O que vivenciamos no momento com relação a Saúde Mental leva-nos a entender que há uma urgência em criarmos estratégias eficientes para lidarmos com o sofrimento psíquico reflexo, do contexto social em que vivemos.
Com a pandemia houve um crescimento considerável na busca por ajuda para manutenção ou estabilização da saúde mental. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa preocupação é global como fator de risco para todos e não somente para quem apresenta diagnóstico de doença mental, como foi muito pensado no passado, em que havia uma ideia de que não estar bem emocionalmente era coisa de “louco”.
Se antes tínhamos certo pudor em falar sobre o sofrimento que nos aflige, em forma de pensamento, de falta de motivação, de cansaço mental, irritação, muitas vezes colocado como “falta de ânimo”, estamos agora diante da realidade de que qualquer um está suscetível ao adoecimento. O adoecer psíquico é uma resposta natural ao estado de insegurança que sentimos frente ao que vivemos.
A boa notícia é de que em momentos como esses fica evidente a importância de uma ação coletiva. Ou seja, cada um fazendo a sua parte por si e pelo outro que está ao seu lado, seja esse outro parceiro amoroso, amigo, familiar, colega de trabalho. Um esforço em conjunto para entender que há uma necessidade de nos apoiarmos para proporcionar equilíbrio ao ambiente. E que não precisa mais disfarçar estar bem quando não se está. Agora fala-se abertamente sobre crises de ansiedade, de um sentimento de vazio ou até mesmo de uma crise de pânico, dentre outros sintomas.
Nas escolas, empresas, relacionamentos e em todos os espaços que ocupamos é crescente a busca por informações, tentando entender a melhor forma para lidar com a situação. Afinal, ficou mais fácil perceber que a mente é um lugar poderoso que precisa de cuidado, que temos um mundo particular dentro de nós, que precisa ser cuidado e estar bem alinhado com a realidade externa. O contrário disso pode gerar um grande transtorno na vida de quem adoece e ainda com reflexo ao meio ao qual faz parte.
A falta de previsibilidade, o excesso de informações, de trabalho, de situações estressantes causam uma sobrecarga mental, que precisa ser avaliada do ponto de vista de valer a pena ou não. Muitas mudanças, situações que antes pareciam ser mais duradouras, escancaram a nossa vulnerabilidade humana, que pede um pouco mais de tempo para se adaptar, aprender, deixar ir embora as relações, empregos, amigos. De repente o se apegar e o desapegar passaram a não ter separação, acontecendo tudo ao mesmo tempo.
Para manter-se saudável mentalmente é preciso se sentir seguro e ter qualidade de vida. Entendendo que o contexto em que vivemos e as mudanças na forma de viver em sociedade impactam a saúde mental. O que precisamos é desenvolver uma capacidade o quanto mais forte possível de leitura de nós mesmos. Frente a situações de instabilidade emocional é necessário perceber sentimentos e pensamentos e, o quanto isso impacta o nosso comportamento.
Autoconhecimento, o desenvolvimento ou reforço da capacidade de se autorregular, aprender o tempo de respirar, a melhor forma de se retirar de situações que geram um desgaste emocional será o diferencial. Isso tudo combinado com a busca por ajuda, sempre que se perceber vulnerável, evitando prejuízos que levem a perdas, tais como de relações, profissional, financeira ou de qualquer outra ordem. São dois comportamentos importantes que precisam ser desenvolvidos o quanto antes: prevenção e cuidado.
O fato é que de certa forma não há mais a escolha de não se cuidar. Sendo de qualquer classe social, idade ou gênero, todos indistintamente precisamos pensar na melhor maneira de viver. É importante dar atenção para detalhes que vão desde cuidar da alimentação, da qualidade do sono, da qualidade das relações, da escolha do ambiente de trabalho, até em quem depositamos nossas expectativas amorosas, uma vez que tudo que faz parte da vida pode interferir na qualidade da nossa saúde mental.
Aprender a observar-se, a conhecer mais de si, do que incomoda, dos próprios limites, da capacidade de lidar com situações difíceis levam tanto para o caminho da prevenção, quanto para o caminho do tratamento. Independente do que lhe acontecer, e de como se sentir, o primeiro e mais importante passo a ser dado é em direção a se conhecer.
Ninguém melhor do que você será capaz de entender sobre suas necessidades. Portanto, cuide-se! Cuidar da mente é cuidar da vida!
Denise Nascimento é psicóloga (CRP 09/013416), com atuação na área Clínica e Organizacional, bacharela em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira, MBA em Desenvolvimento de Pessoas pelo Centro Universitário Alves Faria, Formação em Coordenação de Grupos pela SOBRAP – GO, Formação em Filosofia Sistêmica Familiar, Especialista em Psicologia Clínica. Formação Internacional em Coaching – pela PCA (Professional Coaching Alliance – SLAC). Fundadora e CEO da Singular - Potencialização de Pessoas.