Não há dúvidas de que a Química oferece melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nossa ciência contribuiu para os maiores avanços da civilização, entre eles, permitiu tornar a água potável, aprimorar medicamentos, desenvolver cosméticos e produtos de higiene pessoal, desenvolveu novas tecnologias, além de contribuir para o aumento na produção de alimentos.
Com o silicone, um polímero constituído por cadeias de silício e oxigênio, com grupos orgânicos ligados aos átomos de silício, não é diferente. Mais de mil estudos realizados em laboratório e no campo, nos últimos 35 anos, mostram que o silicone, em suas múltiplas formas de uso (pastas, óleos e borrachas), não oferece risco significativos à saúde e ao meio ambiente, nem às áreas onde estão instaladas as plantas industriais.
No entanto, com uma renda per capita de US$ 12 mil, o consumo de silicone no Brasil oscila entre 200 a 300 gramas por habitante, bem inferior ao registrado em países mais ricos. O uso de silicone é maior em países com PIB mais elevado, com alto desenvolvimento tecnológico. No Japão e nos Estados Unidos, que têm renda per capita ao redor de US$ 50 mil, o consumo atinge um quilo. O crescimento da renda, qualidade de vida e desenvolvimento econômico são primordiais para alavancar os negócios.
A versatilidade, possibilidade de inovação e a segurança do silicone possibilitam que ele seja usado em todas as fases da vida, desde os recém-nascidos até a chamada terceira idade. Por ser um material atóxico, oferece segurança para o bebê, pois objetos feitos de silicone não deformam, além de serem flexíveis e de fácil de higienização.
Uniformes escolares e roupas também têm silicone nos fios do tecido. Como o silicone é um produto inerte, as cores das estampas permanecem vivas e não desbotam com as lavagens. O efeito do silicone trata os tecidos, conferindo-lhes maior maciez e flexibilidade. O produto permite, ainda, a transpiração pelo tecido.
Ele está presente também nos esportes. Além das roupas, existe uma infinidade de material esportivo que levam o produto, como óculos, touca de natação e calçados (neste caso o silicone está na borracha e nos amortecedores, garantindo maior segurança e conforto para o atleta).
Na tecnologia, ajuda a aumentar a performance e a durabilidade dos aparelhos eletroeletrônicos. Os componentes eletrônicos são, por vezes, envoltos em silicone para aumentar a estabilidade contra choques elétricos, radiação e vibração. São encontrados em acessórios para celulares e computadores, como capas e teclados, relógios de pulso e por aí vai…
Na indústria cosmética, onde ele recebe o nome de dimeticone, e é essencial para a boa lubrificação e o efeito anti-frizz, serve para facilitar o espalhamento dos produtos na pele sem obstrução dos poros. Ajuda a melhorar as propriedades de hidratação de protetores solares, cremes hidratantes, xampus, condicionadores, reparadores de pontas dos cabelos e maquiagens. Mais de 50% dos produtos de cuidados com a pele recém-lançados contêm silicones. No Brasil, o setor é um dos três principais mercados de silicones (os outros dois são construção civil e indústria automobilística).
Sem silicone, a indústria automobilística também não teria se desenvolvido tanto. O material aparece em praticamente todas as partes do veículo: vedação de janelas, portas, para-brisas, retrovisores entre outros. Por ser resistente ao calor, a solventes e devido às suas propriedades mecânicas específicas, é usado nos airbags, nas partes elétricas e em peças próximas ao motor.
Por ser resistente ao calor e ao frio, em geral, aparece também na cozinha. Utensílios com silicone podem ir da geladeira ao forno. Luvas de forno de silicone, por exemplo, são capazes de suportar temperaturas de até 260°C.
Na construção civil, o silicone aumenta o tempo de vida útil das tintas e impede que tijolos, concreto, telhas, rejuntes e pedras naturais absorvam água, permitindo a saída de vapores, evitando infiltrações.
Uma das principais características que fazem do silicone uma substância essencial para uso médico é o fato de ter alta inércia química, assim, não causa reações alérgicas ou inflamatórias quando em contato com os tecidos humanos. Próteses feitas com borracha de silicone garantem amortecimento e conforto, não deformam e são fáceis de esterilizar. Na odontologia, os elásticos utilizados em aparelhos dentários e moldes de próteses dentárias são alguns dos usos.
Wilson Botter Júnior é presidente do Conselho Regional de Química da 12ª Região (CRQ-XII)