30 de agosto de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 18/10/2012 às 02:17

Serra dá aula do que não se deve fazer em entrevistas

De uns tempos para cá venho ouvindo alguns colegas pregarem que é preciso criar em Goiás a cultura da comunicação. É que a maioria dos  candidatos e gestores se mostra despreparada para entender e aceitar que a comunicação é tudo e mais um pouco na vida pública.

É verdade que ainda é grande o despreparo dos nossos candidatos e gestores para se comunicarem com seus públicos-alvos: eleitores e usuários do serviço público. Mas o que dizer de candidatos experimentados como José Serra cometerem deslizes no relacionamento com a imprensa?

Só essa semana o tucano cometeu duas grandes gafes. Na terça, 16, em entrevista à Rádio CBN, Serra chamou o jornalista Kennedy Alencar de mentiroso porque se irritou com a comparação do kit gay” , lançado pelo Ministério da Educação durante a gestão de Fernando Haddad com a cartilha contra homofobia, produzida pelo Estado de São Paulo. O candidato disse que o jornalista não leu a cartilha tucana. Leia no Comunique-se.

Serra infringiu as regras básicas do bom relacionamento com a imprensa e com jornalistas. Foi agressivo, deselegante, impaciente e tudo o que uma fonte não deve ser, principalmente em plena campanha política.

No outro dia, na quarta 18, ele repetiu a dose em uma entrevista coletiva. O repórter quis saber sobre as políticas para o combate à homofobia em São Paulo. O candidato ignorou solenemente a pergunta e o repórter com um “vamos seguir adiante!”. 

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Ao cometer um erro clássico, o de apelar com perguntas, o candidato transmite informações que atingem em cheio a sua imagem. Ao invés de ocupar espaço com propostas vai ganhar notícia negativa por mais uns dias.

É que além de demonstrar despreparo, situação que nem deveria ocorrer com um ex-candidato à presidência da República, Serra conquista a antipatia da imprensa e por tabela, do eleitor. Ainda ficará com fama de que não tem paciência para discutir o combate à homofobia. Não há dúvidas de que a tendência, neste caso, é cair ainda mais nas pesquisas eleitorais.

Se acontece com Serra, imagine com outros porta-vozes menos experimentados! O caminho, portanto, é a preparação contínua para transformar um assunto negativo em oportunidade de exposição positiva. Não é fácil, mas é só uma questão de preparação e vigília constante.


Elizeth Araújo é jornalista e diretora de Comunicação da Araújo & Associados Comunicação Estratégica

@elizetharaujo

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