da história de Goiás até o momento), fazendo corpo a corpo nas ruas e um forte trabalho no Facebook, o mesmo aconteceria na campanha para prefeito.
Esse foi seu primeiro erro de avaliação político-eleitoral. Eleição proporcional é muito diferente da majoritária. Na primeira o candidato pode fazer campanha sozinho, sem grupos de apoio. A majoritária é diferente. O candidato precisa de uma rede de apoio, de lideranças políticas que massifiquem seu nome nas ruas e de alianças partidárias para ter um bom tempo no horário eleitoral gratuito.
O delegado não conseguiu formar uma coligação forte e dispensou apoios, outro grande erro. Faz campanha solitariamente, dispensando os candidatos a vereador e até mesmo sua candidata a vice-prefeito, a ex-vereadora Rose Cruvinel. Até o momento, Rose apareceu apenas em cenas da propaganda eleitoral na TV, como se fosse uma eleitora qualquer. O delegado é a única liderança política com voz em seu programa.
O candidato do PR também erra por acreditar que seu sucesso no Facebook vai se transformar em votos. Seus 645 mil seguidores na rede social não são seus eleitores naturais. E por motivos variados, inclusive porque ele tornou-se uma celebridade por seu estilo pitoresco de fazer política e de se comunicar com o eleitor e isso atrai seguidores, nem sempre eleitores.
A julgar pelas pesquisas, nas quais o delegado não acredita, ele não conquistou a confiança do eleitor. Antes do início do horário eleitoral gratuito ele registrou seu maior índice de intenções de voto, mas foi perdendo à medida que se tornou mais conhecido. Na primeira pesquisa Serpes, em junho, tinha 22,4% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Iris Rezende.
Em 26 de agosto, quando começou o horário eleitoral gratuito, ele estava com 19,3%. Caiu para 16% depois de uma semana de propaganda no rádio e na TV e agora, para 12,1%. O delegado faz propostas sem lastros com a realidade financeira do município (como a construção de três hospitais em Goiânia) e termina seu programa com o mesmo bordão: “Pode confiar”. Pelo visto, o eleitor não confia mais, pois já perdeu as contas de quantas vezes confiou e foi traído por promessas não cumpridas.
Líder das pesquisas eleitorais, Iris Rezende também terá de enfrentar as novidades que surgiram na pesquisa se não quiser correr o risco de fazer feio no primeiro turno. Suas intenções de voto estão estáveis há três semanas. Já Vanderlan Cardoso, agora seu principal adversário, cresceu seguidamente. Há duas semanas Vanderlan subiu três pontos porcentuais e nesta última, mais quatro pontos. Portanto, se Iris continuar sem reação e Vanderlan em alta, daqui a duas semanas o quadro eleitoral de Goiânia poderá ser bem diferente. E Iris já viu este filme antes.
Cileide Alves é jornalista, apresenta o quadro “Orientação Eelitoral Gratuita”, na @radio730
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