22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 16/11/2013 às 08:50

Quem tem medo de Marconi X Iris?

Por Vassil Oliveira, originalmente publicado no Tribuna do Planalto.

As pesquisas indicam, os fatos por ora conspiram nessa direção, a boca miúda promove: está pintando mais uma final entre Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB) na disputa pelo governo de Goiás.

Opostos no campo político, Marconi e Iris se atraem.

Desde 1998, o tucano tem levado vantagem. Mas no ano que vem, se o embate realmente acontecer, haverá elementos novos que colocarão a disputa em um outro patamar.

Um deles: o governador Marconi Perillo estará completando um ciclo de 16 anos direta ou indiretamente no poder, mesmo tempo de Iris Rezende quando foi derrotado.

De lá para cá, o primeiro sofreu desgastes, passou por denúncias de repercussão nacional, balançou, resistiu. O segundo, foi para o ostracismo, renasceu como prefeito de Goiânia em 2004, perdeu mais uma para o governo, não desistiu.

Ou porque não deixaram, ou porque ninguém teve competência para se estabelecer, o tempo fez com que não houvesse e não haja sombra a qualquer dos dois em seus grupos políticos.

É assim que despontam como pré-candidatos. Pelo menos por agora.

E o que vão combater em 2014?

Vão lutar pela história, para ver quem fez mais obras, mais asfalto, mais pela educação, quem tem mais a explicar ao povo, quem é o melhor.

Para muitos, esta é uma disputa de egos. Deveriam simplesmente, e magnanimamente, abrir espaço para os novos. Sim. Mas aí não seriam políticos. Nem teriam chegado onde chegaram.

Nem Marconi, nem Iris dão qualquer demonstração de que serão algum dia coadjuvantes. Deixam claro outra coisa: não só querem ser candidatos, como se mostram claramente estimulados por mais um duelo ao por sol do cerrado eleitoral.

Essa rivalidade tem eco no imaginário goiano. Por mais que se discurse a favor de que ambos deveriam dar espaço à renovação, a perspectiva de mais um combate, certamente o último, o derradeiro, o juízo final, acende o interesse e aguça os instintos.

É assunto de todas as rodas e apostas acaloradas, típicas das causas passionais.

Pior será para Goiás se a guerra for mesmo na linha que se apresenta: a do olho no retrovisor. Pior para eles também, se ficarem cegos para a realidade, como se o mundo, e Goiás, se resumisse aos dois.

Uma velha guerra de velhos inimigos é só mais uma.

É nisso que Vanderlan Cardoso (PSB) aposta, como atestam as insistentes declarações de irredutibilidade de sua candidatura. Ele sonha ser a alternativa a essa recorrente polarização que toma conta do Estado há 30 anos.

Uma esperança, registra a história, já que ‘terceira via’ é mais uma de tantas promessas não cumpridas das eleições goianas.

Velha máxima da política ensina que eleitor não vota em passado, vota no futuro.

O que Marconi e Iris vão propor à população, cansada – ou será que não? – de vê-los no palanque? O que eles têm de novo a apresentar? O que vão prometer que fisgará o eleitor mais uma vez? Como vão reavivar o sentimento popular, em relação a ele, de forma positiva?

Este é o ponto de uma guerra que chama a atenção pelo aspecto pessoal, mas que principalmente carrega algo maior: o que os goianos querem para o seu Estado hoje e amanhã.

Talvez o medo seja não o de se rever um filme velho, porque até os velhos filmes têm seu encanto e suas lições.

O medo pode simplesmente ser o de que tudo não passe de mais do mesmo.

Marconi X Iris, ou Iris X Marconi, é final dos sonhos. Mas pode ser apenas final dos tempos.

Que não seja, ao menos, final dos tempos para Goiás.

Motes da campanha: o novo velho

Os três principais candidatos a presidente da República já mostraram como vão embalar a pré-campanha. No discurso, palavras bonitas; na prática, nada de novo.

Dilma (PT) entoa que “fez, faz e fará muito mais”. Eduardo Campos (PSB) já anunciou: “é possível fazer mais, diferente”. E Aécio Neves aposta no chamamento à razão, ao estilo mineiro: “Vamos conversar?”

Em Goiás, o ‘fez, faz e fará’ foi mote da campanha da senadora Lúcia Vânia (PSDB) em 1994, quando disputou o governo. O peemedebista Iris Rezende também usou-o. E muitos outros candidatos país afora.

‘Diferente’ foi a palavra-chave da campanha de Vanderlan Cardoso ao governo em 2010. E que hoje é usada para tentar desqualificá-lo, sob o argumento de que ele se apresenta como diferente, porém não passa de mais um, igual a todos.

A chamada para conversação tem um charme, porque pressupõe envolvimento popular, intimidade. Me faz lembrar do ‘Nion, esse é bom’, muito forte na vitória de Nion Albernaz pela a prefeitura de Goiânia em 1996. Nion chamava para ele o cidadão, e nas ruas emendava o discurso com um abraço largo, apertado, enquanto falava ao ouvido, como Aécio parece querer fazer.

Na eleição que tanto se fala em ‘novo’, a novidade é velha. Logo… Não seria o velho o novo?